terça-feira, 20 de abril de 2010

Como é que se chama o vulcão?

Fiz um pequeno inquérito entre os meus amigos, em especial os que directa ou indirectamente foram afectados pela ameaça da núvem de cinzas: sabe o nome do vulcão? é capaz de o soletrar e escrever?
Nem um só tinha olhado mais do que uma vez para esta constelação islandesa de letras: "Eyjafjallajoekull" e nenhum tivera a curiosidade de saber como se pronuncia.
Esta ausência de curiosidade e de vontade de vencer a resistência face a um nome difícil é consistente com a forma como não questionamos a exigência securitária que impôs a interdição dos voos em todo o espaço aéreo sobrevoado pelas partículas vulcânicas expelidas na Islândia. Soubemos agora que esta decisão se baseou na simulação em computador realizada com recurso a modelos matemáticos. Aparentemente o método experimental que revolucionou a ciência do mundo moderno foi posto de lado. Sem querer ser demagógico, o esquema desafio-resposta no qual se baseou o desenvolvimento civilizacional cede cada vez mais ao princípio da precaução. A navegação à vista não é recomendada pela racionalidade. Abaixo o empirismo!

5 comentários:

Chantre disse...

Ele foram as vacas loucas, ele foi a gripe aviária, ele foi a apocalíptica gripe suína, perdão, gripe A, ele foram as cinzas dos vulcões da gélida Islândia...
Que se seguirá?
A passada entre a prevenção sensata e o carneirismo acrítico é demasiado curta.

Xico disse...

A minha ignorância não me permite certamente entender como é que o uso de um modelo matemático não é considerado um método experimental!
Depois de casos concretos com nuvens vulcânicas e de nuvens que podem destruir em segundos aviões, como aconteceu no atlântico com a Air-France, o prof. João Serra gostaria de fazer experimentalismos com a vida de milhares de pessoas. Hoje já ouvi de tudo. Desde o castigo de Deus por um clérigo iraniano ao castigo da natureza pelo fracasso de Helsínquia dito por Mário Soares, só me faltava ouvir O meu caro (permita-me) prof. João Serra contestar a precaução.

João B. Serra disse...

Eu sei que estou em desvantagem porque dou a cara pelos meus erros, e portanto sou sempre imputável, mas só me ocorreu que ficar em casa não é o único método de contornar a probabilidade estatística de sermos atropelados ou contrairmos doenças de pele.

Cláudia S. Tomazi - SC, Brasil disse...

Talvez, o Sr. João, lançou um olhar análogo sobre o assunto.
O que eu andei...
O que eu pensei...
O que eu voei...

Matematicamente,
Absurdos pensantes.

Xico disse...

Tem toda a razão. Por isso também é necessário certa contenção nos comentários pois o autor dos posts encontra-se sempre em desvantagem. Não deixa de ser um exercício interessante. Mas o anonimato é mais uma defesa do que um ataque. Só assim pode ser compreendido.
Quanto ao vulcão e aos aeroportos, ao menos não morreu ninguém e redescobriram-se métodos de viajar interessantes. No fundo houve várias respostas ao desafio da falta de um vôo. Os viajantes cresceram concerteza com esta experiência. ): Houve muito experimentalismo e também empirismo concerteza.