quarta-feira, 3 de novembro de 2010
O Milagre Segundo Salomé
No termo do ciclo de cinema e tertúlia “A Primeira República no Cinema” o que ocorre dizer, em primeiro lugar é que a qualidade literária do argumento – José Rodrigues Miguéis – e do guião – Carlos Saboga – marcam e distinguem o filme de Mário Barroso. No comentário de João Lopes, salienta-se que o cineasta “aposta na possibilidade de a nossa relação cinematográfica com a história ser um exercício que combina a transparência de algumas memórias com os sinais ambíguos dos seus fantasmas”. O nexo com a história é neste filme mais ténue do que no romance em que se inspirou. As histórias tecidas em torno da figura de Salomé são em primeiro lugar histórias de amor, porventura a mais “improvável” categoria de histórias. João Lopes refere-se à “vulnerabilidade” do amor, para identificar esta obra de Mário Barroso como “um filme sobre o valor politico do amor, quer dizer, sobre a sua funesta impossibilidade”. Mas de facto, Salomé morre às mãos de um tenente que a persegue, desde o passado, e que não suporta o voo da mulher por quem se sente obcecado. O assassinato tem um valor simbólico: é a liberdade, vista pelo ângulo de uma sociedade dinâmica mas indefesa, que cai às mãos do tresloucado militar.
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1 comentário:
Desde que soube da realização deste ciclo de cinema, foi este o filme que mais me interessou, isto é, que tive mais pena de não poder ver. E de não assistir à respectiva tertúlia também.
Esta reportagem deixa-me algo perplexa. E com mais vontade de ver o filme em causa.
- Isabel X -
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