sexta-feira, 30 de abril de 2010
À janela de Brel
Les fenêtres
Les fenêtres nous guettent
Quand notre cœur s'arrête
En croisant Louisette
Pour qui brûlent nos chairs
Les fenêtres rigolent
Quand elles voient la frivole
Qui offre sa corolle
À un clerc de notaire
Les fenêtres sanglotent
Quand à l'aube falote
Un enterrement cahote
Jusqu'au vieux cimetière
Mais les fenêtres froncent
Leurs corniches de bronze
Quand elles voient les ronces
Envahir leur lumière
Les fenêtres murmurent
Quand tombent en chevelure
Les pluies de la froidure
Qui mouillent les adieux
Les fenêtres chantonnent
Quand se lève à l'automne
Le vent qui abandonne
Les rues aux amoureux
Les fenêtres se taisent
Quand l'hiver les apaise
Et que la neige épaisse
Vient leur fermer les yeux
Mais les fenêtres jacassent
Quand une femme passe
Qui habite l'impasse
Où passent les Messieurs
La fenêtre est un œuf
Quand elle est œil-de-bœuf
Qui attend comme un veuf
Au coin d'un escalier
La fenêtre bataille
Quand elle est soupirail
D'où le soldat mitraille
Avant de succomber
Les fenêtres musardent
Quand elles sont mansardes
Et abritent les hardes
D'un poète oublié
Mais les fenêtres gentilles
Se recouvrent de grilles
Si par malheur on crie
" Vive la liberté"
Les fenêtres surveillent
L'enfant qui s'émerveille
Dans un cercle de vieilles
A faire ses premiers pas
Les fenêtres sourient
Quand quinze ans trop jolis
Ou quinze ans trop grandis
S'offrent un premier repas
Les fenêtres menacent
Les fenêtres grimacent
Quand parfois j'ai l'audace
D'appeler an chat un chat
Les fenêtres me suivent
Me suivent et me poursuivent
Jusqu'à ce que peur s'ensuive
Tout au fond de mes draps
Les fenêtres souvent
Traitent impunément
De voyous des enfants
Qui cherchent qui aimer
Les fenêtres souvent
Soupçonnent ces manants
Qui dorment sur les bancs
Et parlent l'étranger
Les fenêtres souvent
Se ferment en riant
Se ferment en criant
Quand on y va chanter
Ah je n'ose pas penser
Qu'elles servent à voiler
Plus qu'à laisser entrer
La lumière de l'été
Non je préfère penser
Qu'une fenêtre fermée
Ça ne sert qu'à aider
Les amants à s'aimer
Jacques Brel (1964)
quinta-feira, 29 de abril de 2010
O século XX foi o século do intelectual
A pretexto do debate que moderarei no próximo dia 30, aqui no Clube Literário do Porto.
De todas as transformações dos últimos três decénios, o desaparecimento dos "intelectuais" é talvez a mais sintomática. O século XX foi o século do intelectual: o próprio termo começou por ser usado (pejorativamente) na passagem do século, e desde o princípio descrevia homens e mulheres no mundo do ensino, literatura e artes, que se dedicavam ao debate e a influenciar a opinião e política públicas. O intelectual era, por definição, empenhado - "comprometido": geralmente com um ideal, um dogma, um projecto.
[...] Bem vistas as coisas, estes homens e mulheres constituíram uma "República das Letras" do século XX: uma comunidade virtual de diálogo e discussão, cuja influência reflectia e iluminava as escolhas trágicas da época.
[...] Mas acima de tudo, o século XX assistiu ao surgimento de um novo tipo de intelectual: o "viajante do século", desenraizado. Geralmente esses indivíduos haviam passado do compromisso político ou ideológico na sequência da Revolução Russa para um cepticismo cansado do mundo: compatível com uma espécie de liberalismo desiludido, pessimista, mas incompatibilizado com lealdades nacionais ou ideológicas.
[...] Porque toda essa paixão parece agora gasta, e as paixões contrárias que despertou [o marxismo] correspondentemente redundantes, os analistas de hoje tendem a menosprezar as "guerras culturais" ideológicas do século XX, e os desafios doutrinários e contradoutrinários, como um capítulo encerrado.
