domingo, 31 de janeiro de 2010
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Bibliografia
Estudos e documentos
A. Morgado, J. Marcelino Aleixo, Código de Posturas do Município de Lisboa de 30 de Dezembro de 1886. 11ª edição. Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1929.
A. P. Taveira, Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal. Edição Fac-similada. Porto, Deriva Editores, 2009.
Abílio Leal de Matos e Silva, O Trajo da Nazaré. Lisboa, Editorial Astória, 1970.
Alves da Veiga, Politica Nova. Ideias Para a Reorganização da Nacionalidade Portuguesa. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1911.
António Gomes da Rocha Madahil, Trajos e Costumes Populares Portugueses do Século XIX em Litografias de Joubert, Macphail e Palhares. Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo/Edições Panorama, 1968.
Esprit. Nouvelle Série nº 5. Les Communismes au Carrefour. Paris, 1970.
Guia da Produção Industrial Portuguesa (Continental). Lisboa, Associação Industrial Portuguesa, 1939-1940.
Ilustração Portuguesa. Da Monarquia à República. Lisboa, 1910.
Joaquim Lisbano de Almeida Didier, Código Administrativo Aprovado por Carta de Lei de 6 de Maio de 1878. 2ª edição. Porto, A. G. Vieira Paiva, Editor, 1878.
José Jacinto Nunes, Reivindicações Democráticas. Lisboa, Tipografia Nacional, 1886.
José Maria de Queirós Veloso, A Formação Profissional dos Professores Liceais. Simples Esboço da História do Ensino Secundário em Portugal. Separata dos n. Os 6 e 7 da Revista Labor. Aveiro, Tipografia Progresso, 1927.
Maria Filomena Mónica (coord. e pref.), Paulo Silveira e Sousa (org. e notas), Os Dabney. Uma Família Americana nos Açores. Antologia Elaborada a Partir dos Anais Coligidos por Roxana Dabney. Lisboa, Tinta da China, 2009.
Marnoco e Sousa, Direito Politico. Poderes do Estado. Coimbra, França Amado Editor, 1910.
Programa Para a Democratização da República. Lisboa, 1961.
Quirino Avelino de Jesus, Nacionalismo Português. Porto, Empresa Industrial Gráfica do Porto, 1932.
Thomaz Cabreira, O Problema Financeiro e a sua Solução. Lisboa, Imprensa Africana, 1912.
História
21 Historiens Expliquent la France Contemporaine. Avant-propos et pésentation dês textes par Dominique Borne. Paris, La Documentation Française, 2005.
Carlos Seco Serrano, La España de Alfonso XIII. El Estado. La Política. Los Movimentos Sociales. Madrid, Espasa Calpe, 2002.
Eugénio Asensio, Estudios Portugueses. Paris. Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1974.
Eugénio Lapa Carneiro, Testamento que Fez um Galo. Barcelos, 1963.
Fernanda Martins (coord.), Diplomacia & Guerra: Politica Externa e Politica e Defesa em Portugal do Final da Monarquia ao Marcelismo. Actas do 1º Ciclo de Conferencias. Lisboa, Edições Colibri/CIDEHUS-UE, 2001.
José Bettencourt da Câmara, Francisco de Lacerda. Musicien Portugais en France, 1869-1934. Paris, Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
Paulo Ferreira, Amadeo de Sousa Cardoso. Peintre Portugais, 1887-1918. Paris, Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.
Raquel Soeiro de Brito, Agricultores e Pescadores Portugueses na Cidade do Rio de Janeiro (Estudo Comparativo). Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1960 (Col.: Estudos, Ensaios e Documentos).
Ruben Andresen Leitão, D. Pedro V: um Homem e um Rei. Porto, Portucalense Editora, 1950.
Política
Carlos Abella, Adolfo Suárez, El Hombre Clave de da Transición. Prólogo de Raymond Carr. Madrid, Espasa Calpe, 2006.
Isabel Babo Lança, La Confuguration dês Événements Publics. L’Affaire República et les Manifestations aux Açores (Portugal, 1975), Thése pour l’obtention du grade de Docteur de l’École des Hautes Études en Sciences Sociales. Paris, 2001 (mimeo).
Pasqual Maragall, Espíritu Federal. Escritos Políticos. Prólogo de Javier Pérez Royo. Barcelona, RBA Libros S.A., 2009-
Norberto Bobbio, Teoria Geral da Politica: a Filosofia Politica e as Lições dos Clássicos. Organização de Michelangelo Bovero. Rio de Janeiro, Editora Campus/Elsevier, 2000.
A. Morgado, J. Marcelino Aleixo, Código de Posturas do Município de Lisboa de 30 de Dezembro de 1886. 11ª edição. Lisboa, Empresa Nacional de Publicidade, 1929.
A. P. Taveira, Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal. Edição Fac-similada. Porto, Deriva Editores, 2009.
Abílio Leal de Matos e Silva, O Trajo da Nazaré. Lisboa, Editorial Astória, 1970.
Alves da Veiga, Politica Nova. Ideias Para a Reorganização da Nacionalidade Portuguesa. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1911.
António Gomes da Rocha Madahil, Trajos e Costumes Populares Portugueses do Século XIX em Litografias de Joubert, Macphail e Palhares. Lisboa, Secretaria de Estado da Informação e Turismo/Edições Panorama, 1968.
Esprit. Nouvelle Série nº 5. Les Communismes au Carrefour. Paris, 1970.
Guia da Produção Industrial Portuguesa (Continental). Lisboa, Associação Industrial Portuguesa, 1939-1940.
Ilustração Portuguesa. Da Monarquia à República. Lisboa, 1910.
Joaquim Lisbano de Almeida Didier, Código Administrativo Aprovado por Carta de Lei de 6 de Maio de 1878. 2ª edição. Porto, A. G. Vieira Paiva, Editor, 1878.
José Jacinto Nunes, Reivindicações Democráticas. Lisboa, Tipografia Nacional, 1886.
José Maria de Queirós Veloso, A Formação Profissional dos Professores Liceais. Simples Esboço da História do Ensino Secundário em Portugal. Separata dos n. Os 6 e 7 da Revista Labor. Aveiro, Tipografia Progresso, 1927.
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Quirino Avelino de Jesus, Nacionalismo Português. Porto, Empresa Industrial Gráfica do Porto, 1932.
Thomaz Cabreira, O Problema Financeiro e a sua Solução. Lisboa, Imprensa Africana, 1912.
História
21 Historiens Expliquent la France Contemporaine. Avant-propos et pésentation dês textes par Dominique Borne. Paris, La Documentation Française, 2005.
