José Pacheco Pereira no Público de 26 de Março:
A ideia de gloriosas rupturas, buscada sem rigor histórico no exemplo das rupturas de Sá Carneiro, esquece que hoje as condicionantes fundamentais da acção política estão fora de Portugal, e que o país para conseguir coisas tão mínimas como combustíveis para os seus automóveis, rações para os seus animais, medicamentos para os seus hospitais, e salários para os seus funcionários depende de ir pedir dinheiro emprestado, que cada vez mais escasseia. E esquece que o "governo económico-financeiro" passou para Berlim e Bruxelas e que as mesmas condicionantes que o PS tem hoje terá o PSD amanhã, ou piores ainda. Nesta crise de longa duração e muito dura, nem o PS consegue governar contra o PSD, nem o PSD o consegue contra o PS, e isto é tão evidente quanto está ausente da acção político-partidária. Mas no meio desta cegueira e da corrida de bandeirinhas rosa e laranja que se prepara, a nossa democracia depende desse entendimento.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
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2 comentários:
Eis um depoimento realista, baseado na verdade dos factos, mas como acontece quase sempre nestes casos, com poucas possibilidades de suscitar acção política.
A verdade assim, nua e crua, não entusiasma à acção, não é potência que se desenvolva em acto.
Talvez devido à sua própria evidência, a verdade a que alude P.P. esteja "ausente da acção político-partidária".
No entanto, é de registar a coragem necessária para dizer a verdade nestas circunstâncias.
É que, segundo Platão no final da Alegoria da Caverna, se pudessem, os cidadãos matariam aquele que procurasse libertá-los da falsidade e da ilusão. Curiosamente, é sobre isto que tenho vindo a ler ultimamente: Hanna Arendt, "Verdade e Plítica", 1995, Lisboa, Relógio d'Água. Um bom livro que recomendo.
- Isabel X -
Ao comentar o asunto deste post, escolhi abordá-lo quanto à perspectiva da verdade que encerra. Mas só agora (horas depois), me lembrei de que hoje é dia das mentiras!
Nem de propósito...
- Isabel X -
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