Tony Judt, O Século XX Esquecido: Lugares e Memórias. Lisboa, Edições 70, 2008. p. 23-27
De todas as transformações dos últimos três decénios, o desaparecimento dos "intelectuais" é talvez a mais sintomática. O século XX foi o século do intelectual: o próprio termo começou por ser usado (pejorativamente) na passagem do século, e desde o princípio descrevia homens e mulheres no mundo do ensino, literatura e artes, que se dedicavam ao debate e a influenciar a opinião e política públicas. O intelectual era, por definição, empenhado - "comprometido": geralmente com um ideal, um dogma, um projecto.
[...] Bem vistas as coisas, estes homens e mulheres constituíram uma "República das Letras" do século XX: uma comunidade virtual de diálogo e discussão, cuja influência reflectia e iluminava as escolhas trágicas da época.
[...] Mas acima de tudo, o século XX assistiu ao surgimento de um novo tipo de intelectual: o "viajante do século", desenraizado. Geralmente esses indivíduos haviam passado do compromisso político ou ideológico na sequência da Revolução Russa para um cepticismo cansado do mundo: compatível com uma espécie de liberalismo desiludido, pessimista, mas incompatibilizado com lealdades nacionais ou ideológicas.
[...] Porque toda essa paixão parece agora gasta, e as paixões contrárias que despertou [o marxismo] correspondentemente redundantes, os analistas de hoje tendem a menosprezar as "guerras culturais" ideológicas do século XX, e os desafios doutrinários e contradoutrinários, como um capítulo encerrado.
Tony Judt, O Século XX Esquecido: Lugares e Memórias. Lisboa, Edições 70, 2008. p. 23-27
quarta-feira, 28 de abril de 2010
terça-feira, 27 de abril de 2010
segunda-feira, 26 de abril de 2010
30 de Abril, no Porto
Os intelectuais e a política
30 de Abril, 21h30
Porto, Clube Literário do Porto
Moderador: João Bonifácio Serra
Oradores: Álvaro Domingues, José Pacheco Pereira, Manuel Loff
30 de Abril, 21h30
Porto, Clube Literário do Porto
Moderador: João Bonifácio Serra
Oradores: Álvaro Domingues, José Pacheco Pereira, Manuel Loff
domingo, 25 de abril de 2010
Uma grande região criativa
A economia criativa no discurso presidencial do 25 de Abril:
Graças à nossa riqueza histórica e cultural, ao talento de muitos dos nossos jovens, à capacidade de adaptação da nossa mão de obra e ao nosso clima privilegiado, temos ainda a possibilidade de desenvolver centros de excelência que se configurem como marcas distintivas à escala europeia.
À semelhança do que ocorreu noutras cidades da Europa, de Barcelona a Berlim, passando por Amesterdão ou Estocolmo, podemos fazer com que alguns centros urbanos se convertam em grandes pólos internacionais de criatividade e conhecimento.
Além da capital do País, o Porto é uma cidade que dispõe de todas as condições para ser um pólo aglutinador de novas indústrias criativas, ligadas às artes plásticas, à moda, à publicidade, ao design, ao cinema, ao teatro, à música e à dança, mas também à informática, à comunicação e ao digital.
Não é de hoje a vitalidade cultural portuense, como não é de hoje a capacidade empreendedora das gentes do Norte. O Porto sempre se orgulhou da sua vida intelectual e esse orgulho é legítimo: das letras às artes plásticas, passando pela arquitectura, aí existe muito do melhor que Portugal fez nas últimas décadas.
Uma aposta forte dos poderes públicos, conjugada com a capacidade já demonstrada pela sociedade civil relativamente a projectos culturais de referência, poderão fazer do Porto e do Norte uma grande região criativa, sinónimo de talento, de excelência e de inovação.
Aí existe um tecido humano feito de gente activa e dinâmica, um espírito de inovação e de risco, um culto do que é novo e diferente. Há capital humano de excelência, há estabelecimentos de ensino e equipamentos de qualidade. Só falta mobilizar esforços para transformar o Porto e o Norte numa grande região europeia vocacionada para a economia criativa e fazer desse objectivo uma prioridade da agenda política.
Estudos recentes vieram mostrar que as actividades culturais e criativas podem desempenhar um papel de crescente relevância na economia portuguesa, à semelhança do que ocorre noutras sociedades desenvolvidas e pós-industriais. Na Região Norte, aliás, foram já lançadas iniciativas visando tirar partido das suas potencialidades neste domínio.