Carlos Seco Serrano, La España de Alfonso XIII. El Estado. La Política. Los Movimentos Sociales. Madrid, Espasa Calpe, 2002.
Eugénio Asensio, Estudios Portugueses. Paris. Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1974.
Eugénio Lapa Carneiro, Testamento que Fez um Galo. Barcelos, 1963.
Fernanda Martins (coord.), Diplomacia & Guerra: Politica Externa e Politica e Defesa em Portugal do Final da Monarquia ao Marcelismo. Actas do 1º Ciclo de Conferencias. Lisboa, Edições Colibri/CIDEHUS-UE, 2001.
José Bettencourt da Câmara, Francisco de Lacerda. Musicien Portugais en France, 1869-1934. Paris, Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1996.
Paulo Ferreira, Amadeo de Sousa Cardoso. Peintre Portugais, 1887-1918. Paris, Centro Cultural da Fundação Calouste Gulbenkian, 1995.
Raquel Soeiro de Brito, Agricultores e Pescadores Portugueses na Cidade do Rio de Janeiro (Estudo Comparativo). Lisboa, Junta de Investigações do Ultramar, 1960 (Col.: Estudos, Ensaios e Documentos).
Ruben Andresen Leitão, D. Pedro V: um Homem e um Rei. Porto, Portucalense Editora, 1950.
Política
Carlos Abella, Adolfo Suárez, El Hombre Clave de da Transición. Prólogo de Raymond Carr. Madrid, Espasa Calpe, 2006.
Isabel Babo Lança, La Confuguration dês Événements Publics. L’Affaire República et les Manifestations aux Açores (Portugal, 1975), Thése pour l’obtention du grade de Docteur de l’École des Hautes Études en Sciences Sociales. Paris, 2001 (mimeo).
Pasqual Maragall, Espíritu Federal. Escritos Políticos. Prólogo de Javier Pérez Royo. Barcelona, RBA Libros S.A., 2009-
Norberto Bobbio, Teoria Geral da Politica: a Filosofia Politica e as Lições dos Clássicos. Organização de Michelangelo Bovero. Rio de Janeiro, Editora Campus/Elsevier, 2000.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
História de exemplo e mal dizer
Chegara a altura de proceder a escolhas na instituição durante décadas presidida pelo fundador, personalidade carismática que agora se afastava. Apesar das divergências quanto ao melhor perfil para lhe suceder, uma única candidatura se apresentou, a de M, professora conhecida pelo sua personalidade forte e atitudes por vezes desconcertantes. O Conselho de eleitores votou: dois votos a favor da candidata e nove votos em branco. M. levantou-se e exclamou: "Acabo de ser eleita contra uma maioria de impotentes".
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Cidades infinitas
Mas Miles Davis diz ainda um pouco mais: que o único pode ser apenas (apenas?) um movimento de ancas (como a Laureen Bacall em To be or not to be). Ou o acender de um cigarro. Ou o dedo sobre a borda de um copo (Faye Dunaway). Tão subtil, tão alusivo, tão devastador - um movimento que atravessa o mundo, e poderíamos começar agora a enumerar nomes de cidades onde Miles Davis, já bêbado, entontecido de música, seria capaz de o reconhecer (o movimento de ancas de Juliette, o seu movimento próprio, o seu nome próprio): Liubliana, Copenhaga, Calcutá deserta, São Francisco, Bruges, Havana, Veneza, a cidade de todas as cidades, Rio de Janeiro, Valparaiso (magia das enumerações: três cidades, pouco, cinco ou seis, já em excesso, nove dez, a frase torna-se interminável, toda a alegria do mundo no nome destas cidades infinitas).
Eduardo Prado Coelho, Tudo o Que Não Escrevi. Diário 1 (1991-1992). Porto, Asa, 1992. p. 59.
Eduardo Prado Coelho, Tudo o Que Não Escrevi. Diário 1 (1991-1992). Porto, Asa, 1992. p. 59.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
E eu sou apenas um pobre homem da Póvoa
“Você [Pinheiro Chagas], bem sei, acha isto risível. Mas que diabo! Você é um poeta, um orador, um lutador – e eu sou apenas um pobre homem da Póvoa de Varzim.”
Eça de Queirós, 1880.
Eça de Queirós, 1880.
Póvoa do Varzim, 1868 [Biblioteca Nacional]
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
ESAD, uma semana repleta
Avaliações de 2º semestre. As Artes Plásticas invadem os corredores. Provas para Professor Cordenador. Na Quinta-Feira, primeira eleição do Director da ESAD.CR.
domingo, 24 de janeiro de 2010
Doutor Honoris Causa da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra
Hoje, das 10h30 às 13h00, cerimónia de Doutoramento Honoris Causa do Dr. Jorge Sampaio, na Sala dos Actos da Universidade de Coimbra. Falou-se de Sampaio e do seu curriculum jurídico e político, de Avelâs Nunes ("padrinho" do novo Doutor) e sobretudo de reforma da justiça .
sábado, 23 de janeiro de 2010
"Sonhei com o Facebook"
Pedro Beça Múrias, no blog Albergue Espanhol:
Quero ser teu amigo no PortugalVille
Esta tarde, durante a sesta. sonhei com o Facebook...
Uma grande experiência, é o que vos digo.
Soraya Chaves mandou-me um presente no FarmVille. E a bela Rita Pereira, convidou-me para ser seu amigo. Segundos depois lá apareceu no ecrã do meu PC:
Pedro é agora amigo de Rita Pereira · Comentar ·Gosto - Não gosto! Escreve um comentário...
Dias Loureiro desafiou-me para jogar o MAFIA WARS (pedido que ignorei).
Uma mensagem surgiu assim seca: Manuel Alegre é agora amigo de Helena Roseta.
José Sócrates e Cavaco Silva aderiram ao grupo "Associação Auxílio e Amizade
" e ao "QUEREMOS É JANTARADAS E FESTA!"
Pedro Passos Coelho sugeriu-me um tema de música brasileira: "Começar de Novo"...
Louçã o "Absolute Beginners".
E Portas convidou-me para ser fã da Feira da Ladra.
Manuela Ferreira Leite, mandou-me um belo piropo, via "Piropos do Trolha" :
"A tua mãe deve ser uma ostra... para cuspir uma pérola como tu!!!
Foi aqui que acordei...
Quero ser teu amigo no PortugalVille
Esta tarde, durante a sesta. sonhei com o Facebook...
Uma grande experiência, é o que vos digo.
