A pretexto do debate que moderarei no próximo dia 30, aqui no Clube Literário do Porto.
De todas as transformações dos últimos três decénios, o desaparecimento dos "intelectuais" é talvez a mais sintomática. O século XX foi o século do intelectual: o próprio termo começou por ser usado (pejorativamente) na passagem do século, e desde o princípio descrevia homens e mulheres no mundo do ensino, literatura e artes, que se dedicavam ao debate e a influenciar a opinião e política públicas. O intelectual era, por definição, empenhado - "comprometido": geralmente com um ideal, um dogma, um projecto.
[...] Bem vistas as coisas, estes homens e mulheres constituíram uma "República das Letras" do século XX: uma comunidade virtual de diálogo e discussão, cuja influência reflectia e iluminava as escolhas trágicas da época.
[...] Mas acima de tudo, o século XX assistiu ao surgimento de um novo tipo de intelectual: o "viajante do século", desenraizado. Geralmente esses indivíduos haviam passado do compromisso político ou ideológico na sequência da Revolução Russa para um cepticismo cansado do mundo: compatível com uma espécie de liberalismo desiludido, pessimista, mas incompatibilizado com lealdades nacionais ou ideológicas.
[...] Porque toda essa paixão parece agora gasta, e as paixões contrárias que despertou [o marxismo] correspondentemente redundantes, os analistas de hoje tendem a menosprezar as "guerras culturais" ideológicas do século XX, e os desafios doutrinários e contradoutrinários, como um capítulo encerrado.
Tony Judt, O Século XX Esquecido: Lugares e Memórias. Lisboa, Edições 70, 2008. p. 23-27
quinta-feira, 29 de abril de 2010
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3 comentários:
- O Jacó, eu penso, que penso...
Será que os home, vão de forguete, lá no céu? Ou é, pra engana o povo?
-Barbaridade! Né Zaía. Tu nem sabe, que vão pros espaço, lá na lua!
-É... Mais vão fazê o quê, Jacó?
-Eles vai estudá os praneta.
-Bom, o compadinho diz, que até nem tem, forguete que vai, forguete que vem... E, eu cismo né! Onde o mundo acabô, "que tudo" nem vale nada.
-Ô Zaía. Os home, sempre viveu pra conhecê, pra pensa na causa perdida. Taí ô... Os antigo, ninguém era do Brasil, e achava até aborrecido ir pra navega. Tempo de antigamente era valentia, teve um que morreu, nas tema com povo, que o mar, era quadrado, e, que tudo caía, se fosse pro lado de lá.
-Lá onde?...
-Lá Zaía, no mundo assim, bem longe.
-Como tu sabe, Jacó?
- Orvi, ou, escutei os outro fala... Arfabetiza, homem Arfabetiza.
O que de fato significa conhecimento, e, qual o distanciamento nas emoções, motivações e consequências que validem as paixões pela causa? Falando pelo Brasil, o grito da independência limitou-se a uma simbologia do orgulho nacional. O verdadeiro espírito é de outro momento. Este pois, ficou preso as raízes que fecundaram um desbravamento, talvez até o do saber. Incoerência se não apontarmos figuras que querem nos adotar. O modelo americano por exemplo, que reflete nas suas regras e se eleva a tom de resposta, pulsa silenciosamente. Mas, na linguangem da natureza humana o mundo só é coerente através do poder. E, que infelizmente nos remete ao começo dos tempos. E, ao longo do processo evolutivo os chamados intelectuais, que inflamavam com perspectivas e fundamentos, modelando as relações de poder justificavam a tramitação do senso como "normal" a violência via de guerras, e que para romper ou invalidar esta referência seria preciso equalizar uma opinião diferenciada, igualitária e participativa. Talvez, um ponto de nivelação da reflexão mundial. Contrapartida amornou os ânimos. Somente picos de atitudes não sustentam os valores sociais. Questão delicada e decisiva na estruturação de uma sociedade menos agressiva na exclusão do indivíduo. Faz-se necessário utilizar este espaço para inibir a indiferença, o ostracismo que soma para enrijecer a democracia. O modelo deste século cabe uma busca a informação, capacitação e sabedoria, dentro de seus desencontros, insatisfações já que as dimensões intelectuais abordam outras necessidades fragmentadas e tecnológicas. Em nosso caso, o Brasil é um país do tamanho de sua solidariedade, mas sua cosnciência não é a do tempo real e sim a de que caminha no limite das sombras.
Diálogo (1) muito agradável.
Mas por que se há-de insistir que estamos perante um texto em português?!
Existem ocasiões que é preferível recolher-se à insignificância de um espaço não globalizado...
Bolgs, deste nível, são obviamente espaços deste século, para os poucos intelectuais que restam.
Coloquial; " ...A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros. Vinha da boca do povo na língua errada do povo.
Língua certa do povo. Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil..." Manuel Bandeira
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