Peço licença a Nicolau Borges para transcrever do deu blogue Velaturas.
Conheço o Mestre Ferreira da Silva há “muito pouco tempo”, cerca de quinze anos. Conheci-o graças aos bons ofícios e à amizade comum que nos une ao Dr. João Serra e ao Carlos Mota, os quais, em boa hora, partilharam comigo o “tesouro” humano e artístico que é o Mestre FS.
No passado sábado tivemos a oportunidade de podermos testemunhar a importância do Ferreira, da sua obra, das suas intervenções artísticas e da sua cidadania para com o concelho das Caldas da Rainha. Aí tive a oportunidade de referir que só um “espírito distraído” não repara nas marcas Ferreira da Silva que se encontram disseminadas por toda a cidade.Com efeito, Mestre FS, de forma genuína e generosa, foi pontuando a cidade com reflexos de luz e cor que vão iluminando um espaço urbano marcado pelo crescimento desconectado e desprovido de sentido estético. Não fora as réstias de luz e de alma artística criadas pela obra de Ferreira da Silva e a cidade seria mais lúgubre e mais dramática. Os “oásis Ferreira da Silva” contemplados no CENCAL, na Fonte Luminosa dos Arneiros, junto à Escola Secundária Raul Proença, no átrio da CMunicipal, junto ao Museu do Hospital das Caldas, nas “paredes de loiça” de muitos prédios urbanos das Caldas, constituem um Património artístico que se assume como um dos poucos contributos constituídos como Memória Patrimonial que a nossa geração legará ao futuro. O Ferreira é uma força da natureza, pura e musculada, polissémica e complexa, vernacular e erudita, exposta nos espaços públicos da cidade das Caldas da Rainha.
Das poucas decisões inteligentes e estratégicas tomadas pelo poder local nos últimos anos ressalta, sem dúvida, a decisão e o imperativo de assumir a produção e laboração artísticas do Mestre Ferreira da Silva, enquanto criação e Património de interesse Nacional. A Câmara ao assumir o legado FS desencadeou o desenvolvimento de um Projecto dinamizador de sinergias criativas, capazes de estimularem a comemoração e consagração da obra do mestre, como legado artístico e patrimonial brilhante e respeitador de uma tradição contaminada pela qualidade estética e elevado nível artístico, nascida no século XIX, consagrada por RBPinheiro e reafirmada por Ferreira da Silva. Importa não parar, não ficar pela evocação, manter vivo o projecto articulado de criação do atelier/museu Ferreira da Silva, intencionado pelo Presidente da CMCaldas, planeado e projectado pelo Dr. João Serra, estudioso informado e cúmplice da obra e vida do Mestre Ferreira da Silva, clarividente Comissário Científico da Festa da Cerâmica caldense.
Mantenho uma relação de grande cumplicidade com Mestre Ferreira da Silva, em conversas, desabafos, projectos, informação, troca de experiências.Com ele aprendo matérias que não constam dos manuais de arte, com ele aprendi que a terra, o fogo, a água e o ar são elementos estéticos alquímicos que possibilitam alpendurar formas aos desejos da ordem natural das “coisas” da vida.
domingo, 3 de janeiro de 2010
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5 comentários:
Viva.
Muito interessante este testemunho.
Não sei quando, mas a obra de Ferreira da Silva junto ao hospital estará para as Caldas da Rainha com a de Gaudi está para Barcelona, por exemplo.
Espero que Ferreira da Silva a possa continuar, se for caso disso, claro.
Abraço.
Ferreira da Silva é um artista que muito admiro e também eu gostaria de ver acabada a sua obra junto ao hospital.
Mas do que ele não precisa é de comparações como as que aqui leio. Barcelona além de Gaudi tem o rectângulo de ouro que inclui Gaudi, mas se nas Caldas deixarmos perder o magnífico edificado (não todo)que circunda a praça da república e a praça 5 de Outubro, não será a magnífica fonte de Ferreira da Silva que valherá às Caldas. É urgente a classificação daqueles edifícios.
Viva.
É claro que as comparações são o que são e podem ser despropositadas.
Mas não é a primeira vez que me lembro de Gaudi quando observo as obras de Ferreira da Silva. E aquela estação junto ao Hospital recorda-me sempre o parque guel.
Bem sei que as cidades têm dimensões incomparáveis, mas apenas quis lustrar com um exemplo a minha admiração.
Mas tb reconheço que o artista não necessita deste tipo de exercício.
Abraço.
Oxalá a recuperação de património edificado mobilizasse as mentes criativas e as decisões de quem pode! Ou, no mínimo, que as ruas e passeios de Caldas (pela regularidade, embelezamento e limpeza) nos devolvessem o pretérito prazer de as percorrer.
toda a obra do mestre desde o primeiro ao ultimo trabalho ,ficara para a posteridade,lindo lindo e velo trabalhar.
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