Soraya Chaves mandou-me um presente no FarmVille. E a bela Rita Pereira, convidou-me para ser seu amigo. Segundos depois lá apareceu no ecrã do meu PC:
Pedro é agora amigo de Rita Pereira · Comentar ·Gosto - Não gosto! Escreve um comentário...
Dias Loureiro desafiou-me para jogar o MAFIA WARS (pedido que ignorei).
Uma mensagem surgiu assim seca: Manuel Alegre é agora amigo de Helena Roseta.
José Sócrates e Cavaco Silva aderiram ao grupo "Associação Auxílio e Amizade
" e ao "QUEREMOS É JANTARADAS E FESTA!"
Pedro Passos Coelho sugeriu-me um tema de música brasileira: "Começar de Novo"...
Louçã o "Absolute Beginners".
E Portas convidou-me para ser fã da Feira da Ladra.
Manuela Ferreira Leite, mandou-me um belo piropo, via "Piropos do Trolha" :
"A tua mãe deve ser uma ostra... para cuspir uma pérola como tu!!!
Foi aqui que acordei...
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
Pessoalíssima alegria
Mário Dionísio, 1988 (colecção particular)
Rui-Mário Gonçalves, Mário Dionísio, Pintor. Lisboa, Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, 2009. p. 38.
quinta-feira, 21 de janeiro de 2010
Paulo Henriques
A 8 de Agosto de 2007, a propósito da polémica nomeação de Paulo Henriques para o cargo de Director do Museu Nacional de Arte Antiga, em substituição de Dalila Rodrigues, escrevi no site Cidade Imaginária.
"No actual processo aparentemente ninguém - jornalistas, políticos apressados - curou de saber quem é o Dr. Paulo Henriques. Dir-me-ão que o problema não é esse, mas o dos motivos da não recondução da Dr.ª Dalila. Mas como esta aceitou ser comentadora do seu próprio caso, a decisão do Presidente do Instituto da Conservação e Museus mostrou-se natural e lógica. E a escolha do Dr. Paulo Henriques é certeira, sem deixar de ser igualmente inovadora.
O Dr. Paulo Henriques não precisa de nenhuma carta de recomendação, porque o seu curriculum fala por si. Tive o privilégio de ter acompanhado parte da sua carreira, tendo colaborado directamente com ele, nos planos científico e institucional, em diversas circunstâncias, e por isso gostaria de aqui vincar o alto apreço pelo seu saber e pela sua capacidade de liderança de projectos museológicos. Como os caldenses bem recordarão, o Dr. Paulo Henriques dirigiu o Museu de José Malhoa na primeira metade da década de 90 e coordenou a equipa que concebeu e montou o Museu do Hospital e das Caldas. Veio a seguir a direcção do Museu do Azulejo, que consolidou como um dos principais museus nacionais e a mais importante referência museológica da cerâmica portuguesa. Foi também sob a sua responsabilidade que arrancou a formação do Museu da Presidência da Republica, em 1996. O reconhecimento das capacidades do Dr. Paulo Henriques explicam que, nos ultimos 10 anos, a mais destacada representação cultural externa, promovida, quer pelo Presidente da República quer pelo Governo, tenha contado com exposições de azulejaria portuguesa organizadas pelo Dr. Paulo Henriques.
Ao novo director do Museu de Arte Antiga, perante este desafio exigente, um voto de bom trabalho."
Acrescento que, por proposta minha, aprovada por larga maioria, o Dr. Paulo Henriques é membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Leiria, sendo uma dez personalidades cooptadas em representação da sociedade e da cultura.
"No actual processo aparentemente ninguém - jornalistas, políticos apressados - curou de saber quem é o Dr. Paulo Henriques. Dir-me-ão que o problema não é esse, mas o dos motivos da não recondução da Dr.ª Dalila. Mas como esta aceitou ser comentadora do seu próprio caso, a decisão do Presidente do Instituto da Conservação e Museus mostrou-se natural e lógica. E a escolha do Dr. Paulo Henriques é certeira, sem deixar de ser igualmente inovadora.
O Dr. Paulo Henriques não precisa de nenhuma carta de recomendação, porque o seu curriculum fala por si. Tive o privilégio de ter acompanhado parte da sua carreira, tendo colaborado directamente com ele, nos planos científico e institucional, em diversas circunstâncias, e por isso gostaria de aqui vincar o alto apreço pelo seu saber e pela sua capacidade de liderança de projectos museológicos. Como os caldenses bem recordarão, o Dr. Paulo Henriques dirigiu o Museu de José Malhoa na primeira metade da década de 90 e coordenou a equipa que concebeu e montou o Museu do Hospital e das Caldas. Veio a seguir a direcção do Museu do Azulejo, que consolidou como um dos principais museus nacionais e a mais importante referência museológica da cerâmica portuguesa. Foi também sob a sua responsabilidade que arrancou a formação do Museu da Presidência da Republica, em 1996. O reconhecimento das capacidades do Dr. Paulo Henriques explicam que, nos ultimos 10 anos, a mais destacada representação cultural externa, promovida, quer pelo Presidente da República quer pelo Governo, tenha contado com exposições de azulejaria portuguesa organizadas pelo Dr. Paulo Henriques.
Ao novo director do Museu de Arte Antiga, perante este desafio exigente, um voto de bom trabalho."
Acrescento que, por proposta minha, aprovada por larga maioria, o Dr. Paulo Henriques é membro do Conselho Geral do Instituto Politécnico de Leiria, sendo uma dez personalidades cooptadas em representação da sociedade e da cultura.
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Rui, agora oficialmente sem ipsilon, visto por Ana
No blogue dos antigos alunos do Externato Ramalho Ortigão, Ana Braga, comentou assim o meu post anterio r:
Quando conheci o Virgílio, já iam bem distantes esses tempos da sua juventude, penso que caracterizada por uma rebeldia vivida com alguma moderação - secretas escapadelas nocturnas e congeminações de programas de fim de semana, cujo objectivo seria, inevitavelmente, o de se divertir à grande, longe da vista e da alçada parental, sempre atenta, expectante e ansiosa, dado tratar-se de um filho único, muito protegido e em relação ao qual se iam tecendo grandes e pesadas expectativas.
Naquela época, com aquela idade, “divertir-se à grande” era, se bem me lembro, dado ser da mesma geração, estar com um punhado de amigos - e de miúdas -, impressionar pela palavra, com uma ou outra consideração filosófica pelo meio ou sentar-se ao volante de um carro, ouvir música e dançar, fazer umas quantas tropelias à socapa, jogar às cartas, pondo à prova a sua perspicácia, provocar situações divertidas insólitas ou caricatas, sempre com o riso a estalar, numa alegria transbordante de quem tem uma vida pela frente e se sente imortal. Imagino que tudo isto o Virgílio fazia em doses reforçadas, de certo mais interessado no convívio do que em “levantar as notas”.
