Se hoje os jovens não sabem o que fazer, não é por falta de objectivos. Qualquer conversa com estudantes mais velhos ou com crianças de escola revela um rol de ansiedades assustador. Na verdade, a nova geração está vivamente preocupada com o mundo que vai herdar. Mas o que acompanha esses medos é um sentimento geral de frustração: nós sabemos que algo está mal e há muita coisa de que não gostamos. Mas no que é que podemos acreditar? O que deveríamos fazer?
É uma reviravolta irónica das atitudes de outra época. Na era dos dogmas radicais confiantes, os jovens não tinham muitas incertezas. O tom característico dos anos 60 era de presunção: nós sabíamos mesmo como consertar o mundo. Esta nota de arrogância sem mérito foi em parte responsável pelo contra-ataque reaccionário que se seguiu; se a esquerda quiser recuperar o seu destino, será conveniente alguma humildade. Mesmo assim, quando se quer resolver um problema é preciso ser capaz de o nomear.
Tony Judt, Um Tratado Sobre os Nossos Actuais Descontentamentos.Lisboa, Edições 70, 2010. p. 19
terça-feira, 16 de novembro de 2010
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1 comentário:
Com relação ao jovem entre tantas, o desencanto parte pelo afastamento da identidade natural, há uma memória de isntinto que frustra seus dias ao conflito para o ser social.
Quando nascemos, somos apenas desbravadores de causas. Há de se renascer, todos os dias por uma causa, qualquer causa.
E, Para reflectir, por onde anda a humildade, ou o fato de recuperá-la...
Diogo Costa da Atlas Economic Research Foundation, comenta:
Um recente estudo do economista James Rockey da Universidade de Leicester concluiu que os eleitores são menos de esquerda do que se dizem. A pesquisa revelou que, ao serem questionadas sobre assuntos específicos, pessoas auto identificadas de esquerda oferecem respostas mais liberais ou conservadoras. Por exemplo, em vez de defenderem a igualdade econômica, como seria esperado, os supostos esquerdistas consideram justo o pagamento diferenciado para pessoas mais eficientes em suas ocupações. Dos 280.000 entrevistados em 84 países, “os mais educados em média acreditam ser mais de esquerda do que suas crenças em assuntos substantivos parecem sugerir”.
Esse é mais um diagnóstico da ignorância racional crônica (ou pura irracionalidade, como sugere Kaplan) que afeta os eleitores de qualquer democracia. Se fossem mais bem informados, provavelmente uma parcela significativa do eleitorado não votaria em alinhamento com os partidos de esquerda.
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