O Porto presta-se claramente a exercer um papel de núcleo dinamizador do engenho criativo. O seu espaço urbano, aliando o antigo e o moderno, o esplendor do barroco das igrejas e a sobriedade da arquitectura contemporânea, pode converter-se numa marca de projecção internacional através de um movimento colectivo e inovador que atraia novas dinâmicas de desenvolvimento, com criadores talentosos, artistas portugueses e estrangeiros, empresários jovens com sentido de oportunidade.
Temos aí um enorme potencial para desenvolver um turismo diferente e de qualidade e para fundar uma nova centralidade alicerçada no vanguardismo estético e na inovação tecnológica e empresarial.
Graças à nossa riqueza histórica e cultural, ao talento de muitos dos nossos jovens, à capacidade de adaptação da nossa mão de obra e ao nosso clima privilegiado, temos ainda a possibilidade de desenvolver centros de excelência que se configurem como marcas distintivas à escala europeia.
À semelhança do que ocorreu noutras cidades da Europa, de Barcelona a Berlim, passando por Amesterdão ou Estocolmo, podemos fazer com que alguns centros urbanos se convertam em grandes pólos internacionais de criatividade e conhecimento.
Além da capital do País, o Porto é uma cidade que dispõe de todas as condições para ser um pólo aglutinador de novas indústrias criativas, ligadas às artes plásticas, à moda, à publicidade, ao design, ao cinema, ao teatro, à música e à dança, mas também à informática, à comunicação e ao digital.
Não é de hoje a vitalidade cultural portuense, como não é de hoje a capacidade empreendedora das gentes do Norte. O Porto sempre se orgulhou da sua vida intelectual e esse orgulho é legítimo: das letras às artes plásticas, passando pela arquitectura, aí existe muito do melhor que Portugal fez nas últimas décadas.
Uma aposta forte dos poderes públicos, conjugada com a capacidade já demonstrada pela sociedade civil relativamente a projectos culturais de referência, poderão fazer do Porto e do Norte uma grande região criativa, sinónimo de talento, de excelência e de inovação.
Aí existe um tecido humano feito de gente activa e dinâmica, um espírito de inovação e de risco, um culto do que é novo e diferente. Há capital humano de excelência, há estabelecimentos de ensino e equipamentos de qualidade. Só falta mobilizar esforços para transformar o Porto e o Norte numa grande região europeia vocacionada para a economia criativa e fazer desse objectivo uma prioridade da agenda política.
Estudos recentes vieram mostrar que as actividades culturais e criativas podem desempenhar um papel de crescente relevância na economia portuguesa, à semelhança do que ocorre noutras sociedades desenvolvidas e pós-industriais. Na Região Norte, aliás, foram já lançadas iniciativas visando tirar partido das suas potencialidades neste domínio.
O Porto presta-se claramente a exercer um papel de núcleo dinamizador do engenho criativo. O seu espaço urbano, aliando o antigo e o moderno, o esplendor do barroco das igrejas e a sobriedade da arquitectura contemporânea, pode converter-se numa marca de projecção internacional através de um movimento colectivo e inovador que atraia novas dinâmicas de desenvolvimento, com criadores talentosos, artistas portugueses e estrangeiros, empresários jovens com sentido de oportunidade.
Temos aí um enorme potencial para desenvolver um turismo diferente e de qualidade e para fundar uma nova centralidade alicerçada no vanguardismo estético e na inovação tecnológica e empresarial.
sábado, 24 de abril de 2010
"Aquí Estoy"
Huidobro (aqui referido), é um poeta chileno que nasceu em 1893 e morreu, com uma sequela de um ferimento de guerra, em 1948. No cemitério de Cartagena, onde está enterrado, o seu epitáfio diz: "Aquí yace el poeta Vicente Huidobro. Abrid la tumba. Al fondo de esta tumba se ve el mar".
Vicente foi um intelectual comunista que viajou pela Europa e pelos Estados Unidos, conviveu com intelectuais e artistas em Paris, como Apollinaire, Cocteau, Breton, Louis Aragon, Max Jacob, Paul Eluard e Picasso (que o retratou) e Hollywood, como Charles Chaplin, Douglas Fairbanks e Gloria Swanson. Foi um vanguardista que fundou uma escola literária, o criacionismo.