Ao ler a belíssima crónica do João Bonifácio Serra onde tão bem caracteriza essas vivências juvenis, reconheci um Virgílio que eu não tive ocasião de conhecer, o Virgílio quando jovem. Esse eu só conheci mais tarde através dos seus próprios relatos, das recordações partilhadas com amigos, em encontros esporádicos e das fotografias a preto e branco que há lá por casa, em que ele aparece de fato e gravata, com um ar discreto de menino exemplar - mas que a mim não me engana. Enfim, o Virgílio, esse mesmo: o Virgílio Ruy com ípsilon.
Conhecemo-nos aos trinta e tal anos, numa fase do nosso percurso em que já tínhamos percebido há muito que não éramos imortais. No entanto, nessa altura, as circunstâncias da nossa situação profissional, uma vez que nos encontrávamos destacados, numa espécie de licença sabática, a frequentar uma pós graduação, transformou-nos de novo em estudantes, integrados numa turma de outros colegas de profissão, com direito a saídas em grupo, almoços no Bairro Alto, idas ao cinema e ao teatro, intermináveis conversas e serões dançantes nos lugares mais in da capital, alguns dos quais bastante exóticos e divertidos, lá para os lados de S. Paulo, num antigo palacete a cair de velho, onde se viviam agitadas noites crioulas. Foi esse Virgílio simpático, excelente comunicador, afável, de trato fácil e muito bem disposto a que o João se refere no seu divertido texto, que eu conheci nos anos oitenta e cujas características, as já referidas e mais umas quantas, me cativaram. O facto é que vim a casar com ele em 1989. Na altura, todos nós, seus colegas, achámos curioso o pormenor do “y” no seu segundo nome, provável resquício de algum traço conservador de família, pensávamos…
Vim a saber mais tarde que os nomes próprios que o identificam, nem sequer foram escolhidos pelos pais, que à data do seu nascimento eram muito novos, tendo-se submetido à escolha feita pelos padrinhos da criança. Desconfio até que nem seria esse o nome da preferência deles e, muito menos do próprio rapaz, mas isso é uma outra história e o facto é que assim foi registado: Virgílio Ruy Rodrigues Pestana, sendo este o nome que figura no seu arquivo de nascimento, como eu própria posso testemunhar.
Estou convencida de que mesmo quando não gostamos do nosso próprio nome, acabamos por assumi-lo, a ponto de o sentirmos como a nossa segunda pele. Julgo que tal aconteceu com o Virgílio e aquele “y” no Ruy passou a ser a sua imagem de marca, uma espécie de impressão digital que ele habituou a identificar na infância, logo que aprendeu a ler e verificou que os outros Ruis eram diferentes.
Ora, depois de tantos anos com esse nome, aqui há tempos o Virgílio chegou a casa possesso. Um funcionário da repartição de Finanças da nossa área de residência, pura e simplesmente, confiscou-lhe o cartão de contribuinte. E qual o motivo? Alegando que Rui não se pode escrever com y. Onde já se viu? Tem de ser com i.
Pobre Virgílio, de nada lhe valeu o seu poder de argumentação, nem os anos de treino de bom comunicador, nem a argúcia, nem a exibição da própria certidão de nascimento, ali, preto no branco. A decisão do funcionário foi irrevogável – confiscou-lhe o cartão e mandou fazer outro. No entanto, condescendente, lá admitiu:
- O Senhor pode continuar a assinar com y, se quiser. Mas para efeitos fiscais o seu segundo nome passa a ser Rui.
- É de bradar aos céus – lamentava-se o Virgílio. – Com tantos nomes disparatados que hoje em dia se vêem por aí, como: Cléber, Bryan, Sandokan, Vanessa, Mikael, ou Vânia, que no nosso tempo era nome próprio de homem nos romances Russos e logo aquele ignorante resolveu embirrar com o meu nome.
E assim se constata o poder que detém hoje em dia um obscuro funcionário de uma Repartição de Finanças. De repente, quando menos se esperava, saiu da obscuridade para aniquilar aquele “enigmático” ípsilon que ali se mantivera dignamente durante tantos anos, tendo até sido considerado como um “vestígio aristocrático” nos tempos do colégio.
Escusado será dizer que o Virgílio continua a assinar Ruy, com muito orgulho.
Quando conheci o Virgílio, já iam bem distantes esses tempos da sua juventude, penso que caracterizada por uma rebeldia vivida com alguma moderação - secretas escapadelas nocturnas e congeminações de programas de fim de semana, cujo objectivo seria, inevitavelmente, o de se divertir à grande, longe da vista e da alçada parental, sempre atenta, expectante e ansiosa, dado tratar-se de um filho único, muito protegido e em relação ao qual se iam tecendo grandes e pesadas expectativas.
Naquela época, com aquela idade, “divertir-se à grande” era, se bem me lembro, dado ser da mesma geração, estar com um punhado de amigos - e de miúdas -, impressionar pela palavra, com uma ou outra consideração filosófica pelo meio ou sentar-se ao volante de um carro, ouvir música e dançar, fazer umas quantas tropelias à socapa, jogar às cartas, pondo à prova a sua perspicácia, provocar situações divertidas insólitas ou caricatas, sempre com o riso a estalar, numa alegria transbordante de quem tem uma vida pela frente e se sente imortal. Imagino que tudo isto o Virgílio fazia em doses reforçadas, de certo mais interessado no convívio do que em “levantar as notas”.
Ao ler a belíssima crónica do João Bonifácio Serra onde tão bem caracteriza essas vivências juvenis, reconheci um Virgílio que eu não tive ocasião de conhecer, o Virgílio quando jovem. Esse eu só conheci mais tarde através dos seus próprios relatos, das recordações partilhadas com amigos, em encontros esporádicos e das fotografias a preto e branco que há lá por casa, em que ele aparece de fato e gravata, com um ar discreto de menino exemplar - mas que a mim não me engana. Enfim, o Virgílio, esse mesmo: o Virgílio Ruy com ípsilon.
