Fernando Catroga, no Público de hoje:
A tomada revolucionária do poder é sempre uma comprovação (e provação) para a expectativa utópica que a impulsiona. E a republicana não foi fugiu à regra. As divergências logo apareceram, tanto mais que aquela foi obra de uma frente (envolvendo sectores anarquistas, socialistas e até a conivência de importantes monárquicos dissidentes) congregada à volta de um programa mínimo - a mudança de regime e a laicização do Estado. Por outro lado, as várias facções do Partido Republicano irão formar grupos políticos próprios. E ter-se-á de lembrar que o revolucionarismo liberal e republicano sempre pensou o novo como uma regeneração, ou como uma renascença. Além disso, o vencedor de 1910 usava a história para provar que a sua revolução integrava as revoluções anteriores, mas para as superar. Ora, a estas características deve acrescentar-se uma outra: as persistências e resistências, de fundo estrutural. Daí, a impossibilidade de se assinalar mudanças, sem se falar de continuidades.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
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1 comentário:
Mudar é em si mesmo um valor, mesmo que uma impossibilidade (ou por isso mesmo?).
Não há contrários, como quer a dialéctica, que se oponham para criar uma nova realidade.
A realidade vai-se sempre construindo com aquilo que há, que persiste, que se altera, mas não segundo a nossa vontade, por mais voluntaristas que sejamos!
Mas é positivo acreditar que podemos mudar a realidade, o mundo, os regimes políticos, através da nossa acção solidária e organizada!
Mesmo que com erros de cálculo ou simples falta de cálculo, como terá sucedido aos generosos e patriotas republicanos de cinco de Outubro de 1910!
- Isabel X -
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