sexta-feira, 1 de maio de 2009

Bartolomeu Cid

Bartolomeu Cid dos Santos, Homenagem a Cesário, 1985


Um privilégio: ter assistido, no dia 30, à antestreia de dois filmes produzidos para a RTP2 (série Figuras Relevantes da Cultura Portuguesa) - Bartolomeu Cid dos Santos. Por Terras Devastadas de Jorge Silva Melo e Manuel Hermínio Monteiro. m.h.m. de André Godinho.
Jorge Silva Melo não pode terminar o filme com Bartolomeu. Sendo notórios o fascínio e o sentimento de perda que a figura do artista geraram no autor do filme, há um equivalente de pudor que perpassa ao longo da montagem. Essa contenção é um dos traços mais interessantes da forma como Jorge Silva Melo lidou com uma personagem tão entusiasta, tão envolvente, tão espontânea como Bartolomeu. A personalidade cativante do artista, o seu corpo grande, o olhar menino e atento, as mãos tingidas de negro, a memória fluente e as palavras evocativas ocupam a cena, sem excessos ou sublinhados, para que possamos perceber nos testemunhos dos próximos e na sequência de trabalhos, a nostalgia, o romantismo, a absorção e os labirintos, a viagem, os enigmas da sua obra ímpar.
Para quem como eu não conheceu Manuel Hermínio Monteiro, o filme do jovem cineasta André Godinho, é uma dupla revelação. A figura do editor que mudou o livro em Portugal e nos legou esse livro único que é a A Rosa do Mundo: 2001 Poemas para o Futuro foi tratada nos termos exigentes e compreensivos que merece. O resultado é um filme excelente.

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