Conhecemo-nos aos trinta e tal anos, numa fase do nosso percurso em que já tínhamos percebido há muito que não éramos imortais. No entanto, nessa altura, as circunstâncias da nossa situação profissional, uma vez que nos encontrávamos destacados, numa espécie de licença sabática, a frequentar uma pós graduação, transformou-nos de novo em estudantes, integrados numa turma de outros colegas de profissão, com direito a saídas em grupo, almoços no Bairro Alto, idas ao cinema e ao teatro, intermináveis conversas e serões dançantes nos lugares mais in da capital, alguns dos quais bastante exóticos e divertidos, lá para os lados de S. Paulo, num antigo palacete a cair de velho, onde se viviam agitadas noites crioulas. Foi esse Virgílio simpático, excelente comunicador, afável, de trato fácil e muito bem disposto a que o João se refere no seu divertido texto, que eu conheci nos anos oitenta e cujas características, as já referidas e mais umas quantas, me cativaram. O facto é que vim a casar com ele em 1989. Na altura, todos nós, seus colegas, achámos curioso o pormenor do “y” no seu segundo nome, provável resquício de algum traço conservador de família, pensávamos…
Vim a saber mais tarde que os nomes próprios que o identificam, nem sequer foram escolhidos pelos pais, que à data do seu nascimento eram muito novos, tendo-se submetido à escolha feita pelos padrinhos da criança. Desconfio até que nem seria esse o nome da preferência deles e, muito menos do próprio rapaz, mas isso é uma outra história e o facto é que assim foi registado: Virgílio Ruy Rodrigues Pestana, sendo este o nome que figura no seu arquivo de nascimento, como eu própria posso testemunhar.
Estou convencida de que mesmo quando não gostamos do nosso próprio nome, acabamos por assumi-lo, a ponto de o sentirmos como a nossa segunda pele. Julgo que tal aconteceu com o Virgílio e aquele “y” no Ruy passou a ser a sua imagem de marca, uma espécie de impressão digital que ele habituou a identificar na infância, logo que aprendeu a ler e verificou que os outros Ruis eram diferentes.
Ora, depois de tantos anos com esse nome, aqui há tempos o Virgílio chegou a casa possesso. Um funcionário da repartição de Finanças da nossa área de residência, pura e simplesmente, confiscou-lhe o cartão de contribuinte. E qual o motivo? Alegando que Rui não se pode escrever com y. Onde já se viu? Tem de ser com i.
Pobre Virgílio, de nada lhe valeu o seu poder de argumentação, nem os anos de treino de bom comunicador, nem a argúcia, nem a exibição da própria certidão de nascimento, ali, preto no branco. A decisão do funcionário foi irrevogável – confiscou-lhe o cartão e mandou fazer outro. No entanto, condescendente, lá admitiu:
- O Senhor pode continuar a assinar com y, se quiser. Mas para efeitos fiscais o seu segundo nome passa a ser Rui.
- É de bradar aos céus – lamentava-se o Virgílio. – Com tantos nomes disparatados que hoje em dia se vêem por aí, como: Cléber, Bryan, Sandokan, Vanessa, Mikael, ou Vânia, que no nosso tempo era nome próprio de homem nos romances Russos e logo aquele ignorante resolveu embirrar com o meu nome.
E assim se constata o poder que detém hoje em dia um obscuro funcionário de uma Repartição de Finanças. De repente, quando menos se esperava, saiu da obscuridade para aniquilar aquele “enigmático” ípsilon que ali se mantivera dignamente durante tantos anos, tendo até sido considerado como um “vestígio aristocrático” nos tempos do colégio.
Escusado será dizer que o Virgílio continua a assinar Ruy, com muito orgulho.
terça-feira, 19 de janeiro de 2010
Tiros certeiros
Manuel Alegre torna pública a sua decisão de se candidatar ao apoio do PS para ser candidato presidencial. Obtém de imediato o do Bloco de Esquerda.
Manuel Alegre quer ser- e provavelmente será - o candidato das esquerdas. Anuncia a disponibilidade no momento em que o PS negoceia o Orçamento com os partidos da direita.
O Presidente vai cumprir a tradição de condecorar o Primeiro Ministro Pedro Santana Lopes. A tradição também assegura que os antigos Primeiros Ministros condecorados não retornam à função.
Manuel Alegre quer ser- e provavelmente será - o candidato das esquerdas. Anuncia a disponibilidade no momento em que o PS negoceia o Orçamento com os partidos da direita.
O Presidente vai cumprir a tradição de condecorar o Primeiro Ministro Pedro Santana Lopes. A tradição também assegura que os antigos Primeiros Ministros condecorados não retornam à função.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Memórias. O mistério das noites do Virgílio
No terceiro período do 7º ano, os meus pais alugaram-me um quarto nas Caldas. Na contabilidade da decisão entraram as despesas com o transporte e o tempo perdido em viagens diárias de mais de duas horas. Na Rua da Electricidade, ajustaram quarto e refeições por uma módica quantia. Na mesma casa era inquilino o Virgílio.
Já nos conhecíamos, evidentemente, mas a partilha da casa aproximou-nos. O Virgílio tinha aportado ao Externato Ramalho Ortigão apenas naquele ano de 1965/1966, com estadia anterior em outros colégios. Era fácil estabelecer contacto com ele e, apesar do singular rumor sobre a suas origens sociais, simpatizava-se depressa com o seu feitio bem disposto e despreocupado. Dizia-se que era monárquico, condição intrigante e cujo alcance exacto desconhecíamos. Parece que descendia de linhagens nobiliárquicas, coisa que no ERO naquele tempo não tinha expressão significativa. De qualquer modo, esse eventual tónus diferenciador não parecia sobrepor-se ao trato afável com que lidava com todos nós. O único vestígio aristocrático parecia residir num enigmático “y” que ornava o seu segundo nome. Virgílio Ruy. Virgílio Ruy Rodrigues Pestana de seu nome completo.
Os pais do Virgílio habitavam em Alcobaça. Conheci-os num fim de semana agenciado para me introduzir no meio literário alcobacense. Nada na maneira como me receberam me pôs de alerta relativamente a atitudes invulgares, pelo que fiquei a duvidar do real valor da sobrevivência do ípsilon. O Virgílio propusera-se apresentar-me ao grupo constituído por Alberto Costa, António Maria de Sousa, Levi Condinho, Leonel Fadigas e Rui Rasquilho. Eu mostrara um especial interesse em conhecer o primeiro, um ano mais velho, a frequentar já o curso a que eu na altura me destinava, Direito.
No ERO, preparando-se o Virgílio para seguir Económicas, não frequentávamos a mesma turma e não coincidíamos nos horários. Mas almoçávamos e jantávamos à mesma hora, na casita modesta da Rua da Electricidade, ao som do Rádio Clube Português, dos “Parodiantes de Lisboa” ou do “Quando o telefone toca” de Matos Maia.