Em 1935, a publicação de uma Antologia da Nova Poesia Chilena, organizada por Eduardo Anguita, desencadeou uma formidável reacção de inveja descontrolada de Pablo Neruda que não poupou insultos ao seu rival.
Nessa tormenta de ódio, envolveu Neruda outro poeta chileno, igualmente comunista, Pablo de Rokha (pseudónimo literário de Carlos Diaz Loyola, naacido em 1894 e falecido em 1968). Rokha foi embaixador itinerante para a América e escreveu em 1951 uma critica verrinosa a Neruda, acusando-o de falso artista e falso militante.
Editado em Paris, em 1938, o poema Aqui Estoy é um panfleto onde Neruda fulmina aqueles seus inimigos literários.
Vide, a propósito, Edmundo Olivares B., Pablo Neruda: Los Caminos del Mundo. Tras las Huellas del Poeta Itinerante II (19333-1939). p. 332-233 (para ler aqui).
Aquí estoy
Con mis labios de hierro
Y un ojo en cada mano
Y con mi corazón completamente.
Y viene el alba y viene el alba
Y viene el alba
Y aquí estoy
A pesar de perros, a pesar de lobos
A pesar de pesadillas,
a pesar de ladillas,
a pesar de pesares.
Estoy lleno de lágrimas y amapolas cortadas
Y pálidas palomas de energía,
Y con todos los dientes y los dedos escribo,
Y con todas las materias de mar,
Con todas las materias del corazón escribo.
CABRONES
Hijos de puta.
Hoy ni mañana
Ni jamás acabaréis conmigo.
Tengo lleno de pétalos los testículos
tengo lleno de pájaros el pelo,
Tengo poesía y vapores
Cementerios y casas
Gente que se ahoga
Incendio en mis veinte poemas,
En mis semanas y en mis caballerías
Y me cago en la puta que os mal parió
Derrokas, patíbulos,
Vidobros,
Y aunque escribáis en francés con el retrato de Picasso en las verijas
Y aunque muy a menudo robéis espejos y llevéis a la venta
El retrato de vuestras hermanas,
A mí no me alcanzáis ni con anónimos,
Ni con saliva.
Existo entre metales y las harinas de las alas
Entre el mundo y el cielo, con un corazón lleno de sangre y rocío.
Venid a lastimarme con esputos
De la mañana a la noche,
No inauguréis nuevos adulterios con jóvenes vacas amaestradas,
No os hagáis secuestrar,
Ni mañana os hagáis comunistas de culo dorado,
Sino verted vinagre,
Echad por la boca el semen recogido en las vulvas de las prostitutas
Y rociad las paredes de los water-closets
Con toda vuestra mierda que os condeno a tragar otra vez
Con el solo hecho de que yo de la mañana a la noche escribo
Cosas llenas de agujas y cenizas,
Aguas amargas caídas para siempre en vuestra muerte.
Muerte, muerte, muerte,
Muerte al ladrón de cuadros
Muerte a la bacinica de Reverdy
Muerte a las sucias vacas envidiosas
Que ladran con los intestinos cocidos en envidia.
En cal y podredumbre,
Muerte al bandido que cambia fecha en sus libros y con la otra mano
Vive de puro perro y puro rico,
Vive de oscuras administraciones.
Vive fabricando incestos con hijas de madres ultrajadas;
Muerte al bandido, al estafador de diez años,
Cuadros, muebles, tíos, hermanos,
Provincias saqueadas y después colgar a las babosas barbas del coronel
Y del útero podrido de la podrida esposa del coronel.
Huid de mí podridos,
Haced clases de estética y callampas,
Haceos raptar por scouts finlandeses,
Mercachifles hediondos a catres de prostituidas,
Pero a mi no me vengáis porque soy puro,
Y con la garganta y el alma os vomito catorce veces,
Os vomito cuatrocientas veces, a vosotros y a vuestras jeringas,
Aunque colaboréis en la opinión y en la MATONERÍA
Aunque cada día cultivéis con mayor atención vuestra bilis y vuestra mierda.
Permitidme una pálida cosa,
Con treinta años ardientes,
Y un alma de hueso y laberinto,
Permitidme cagarme en vuestras cosas y en vuestras abuelas,
Y en las revistillas de jóvenes ombligos
En que derretís las últimas chispas que os salen del culo.
