quarta-feira, 26 de maio de 2010

De todas as ilusões contemporâneas...

Mas de todas as ilusões contemporâneas, a mais perigosa é a que sustenta e explica todas as outras. E essa ideia é a de que vivemos numa época sem precedentes: que o que nos está a acontecer é novo e irreversível e que o passado nada tem a ensinar-nos... excepto quando se trata de o pilhar em busca de precedentes convenientes.
[...] Esta temeridade talvez seja mais fácil de vender num país como os Estado Unidos - que venera o seu próprio passado mas presta insuficiente atenção à história do resto da humanidade - do que na Europa, onde era difícil, até há pouco tempo, passar ao lado do preço dos erros passados e da manifesta evidência das suas consequências. Mas mesmo na Europa, uma nova geração de cidadãos e políticos está cada vez mais esquecida da história.


Tony Judt, O Século XX Esquecido. Lugares e Memórias. Lisboa. Edições 70, 2009. p. 30.

2 comentários:

Chantre disse...

Uma outra ilusão, irmã gémea da assinalada, mas não menos perigosa, é a de que um absoluto começo, sem as "cadeias" da tradição e os "logros" do passado, propedêutico de um futuro radioso, é possível.

Isabel X disse...

Tanto se falou em "fim da história" que ele aí está, na ordem do dia...

No entanto, "Aquilo que alguma vez aconteceu será sempre possível", segundo Menassele Ben Israel.

- Isabel X -