Duas ou três vezes por semana eu rumava, após o jantar, à residência paroquial onde partilhava o serão do Padre Renato entre o De Bello Gallico de Caius Julius Caesar (o meu encargo) e o Tintin do Hergé (o divertimento do padre). Nesses dias, era suposto o Virgílio ficar no seu quarto, a preparar as aulas e os pontos, mas ele aproveitava a oportunidade para sair. A minha companhia dispensava-a mal chegava à esquina da Avenida. Um dia vi-o entrar num “Mini” conduzido por um dos filhos de Alberto Pinto Ribeiro, o sócio-gerente da Secla, e fiquei apreensivo com o impacto de tais saídas na performance académica, já de si periclitante, do meu companheiro.
Ele estava porém acima de tudo preocupado com a reacção dos pais, se acaso a nossa senhoria os informasse da hora avançada a que o seu filho por vezes regressava a casa. Pediu então a minha conivência para um expediente que congeminara. Como o meu quarto dava para a rua, pediu-me que deixasse a janela apenas encostada, para que ele pudesse entrar por ali e seguir para o seu quarto, evitando o risco de alertar a senhoria com os estalidos da fechadura da porta.
Anui, solidário, sem perguntas. Até ontem, no Encontro dos antigos alunos do ERO (17 de Novembro de 2009).
Ficámos na mesma mesa. Nos 43 anos que decorreram sobre esse longínquo terceiro período (numa época em que os tempos lectivos eram ternários e não binários) vimo-nos três vezes – uma na faculdade, outra num movimento de professores e outra ainda no funeral de um antigo colega. Conheci desta vez a mulher e o sogro, que o acompanharam no almoço da "Lareira". Falámos sem pressas dos desafios que enfrentamos hoje e prometemos visitas mútuas aos locais onde criamos novos mundos. Foi então que a pergunta nunca antes feita emergiu e ganhou urgência. – Virgílio, onde iam vocês no Mini, que nunca te ouvir chegar?
E ele, numa resposta pronta, como se há muito a tivesse preparada: – Íamos a Lisboa, ao Aeroporto, e voltávamos de seguida. Sabes, o Luís saía furtivamente de casa, levando o carro da mãe. Ela não sabia de nada. Era uma viagem demorada. Como sabes. Hora e meia para lá, tomávamos qualquer coisa no Aeroporto, hora e meia para cá. Ali no Carregado passávamos sempre com o coração nas mãos. Havia um posto da GNR, lembras-te? E o Luís a conduzir sem carta... Mas o Aeroporto, João! O gozo que aquilo nos dava!
[Publicado em colaboração com o blogue dos Antigos Alunos do Externato Ramalho Ortigão]
Já nos conhecíamos, evidentemente, mas a partilha da casa aproximou-nos. O Virgílio tinha aportado ao Externato Ramalho Ortigão apenas naquele ano de 1965/1966, com estadia anterior em outros colégios. Era fácil estabelecer contacto com ele e, apesar do singular rumor sobre a suas origens sociais, simpatizava-se depressa com o seu feitio bem disposto e despreocupado. Dizia-se que era monárquico, condição intrigante e cujo alcance exacto desconhecíamos. Parece que descendia de linhagens nobiliárquicas, coisa que no ERO naquele tempo não tinha expressão significativa. De qualquer modo, esse eventual tónus diferenciador não parecia sobrepor-se ao trato afável com que lidava com todos nós. O único vestígio aristocrático parecia residir num enigmático “y” que ornava o seu segundo nome. Virgílio Ruy. Virgílio Ruy Rodrigues Pestana de seu nome completo.
Os pais do Virgílio habitavam em Alcobaça. Conheci-os num fim de semana agenciado para me introduzir no meio literário alcobacense. Nada na maneira como me receberam me pôs de alerta relativamente a atitudes invulgares, pelo que fiquei a duvidar do real valor da sobrevivência do ípsilon. O Virgílio propusera-se apresentar-me ao grupo constituído por Alberto Costa, António Maria de Sousa, Levi Condinho, Leonel Fadigas e Rui Rasquilho. Eu mostrara um especial interesse em conhecer o primeiro, um ano mais velho, a frequentar já o curso a que eu na altura me destinava, Direito.
No ERO, preparando-se o Virgílio para seguir Económicas, não frequentávamos a mesma turma e não coincidíamos nos horários. Mas almoçávamos e jantávamos à mesma hora, na casita modesta da Rua da Electricidade, ao som do Rádio Clube Português, dos “Parodiantes de Lisboa” ou do “Quando o telefone toca” de Matos Maia.
Duas ou três vezes por semana eu rumava, após o jantar, à residência paroquial onde partilhava o serão do Padre Renato entre o De Bello Gallico de Caius Julius Caesar (o meu encargo) e o Tintin do Hergé (o divertimento do padre). Nesses dias, era suposto o Virgílio ficar no seu quarto, a preparar as aulas e os pontos, mas ele aproveitava a oportunidade para sair. A minha companhia dispensava-a mal chegava à esquina da Avenida. Um dia vi-o entrar num “Mini” conduzido por um dos filhos de Alberto Pinto Ribeiro, o sócio-gerente da Secla, e fiquei apreensivo com o impacto de tais saídas na performance académica, já de si periclitante, do meu companheiro.
Ele estava porém acima de tudo preocupado com a reacção dos pais, se acaso a nossa senhoria os informasse da hora avançada a que o seu filho por vezes regressava a casa. Pediu então a minha conivência para um expediente que congeminara. Como o meu quarto dava para a rua, pediu-me que deixasse a janela apenas encostada, para que ele pudesse entrar por ali e seguir para o seu quarto, evitando o risco de alertar a senhoria com os estalidos da fechadura da porta.
Anui, solidário, sem perguntas. Até ontem, no Encontro dos antigos alunos do ERO (17 de Novembro de 2009).
Ficámos na mesma mesa. Nos 43 anos que decorreram sobre esse longínquo terceiro período (numa época em que os tempos lectivos eram ternários e não binários) vimo-nos três vezes – uma na faculdade, outra num movimento de professores e outra ainda no funeral de um antigo colega. Conheci desta vez a mulher e o sogro, que o acompanharam no almoço da "Lareira". Falámos sem pressas dos desafios que enfrentamos hoje e prometemos visitas mútuas aos locais onde criamos novos mundos. Foi então que a pergunta nunca antes feita emergiu e ganhou urgência. – Virgílio, onde iam vocês no Mini, que nunca te ouvir chegar?