Mierda, mierda y mierda
Tierra, tierra y tierra,
Gusanos,
Para vosotros
Falsos caudillos interrumpidos de envidia,
Poetas tartamudos,
Polvo, polvo, polvo
Para vuestras cenizas.
De nada vale vuestro nombre de pila traducido al francés,
Como convinche al juda cursi,
De nada venir de Talca dispuestos a ser genios,
Os mato
Os mato con espumas y sacrificios
Os meo
Envidiosos, ladrones
HIJOS DEL HIJO DE LA SUEGRA DE LA PUTA
Os meo eternamente en vuestros hígados y en vuestros hijos,
Os meo en la fuente del corazón, que habéis cubierto de estiércol
Y habéis alimentado de estiércol y habéis asesinado con estiércol.
Mientras el mundo se surte de llantos a cada lado,
Y los trabajadores y los alcaldes crujen de sangre
Mientras el mapa se sobrecoge entre las sábanas
Y las angustias hacen crecer los cabildos,
Hay literatos de siniestras caras,
Ladrones verdes,
Payasos de feria, miserables de Talca,
Descubriendo odios, fabricando pequeños plagios,
Enviando anónimos que la peor enferma de histeria rechazaría.
Disfrazados de comunistas, náufragos y fecales,
Y mientras a la mamá sacan dinero,
Al coronel sacan dinero,
Viva el comunismo dicen las letrinas,
Mientras el mundo nace y cae
Sólo el odio y la envidia crecen en las uñas
Y se preocupan de denunciar, de mancillar
Los hediondos,
Mientras Alberti lucha,
Gonzalez Tuñón lucha,
Aragón lucha,
Los hediondos disfrazados
Corren detrás de la literatura
Echando sangre de parto maldito,
Echando abecedarios y pescados vinagres;
Diciendo: acusemos a aquel
Y así llegaremos a creer que somos genios,
Los hediondos,
Incapaces del bien, incapaces del mal,
Incapaces del suelo.
PORQUE morirán muertos entre eructos de doctores borrachos y pedos traducidos,
Porque el gusano está vivo entre ellos y ordena,
Porque han nacido entre muelas cariadas y gatos escupidos,
Porque su sangre de sobacos sucios será fuente de víboras siniestras,
Porque hasta a ellos mismos llegarán a morderlos,
Hasta las piedras agonizantes de desprecio,
Hasta el de Talca convincente espanto
Llegarán algunos días con cuchillos diciendo:
Antes de que hables y publiques devuelve cabrón del aire lo que robas
Las aguas fuertes, los óleos, los pesos, ladrón de camaradas,
Hipo de cerdo.
Y entonces en la sombra Apolliniare
y otros muchos contestan:
Aquí estuvo el inmundo,
moviendo las aletas, secuestrándose
Y dando pequeños gritos
de niña raptada.
Albión me teme, seré presidente (y un pedo se le escapa).
HORROR de sueños, carencia de venas;
Aquí pasó, su nombre transformó
Y en talquinas uniones panfletos purulentos repartió
Y lamiendo escritores y sobornando puertas
Su destino de loro bisiesto continúa.
Este momento para ser libertario,
El siglo se hunde,
Nos haremos héroes
Con una pluma entre los pies
Y odio en los párpados
Cenizas en los cojones
Venga Lenin, robando,
Simulando
Con palacio en la calle principal
O coronel vestido de camello.
No, villanos,
A mí no me engañáis
Si el mundo se transforma
Caed en la ciénaga, al luto y a la lepra,
Al francés y a la megalomanía
Vargasvilas con cabezas de zorra,
Danunzios más baratos que un pollino podrido,
A mí no me asustáis
Con pequeños insultos que podéis repetir llenos de gozo a vuestras enfermeras.
Aquí estoy
Echando hasta morirme poemas por los dientes,
Hasta que me matéis
A veneno y a sombra.
Pero nunca, prefiero morir matando vuestros cadáveres de 50 años
Y desde hoy tendréis hundida la espada en vuestros intestinos de envidia y fracaso
Para que gritéis: “Neruda no existe”
Y os carguéis de melancolía.
Muertos; muertos en castellano, francés y pus,
Muertos en horrorosa cascada de amargura
Corred al nicho,
Ahora mismo, corred al nicho enarbolando de nuevo identidad falsificada.
