quinta-feira, 7 de maio de 2009
Grau zero
Não me conformo com a escalada da crispação que parece querer instalar-se no debate político. Não percebo a quem serve, sendo certo que esse é um dos agentes do afastamento dos cidadãos da vida política e um contribuinte líquido para a abstenção eleitoral. A internet é uma plataforma indefesa desse jogo perigoso que não respeita regras nem sequer de civilidade. Todos os dias tenho a minha caixa de correio inundada de lixo "político" da pior extracção, baseado na acusação gratuita e anónima, que não solicitei, saído de umas tantas centrais apostadas em promover o grau zero (?) da política.
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6 comentários:
Não estou de acordo. A crispação parte do Governo e dos actuais dirigentes do PS. Os ataques e insultos aos professores, os ministros que gostam de "malhar neles" (quem se mete connosco, leva!), a intimidação aos jornalistas com a instauração de processos judiciais inéditos na nossa vivência democrática, a aprovação de leis de financiamento partidário que membros do PS (não anónimos) acusam de favorecerem a corrupção e branqueamento de capitais, a defesa das gestões fraudulentas com dinheiros públicos, a recusa em esclarecer nebulosas transacções pessoais, a confusão entre o interesse público e privado, as nomeações partidárias de pessoas sem curriculos, a recusa da meritocracia, tudo isto afasta os cidadãos da política e dos partidos. José Sócrates lidera a última sondagem conhecida com 18% de intenções efectivas de votos, quanto maior for a abstenção maior percentagem eleitoral isso significará - não é à oposição que a abstenção interessa....
Com uma imprensa amordaçada, porque os seus donos neste momento precisam dos favores do poder, a Net e a Blogosfera são o único campo de expressão livre.
Fernanda Câncio defendia um dia destes num artigo no JN "a responsabilização criminal dos bloguistas e emailers", estou seguro que o autor deste blogue não subscreve esta tese!
Não me parece que a culpa do afastamento dos cidadãos da política se deva à internet. Os blogs e os emails são vozes do espaço público, mesmo que anónimas, sem grande efeito no debate político. O que afasta os cidadãos da política, parece-me, é a ausência de ideias que perpassa pela leitura de jornais, as condenações e os julgamentos em praça pública a que assistimos diariamente na comunicação social (com rosto e bilhete de identidade) a que justiça assiste impunemente, com ou sem cumplicidade. Também não ajudam os comentadores (com rosto e bilhete de identidade) que dizem uma coisa e o seu contrário conforme a direcção do vento. A política faz-se de escolhas e debate sobre essas mesmas escolhas. É a ausência deste debate, que não motiva ninguém a fazer uma escolha ou que leva muitos a optar pela simples abstenção.
Nem me parece que a internet seja assim uma plataforma tão indefesa que necessite de tanta protecção. Em dias de votação sobre a internet que vamos ter, é preciso termos cuidado com o que desejamos.
Sinto a tua dificuldade em aceitar quem não respeita a democracia e os teus deveres de cidadão para a mesma. Sei que doi, percorrer o caminho que tens pela frente, mas a intelegência e o dom da palavra é teu, continua, sabes com podes contar.
João Ramos Franco
O que a mim me deixa mais perplexa é todos e cada um estarem convencidos da verdade e da justeza das respectivas posições, fazendo o que fazem sempre "por bem", isto é, supostamente com boas intenções, sem se aperceberem do mal que fazem ao degradarem o debate e ao extremarem posições até um ponto de não retorno, como se dizer mal e destruir constituissem em si mesmos um valor a preservar. Porque não é de críticas que se trata. Nesse caso existe pensamento e este faz-se de conceitos que são aplicados na sua real asserção, com lógica e vontade de chegar a conclusões, nunca definitivas, mas construtivas. Também não me parece nada que a internet seja uma plataforma indefesa. Ninguém está inocente e a situação remonta a muito antes deste governo. É mais estrutural.
O que vale é que quando se chega ao grau zero, espero, já não será possível descer mais e o que vier a seguir, por muito dificil que seja consegui-lo, terá que ser melhor!
- Isabel X -
Cara Isabel X:
Espera-se em qualquer debate "todos e cada um estarem convencidos da verdade e da justeza das respectivas posições", de outra forma ele não faria sentido.
Quanto à degradação do debate político é um facto mas, e julgo perceber que também aí estamos de acordo, ele é anterior e alheio à Internet, não preciso de citar exemplos, todos os conhecemos. Sou radicalmente contra todas as actuais campanhas para amordaçar a livre expressão na Net, prefiro pagar o preço do excesso do que abrir qualquer porta à censura.
O extremar de posições em relação a uma eleição é que me parece inevitável: ou quero A ou quero B, não há aqui espaço para retornos nem meios termos. Não será assim?
Então, será: " Quem não está connosco, está contra nós?". Não há a menor hipótese de nos entendermos. As palavras têm outro sentido, para cada um de nós. Não se trata de censura, mas de simples bom senso, por pouco que isso seja. Também me parece que é!
Não é grave. Todos havemos de sobreviver a tudo isto. Nem essa grandeza nos aguarda!
- Isabel X -
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