E ele, numa resposta pronta, como se há muito a tivesse preparada: – Íamos a Lisboa, ao Aeroporto, e voltávamos de seguida. Sabes, o Luís saía furtivamente de casa, levando o carro da mãe. Ela não sabia de nada. Era uma viagem demorada. Como sabes. Hora e meia para lá, tomávamos qualquer coisa no Aeroporto, hora e meia para cá. Ali no Carregado passávamos sempre com o coração nas mãos. Havia um posto da GNR, lembras-te? E o Luís a conduzir sem carta... Mas o Aeroporto, João! O gozo que aquilo nos dava!
[Publicado em colaboração com o blogue dos Antigos Alunos do Externato Ramalho Ortigão]
domingo, 17 de janeiro de 2010
"A minha verdade"
"Agora que a poeira assentou, não queria deixar que o novo ano avançasse sem exercer o meu direito ao esclarecimento" - Fernando Lima, no Expresso de ontem.
A pergunta que não pode deixar de ser feita é: porque esperou desde Agosto para protestar contra a mentira e defender o seu bom nome?
Que razões se impuseram ao jornalista, ao político, ao amigo do Presidente, ao homem de bem, para que aceitasse postergar valores desta ordem?
E logicamente, que motivos ditaram que este fosse então o momento oportuno para os tentar repor?
A pergunta que não pode deixar de ser feita é: porque esperou desde Agosto para protestar contra a mentira e defender o seu bom nome?
Que razões se impuseram ao jornalista, ao político, ao amigo do Presidente, ao homem de bem, para que aceitasse postergar valores desta ordem?
E logicamente, que motivos ditaram que este fosse então o momento oportuno para os tentar repor?
sábado, 16 de janeiro de 2010
Teixeira Gomes
Alegre escolheu Portimão para o anuncio da sua segunda candidatura. Em Portimão nasceu uma figura prestigiada da Primeira República, o escritor e diplomata Manuel Teixeira Gomes. Teixeira Gomes foi também Presidente da República, eleito em 1923. Cumpriu apenas dois anos de mandato, resignando não só ao cargo como ao projecto de viver em Portugal. Morreu na Argélia.
Tem sentido para o escritor Manuel Alegre, que viveu exilado na Argélia, invocar Teixeira Gomes na hora da sua candidatura à Presidência.
Inexacta pois a observação do Expresso - "Portimão, terra-natal do último Presidente" e má inspiração constituiria certamente esse lugar de último para quem quer ganhar uma corrida presidencial. O último Presidente da Primeira República - supondo que é a essa época histórica que o jornal se reporta - foi Bernardino Machado.
Tem sentido para o escritor Manuel Alegre, que viveu exilado na Argélia, invocar Teixeira Gomes na hora da sua candidatura à Presidência.
Inexacta pois a observação do Expresso - "Portimão, terra-natal do último Presidente" e má inspiração constituiria certamente esse lugar de último para quem quer ganhar uma corrida presidencial. O último Presidente da Primeira República - supondo que é a essa época histórica que o jornal se reporta - foi Bernardino Machado.
Manuel Alegre
A questão que a meu ver se coloca hoje a Manuel Alegre e à sua candidatura é que ela não pode ser apenas uma reedição da candidatura de há quatro anos. O arranque ontem, pelo cenário escolhido e pelos temas do discurso, não denunciou, a meu ver, uma clara compreensão das novas exigências. Alegre quer candidatar-se em maré de expansão dos poderes presidenciais em época de crise ou quer ser o garante do equilíbrio semi-presidencial em fase de governo minoritário?
Os Presidentes posteriores à revisão constitucional de 1982 caminharam sempre de governos de minoria para governos de maioria (em coligação ou maioria de um só partido). Ao semi-presidencialismo parece "repugnar" o governo de maioria relativa, potencial gerador de instabilidade política. Com o actual Presidente, o ciclo inverteu-se: começou com uma maioria absoluta e está agora com uma maioria relativa.
Os Presidentes posteriores à revisão constitucional de 1982 caminharam sempre de governos de minoria para governos de maioria (em coligação ou maioria de um só partido). Ao semi-presidencialismo parece "repugnar" o governo de maioria relativa, potencial gerador de instabilidade política. Com o actual Presidente, o ciclo inverteu-se: começou com uma maioria absoluta e está agora com uma maioria relativa.
Os heróis de António Ferro
Rui Ramos aceitou o repto da Sábado: rever, com o critério de historiador, os “Grandes Portugueses”. No programa de Maria Elisa, os portugueses escolheram dez figuras, distribuídas aleatoriamente pela história. Agora a escolha circunscreveu-se a nove, uma por século.
A lista a que se chegou não tem surpresas: Afonso Henriques, Afonso III, Nuno Álvares Pereira, D. Henrique, Camões, D. João IV, Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo, Salazar. Foi construída, como é bom de ver, segundo o método conservador de projecção ideológica sobre o passado. Em 1940 esse modelo atingiu a expressão máxima com as comemorações do duplo centenário: oitos séculos de “fundação de Portugal” e três de “restauração da independência”. Salazar escolheu a sua linhagem: Fontes e as obras públicas (a que hoje chamamos modernização), o Marquês e o Estado forte (hoje dizemos robusto), D. João IV e a independência (o que designamos por viabilização), Camões e a alma nacional (identidade, dizemos agora), D. Henrique e as navegações (primeira globalização, referimos), condestável Nuno Alvares Pereira (agora beatificado), o rei Afonso de Portugal e dos Algarves (de facto, o primeiro rei do Portugal que chegou até nós), Afonso, o fundador da pátria (o construtor da autonomia).
Setenta anos depois, a lista de 1940 aparece validada pela nova história de Portugal!
A lista a que se chegou não tem surpresas: Afonso Henriques, Afonso III, Nuno Álvares Pereira, D. Henrique, Camões, D. João IV, Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo, Salazar. Foi construída, como é bom de ver, segundo o método conservador de projecção ideológica sobre o passado. Em 1940 esse modelo atingiu a expressão máxima com as comemorações do duplo centenário: oitos séculos de “fundação de Portugal” e três de “restauração da independência”. Salazar escolheu a sua linhagem: Fontes e as obras públicas (a que hoje chamamos modernização), o Marquês e o Estado forte (hoje dizemos robusto), D. João IV e a independência (o que designamos por viabilização), Camões e a alma nacional (identidade, dizemos agora), D. Henrique e as navegações (primeira globalização, referimos), condestável Nuno Alvares Pereira (agora beatificado), o rei Afonso de Portugal e dos Algarves (de facto, o primeiro rei do Portugal que chegou até nós), Afonso, o fundador da pátria (o construtor da autonomia).
Setenta anos depois, a lista de 1940 aparece validada pela nova história de Portugal!