Pero aún es tiempo del catolicismo,
Os quedan sotanas y nuevas posturas por ensuciar
Tristes cobardes
Os queda aún la teosofía
Y las espuelas por correspondencia.
Ya habéis escrito la biografía de papá por su hija caliente;
Y habéis empeñado las pezuñas del coronel en el Chile agricultor.
Ahora vended a vuestras madres
Y dedicaos al ciclismo.
Yo he conocido rebeldes. Artesanos
Poetas de frentes limpias y manos limpias,
Seres humanos
Pero no peste, pus y callos como vosotros.
Conocedme.
Soy el que sabe y el que canta y no podréis matarme
aunque os partáis las venas
Y volváis a NACER ENTRE MIERDAS.
ADIÓS A MUERTE
ADIÓS A VIDA
FRACASADOS.
AQUÍ ESTOY CON HARINAS Y SIMIENTES
AQUÍ ESTOY HACIENDO PÁJAROS
VENID A MI HORRIBLES SERES MUERTOS
A CLAVAR CADÁVERES EN MI ALMA
PARA QUE EN VUESTRA MUERTE, EN EL
HORRIBLE OLOR DE MUERTE DE VUESTRAS MUERTES
OS AYUDE A SALIR DE LAS TUMBAS AMARGAS
EN QUE ESTARÉIS LLENOS DE BABA PÚTRIDA
CON EL OLVIDO A CUATRO LABIOS
Y UNA VÍBORA NEGRA EN LA GARGANT
Vicente foi um intelectual comunista que viajou pela Europa e pelos Estados Unidos, conviveu com intelectuais e artistas em Paris, como Apollinaire, Cocteau, Breton, Louis Aragon, Max Jacob, Paul Eluard e Picasso (que o retratou) e Hollywood, como Charles Chaplin, Douglas Fairbanks e Gloria Swanson. Foi um vanguardista que fundou uma escola literária, o criacionismo.
Em 1935, a publicação de uma Antologia da Nova Poesia Chilena, organizada por Eduardo Anguita, desencadeou uma formidável reacção de inveja descontrolada de Pablo Neruda que não poupou insultos ao seu rival.
Nessa tormenta de ódio, envolveu Neruda outro poeta chileno, igualmente comunista, Pablo de Rokha (pseudónimo literário de Carlos Diaz Loyola, naacido em 1894 e falecido em 1968). Rokha foi embaixador itinerante para a América e escreveu em 1951 uma critica verrinosa a Neruda, acusando-o de falso artista e falso militante.
Editado em Paris, em 1938, o poema Aqui Estoy é um panfleto onde Neruda fulmina aqueles seus inimigos literários.
Vide, a propósito, Edmundo Olivares B., Pablo Neruda: Los Caminos del Mundo. Tras las Huellas del Poeta Itinerante II (19333-1939). p. 332-233 (para ler aqui).
Aquí estoy
Con mis labios de hierro
Y un ojo en cada mano
Y con mi corazón completamente.
Y viene el alba y viene el alba
Y viene el alba
Y aquí estoy
A pesar de perros, a pesar de lobos
A pesar de pesadillas,
a pesar de ladillas,
a pesar de pesares.
Estoy lleno de lágrimas y amapolas cortadas
Y pálidas palomas de energía,
Y con todos los dientes y los dedos escribo,
Y con todas las materias de mar,
Con todas las materias del corazón escribo.
CABRONES
Hijos de puta.
Hoy ni mañana
Ni jamás acabaréis conmigo.
Tengo lleno de pétalos los testículos
tengo lleno de pájaros el pelo,
Tengo poesía y vapores
Cementerios y casas
Gente que se ahoga
Incendio en mis veinte poemas,
En mis semanas y en mis caballerías
Y me cago en la puta que os mal parió
Derrokas, patíbulos,
Vidobros,
Y aunque escribáis en francés con el retrato de Picasso en las verijas
Y aunque muy a menudo robéis espejos y llevéis a la venta
El retrato de vuestras hermanas,
A mí no me alcanzáis ni con anónimos,
Ni con saliva.
Existo entre metales y las harinas de las alas
Entre el mundo y el cielo, con un corazón lleno de sangre y rocío.
