1º No clamor dos acontecimentos, possibilidades esgotam-se, o que pode fazer a diferença... Aprendemos. – Tudo é história. 2º “Todo seu mandato reflectiu nesta marca genética.” Aos que entendem; Vossa clareza, revela faces de grande importância. Parabéns, pela exposição Prof. João Bonifácio Serra. 3º Previsível ou não, as pessoas têm através de exposições deste nível, um potencial de reconhecimento dos actos, diante de acertos e erros. Mas a diferença de um julgamento de conclusão e fé, mora em personagens que conseguem trafegar, por uma mítica dessas acções, onde a trajetória do conhecimento permite elevar o pensamento a um tempo de presença contínua.
Li este texto com toda a atenção. Algumas das situações vividas após o 5 de Outubro de 1910 em Portugal e das opções políticas então tomadas em face das circunstâncias internas (os perigos decorrentes da adesivagem e da radicalização de posições que poderia ocorrer na sociedade portuguesa aparentemente tão apática) e externas (as pressões de uma Europa predominantemente monárquica para que o regime legitimasse a acção revolucionária pelo voto), são aqui expostas de um modo claro e muito esclarecedor.
Há revelações "bombásticas", como a de a Assembleia Constituinte se ter auto-transformado em Congresso, distribuindo os respectivos membros pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Destaco ainda aplicação do conceito de "coligação negativa" instaurada na Constituinte e da consequente inoperacionalidade do respectivo funcionamento.
O facto de o mandato do Presidente da República não derivar do sufrágio eleitoral directo, mas do voto dos congressista é, parece-me, outra fragilidade a apontar ao regime.
Além de que o próprio princípio da representatividade era posto em causa pela exiguidade do corpo eleitoral e pela dispensa da realização de eleições em grande parte dos círculos eleitorais em 1911.
Assim se conclui que o modo como evoluiu o regime republicano em Portugal conta com muitos mais detalhes e factores a ter em conta do que a simples invocação do excesso de parlamentarismo e consequente instabilidade do regime tão insistentemente propalados nos manuais de História, desde há tantos anos.
Se para outra coisa não servirem, as comemorações do centenário da implantação da república estão plenamente justificadas pelos estudos que têm despoletado e de que este, aqui apresentado, constitui exemplo dos mais fecundos.
Agradeço-lhe esta lição histórica, João. É um prazer lê-lo e aprender consigo.
2 comentários:
Se vos permite, são três fatores à comentar:
1º No clamor dos acontecimentos, possibilidades esgotam-se, o que pode fazer a diferença... Aprendemos. – Tudo é história.
2º “Todo seu mandato reflectiu nesta marca genética.” Aos que entendem; Vossa clareza, revela faces de grande importância. Parabéns, pela exposição Prof. João Bonifácio Serra.
3º Previsível ou não, as pessoas têm através de exposições deste nível, um potencial de reconhecimento dos actos, diante de acertos e erros. Mas a diferença de um julgamento de conclusão e fé, mora em personagens que conseguem trafegar, por uma mítica dessas acções, onde a trajetória do conhecimento permite elevar o pensamento a um tempo de presença contínua.
Li este texto com toda a atenção. Algumas das situações vividas após o 5 de Outubro de 1910 em Portugal e das opções políticas então tomadas em face das circunstâncias internas (os perigos decorrentes da adesivagem e da radicalização de posições que poderia ocorrer na sociedade portuguesa aparentemente tão apática) e externas (as pressões de uma Europa predominantemente monárquica para que o regime legitimasse a acção revolucionária pelo voto), são aqui expostas de um modo claro e muito esclarecedor.
Há revelações "bombásticas", como a de a Assembleia Constituinte se ter auto-transformado em Congresso, distribuindo os respectivos membros pelo Senado e pela Câmara dos Deputados.
Destaco ainda aplicação do conceito de "coligação negativa" instaurada na Constituinte e da consequente inoperacionalidade do respectivo funcionamento.
O facto de o mandato do Presidente da República não derivar do sufrágio eleitoral directo, mas do voto dos congressista é, parece-me, outra fragilidade a apontar ao regime.
Além de que o próprio princípio da representatividade era posto em causa pela exiguidade do corpo eleitoral e pela dispensa da realização de eleições em grande parte dos círculos eleitorais em 1911.
Assim se conclui que o modo como evoluiu o regime republicano em Portugal conta com muitos mais detalhes e factores a ter em conta do que a simples invocação do excesso de parlamentarismo e consequente instabilidade do regime tão insistentemente propalados nos manuais de História, desde há tantos anos.
Se para outra coisa não servirem, as comemorações do centenário da implantação da república estão plenamente justificadas pelos estudos que têm despoletado e de que este, aqui apresentado, constitui exemplo dos mais fecundos.
Agradeço-lhe esta lição histórica, João. É um prazer lê-lo e aprender consigo.
- Isabel X -
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