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
Diário de ontem
10 h. Um Encontro Nacional da Rede Territorial Portuguesa das Cidades Educadoras começa em Leiria. Oportunidade para ouvir a Dr.ª Sofia Pereira inventariar boas práticas na cidade educadora e debater com os presentes, entre os quais se incluíam diversos vereadores da educação e da cultura, o triplo desafio que hoje impende sobre o património histórico: sócio-cultural, educativo e económico.
Na ocasião, a Dr.ª Ana Santos Ferreira proporciona-me uma visita às novas instalações do Museu da Imagem em Movimento, perto do Governo Civil e do edifício da PSP. Com projecto do Arquitecto Charters Monteiro, é uma imponente reconstrução. O programa de ocupação está em curso.
13 h. Fernando Mendes é o director da “Imagens e Letras”, editora que acaba de lançar uma fotobiografia de José Relvas, da autoria de José Noras. Almoço de trabalho para discutir um plano de divulgação desta obra, com a participação da Casa dos Patudos, no ano do centenário da implantação do regime republicano em Portugal.16 h. Visita ao Armazém das Artes para observar as novidades expositivas na secção dos mecanismos e aparelhos de precisão e ver a exposição dos desenhos preparatórios de Jorge Pinheiro para o seu quadro “O Guarda, o Pão e o Camponês”. José Aurélio acompanha-me na visita, falamos dos seus novos projectos, das dificuldades do Armazém. A sua instalação “A Arca do Alquimista” é fascinante.
20 h. O Joãozinho fez três anos. Tem o quarto cheio de réplicas de camionetas das obras que decorrem na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Haiti=desesperança
Peço licença a A. P. para transcrever aqui parte da carta que ontem enviou aos amigos dando conta da situação no Haiti, onde vivem e trabalham familiares seus:
O Haiti já era de uma pobreza terrível e com um sismo desta amplitude, a luta por medicamentos e
comida, qualquer tipo de bens transaccionáveis, deve ser ainda mais desesperada.Trata-se de um país onde nem nas cidades existem redes de distribuição de água, electricidade ou esgotos. Os rios atravessam-se a vau porque as pontes estão destruídas ou não existem. A violência é brutal, com crianças e mulheres a serem sistematicamente batidas e violadas. Quase não há vida de comunidade. A solidariedade ou a noção de corresponsabilização social são-lhes estranhas. Há roubo, vandalismo, lutas de gangs. Vivem das remessas dos haitianos emigrados no EUA ou Canadá. Pouco ou nada produzem.
Transmito-lhes o que me têm contado, evidentemente. [...] O Haiti é incomparavelmente mais pobre e, pior do que isso, desestruturado. Nada funciona: escolas, tribunais, hospitais. Imaginem, por exemplo, depois de muitas reuniões com os notáveis locais, que fica decidido fazer o esforço de constituir uma pequena esquadra de polícia. Depois da formação cívica e técnica dos futuros agentes da lei, da dotação de algum material para a esquadra, passado um mês desapareceu tudo porque papel, cadeiras, mesas, armas, foi tudo vendido e, para tornar a coisa mais clara, incendeiam o que fica!
Rodeado pelo magnífico Mar das Antilhas, nenhuma praia é utilizada: não há tratamento de esgotos - não há mesmo esgotos, é tudo a céu aberto e os detritos acumulados na areia são óptimos para a criação de porcos! Um mar que não sustenta quase nenhuma pesca, note-se. Com clima tropical húmido faz impressão não ver árvores em muitas áreas da ilha, todo o relevo despido de qualquer vegetação, cortado por ravinas que carreiam todo o solo arável para o mar.
Escrevo tal e qual como o tenho ouvido [...]. Escrevo também para que avaliem melhor o efeito de um sismo de tal grandeza e destruição nesta sociedade onde não existe nada senão desesperança.
O Haiti já era de uma pobreza terrível e com um sismo desta amplitude, a luta por medicamentos e
comida, qualquer tipo de bens transaccionáveis, deve ser ainda mais desesperada.Trata-se de um país onde nem nas cidades existem redes de distribuição de água, electricidade ou esgotos. Os rios atravessam-se a vau porque as pontes estão destruídas ou não existem. A violência é brutal, com crianças e mulheres a serem sistematicamente batidas e violadas. Quase não há vida de comunidade. A solidariedade ou a noção de corresponsabilização social são-lhes estranhas. Há roubo, vandalismo, lutas de gangs. Vivem das remessas dos haitianos emigrados no EUA ou Canadá. Pouco ou nada produzem.
Transmito-lhes o que me têm contado, evidentemente. [...] O Haiti é incomparavelmente mais pobre e, pior do que isso, desestruturado. Nada funciona: escolas, tribunais, hospitais. Imaginem, por exemplo, depois de muitas reuniões com os notáveis locais, que fica decidido fazer o esforço de constituir uma pequena esquadra de polícia. Depois da formação cívica e técnica dos futuros agentes da lei, da dotação de algum material para a esquadra, passado um mês desapareceu tudo porque papel, cadeiras, mesas, armas, foi tudo vendido e, para tornar a coisa mais clara, incendeiam o que fica!
Rodeado pelo magnífico Mar das Antilhas, nenhuma praia é utilizada: não há tratamento de esgotos - não há mesmo esgotos, é tudo a céu aberto e os detritos acumulados na areia são óptimos para a criação de porcos! Um mar que não sustenta quase nenhuma pesca, note-se. Com clima tropical húmido faz impressão não ver árvores em muitas áreas da ilha, todo o relevo despido de qualquer vegetação, cortado por ravinas que carreiam todo o solo arável para o mar.
Bairo de Martissant na capital do Haiti, Porto Príncipe
O brutal regime de Duvalier e os seu Tomtom Macoute reforçaram uma religiosidade cruel, baseada em práticas de vodu, que não hesitam em mutilar ou sacrificar crianças e jovens nos seus rituais.Escrevo tal e qual como o tenho ouvido [...]. Escrevo também para que avaliem melhor o efeito de um sismo de tal grandeza e destruição nesta sociedade onde não existe nada senão desesperança.
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
Os Fura vão ao Scala de Milão a 17 de Março
Levam Tannnäuser.
Uma encenação espectacular de Wagner foi apresentada pelos Fura dels Baus em Valencia.
Uma encenação espectacular de Wagner foi apresentada pelos Fura dels Baus em Valencia.
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
Tombe la neige
Não cheguei a Guimarães a tempo. Mas houve quem fotografasse a neve e cedesse as imagens. Obrigado, Senhora Vereadora.
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