Venid a lastimarme con esputos
De la mañana a la noche,
No inauguréis nuevos adulterios con jóvenes vacas amaestradas,
No os hagáis secuestrar,
Ni mañana os hagáis comunistas de culo dorado,
Sino verted vinagre,
Echad por la boca el semen recogido en las vulvas de las prostitutas
Y rociad las paredes de los water-closets
Con toda vuestra mierda que os condeno a tragar otra vez
Con el solo hecho de que yo de la mañana a la noche escribo
Cosas llenas de agujas y cenizas,
Aguas amargas caídas para siempre en vuestra muerte.
Muerte, muerte, muerte,
Muerte al ladrón de cuadros
Muerte a la bacinica de Reverdy
Muerte a las sucias vacas envidiosas
Que ladran con los intestinos cocidos en envidia.
En cal y podredumbre,
Muerte al bandido que cambia fecha en sus libros y con la otra mano
Vive de puro perro y puro rico,
Vive de oscuras administraciones.
Vive fabricando incestos con hijas de madres ultrajadas;
Muerte al bandido, al estafador de diez años,
Cuadros, muebles, tíos, hermanos,
Provincias saqueadas y después colgar a las babosas barbas del coronel
Y del útero podrido de la podrida esposa del coronel.
Huid de mí podridos,
Haced clases de estética y callampas,
Haceos raptar por scouts finlandeses,
Mercachifles hediondos a catres de prostituidas,
Pero a mi no me vengáis porque soy puro,
Y con la garganta y el alma os vomito catorce veces,
Os vomito cuatrocientas veces, a vosotros y a vuestras jeringas,
Aunque colaboréis en la opinión y en la MATONERÍA
Aunque cada día cultivéis con mayor atención vuestra bilis y vuestra mierda.
Permitidme una pálida cosa,
Con treinta años ardientes,
Y un alma de hueso y laberinto,
Permitidme cagarme en vuestras cosas y en vuestras abuelas,
Y en las revistillas de jóvenes ombligos
En que derretís las últimas chispas que os salen del culo.
Mierda, mierda y mierda
Tierra, tierra y tierra,
Gusanos,
Para vosotros
Falsos caudillos interrumpidos de envidia,
Poetas tartamudos,
Polvo, polvo, polvo
Para vuestras cenizas.
De nada vale vuestro nombre de pila traducido al francés,
Como convinche al juda cursi,
De nada venir de Talca dispuestos a ser genios,
Os mato
Os mato con espumas y sacrificios
Os meo
Envidiosos, ladrones
HIJOS DEL HIJO DE LA SUEGRA DE LA PUTA
Os meo eternamente en vuestros hígados y en vuestros hijos,
Os meo en la fuente del corazón, que habéis cubierto de estiércol
Y habéis alimentado de estiércol y habéis asesinado con estiércol.
Mientras el mundo se surte de llantos a cada lado,
Y los trabajadores y los alcaldes crujen de sangre
Mientras el mapa se sobrecoge entre las sábanas
Y las angustias hacen crecer los cabildos,
Hay literatos de siniestras caras,
Ladrones verdes,
Payasos de feria, miserables de Talca,
Descubriendo odios, fabricando pequeños plagios,
Enviando anónimos que la peor enferma de histeria rechazaría.
Disfrazados de comunistas, náufragos y fecales,
Y mientras a la mamá sacan dinero,
Al coronel sacan dinero,
Viva el comunismo dicen las letrinas,
Mientras el mundo nace y cae
Sólo el odio y la envidia crecen en las uñas
Y se preocupan de denunciar, de mancillar
Los hediondos,
Mientras Alberti lucha,
Gonzalez Tuñón lucha,
Aragón lucha,
Los hediondos disfrazados
Corren detrás de la literatura
Echando sangre de parto maldito,
Echando abecedarios y pescados vinagres;
Diciendo: acusemos a aquel
Y así llegaremos a creer que somos genios,
Los hediondos,
Incapaces del bien, incapaces del mal,
Incapaces del suelo.
PORQUE morirán muertos entre eructos de doctores borrachos y pedos traducidos,
Porque el gusano está vivo entre ellos y ordena,
Porque han nacido entre muelas cariadas y gatos escupidos,
Porque su sangre de sobacos sucios será fuente de víboras siniestras,
Porque hasta a ellos mismos llegarán a morderlos,
Hasta las piedras agonizantes de desprecio,
Hasta el de Talca convincente espanto
Llegarán algunos días con cuchillos diciendo:
Antes de que hables y publiques devuelve cabrón del aire lo que robas
Las aguas fuertes, los óleos, los pesos, ladrón de camaradas,
Hipo de cerdo.
Y entonces en la sombra Apolliniare
y otros muchos contestan:
Aquí estuvo el inmundo,
moviendo las aletas, secuestrándose
Y dando pequeños gritos
de niña raptada.
Albión me teme, seré presidente (y un pedo se le escapa).
HORROR de sueños, carencia de venas;
Aquí pasó, su nombre transformó
Y en talquinas uniones panfletos purulentos repartió
Y lamiendo escritores y sobornando puertas
Su destino de loro bisiesto continúa.
Este momento para ser libertario,
El siglo se hunde,
Nos haremos héroes
Con una pluma entre los pies
Y odio en los párpados
Cenizas en los cojones
Venga Lenin, robando,
Simulando
Con palacio en la calle principal
O coronel vestido de camello.
No, villanos,
A mí no me engañáis
Si el mundo se transforma
Caed en la ciénaga, al luto y a la lepra,
Al francés y a la megalomanía
Vargasvilas con cabezas de zorra,
Danunzios más baratos que un pollino podrido,
A mí no me asustáis
Con pequeños insultos que podéis repetir llenos de gozo a vuestras enfermeras.
Aquí estoy
Echando hasta morirme poemas por los dientes,
Hasta que me matéis
A veneno y a sombra.
Pero nunca, prefiero morir matando vuestros cadáveres de 50 años
Y desde hoy tendréis hundida la espada en vuestros intestinos de envidia y fracaso
Para que gritéis: “Neruda no existe”
Y os carguéis de melancolía.
Muertos; muertos en castellano, francés y pus,
Muertos en horrorosa cascada de amargura
Corred al nicho,
Ahora mismo, corred al nicho enarbolando de nuevo identidad falsificada.
Pero aún es tiempo del catolicismo,
Os quedan sotanas y nuevas posturas por ensuciar
Tristes cobardes
Os queda aún la teosofía
Y las espuelas por correspondencia.
Ya habéis escrito la biografía de papá por su hija caliente;
Y habéis empeñado las pezuñas del coronel en el Chile agricultor.
Ahora vended a vuestras madres
Y dedicaos al ciclismo.
Yo he conocido rebeldes. Artesanos
Poetas de frentes limpias y manos limpias,
Seres humanos
Pero no peste, pus y callos como vosotros.
Conocedme.
Soy el que sabe y el que canta y no podréis matarme
aunque os partáis las venas
Y volváis a NACER ENTRE MIERDAS.
ADIÓS A MUERTE
ADIÓS A VIDA
FRACASADOS.
AQUÍ ESTOY CON HARINAS Y SIMIENTES
AQUÍ ESTOY HACIENDO PÁJAROS
VENID A MI HORRIBLES SERES MUERTOS
A CLAVAR CADÁVERES EN MI ALMA
PARA QUE EN VUESTRA MUERTE, EN EL
HORRIBLE OLOR DE MUERTE DE VUESTRAS MUERTES
OS AYUDE A SALIR DE LAS TUMBAS AMARGAS
EN QUE ESTARÉIS LLENOS DE BABA PÚTRIDA
CON EL OLVIDO A CUATRO LABIOS
Y UNA VÍBORA NEGRA EN LA GARGANT
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Até amanhã
Allá me esperan hasta mañana
Buen viaje
Un poco más lejos
Termina la Tierra
Pasan los ríos bajo las barcas
La vida ha de pasar
Vicente Huidobro
Buen viaje
Un poco más lejos
Termina la Tierra
Pasan los ríos bajo las barcas
La vida ha de pasar
Vicente Huidobro
quarta-feira, 21 de abril de 2010
Um belo rapaz, o deficit. Já fora com ele a Sintra
Eça de Queirós, Os Maias, capítulo 18.
Depois, descendo para a rua Nova do Almada, contou [Ega a Carlos da Maia] o caso da Adosinda. Fora no Silva, havia duas semanas, estando ele a cear com rapazes depois de S. Carlos, que lhes aparecera essa mulher inverosímil, vestida de vermelho, carregando sensatamente nos rr, metendo rr em todas as palavras, e perguntando pelo Sr. virrsconde... Qual virrsconde? Ela não sabia bem. Erra um virrsconde que encontrrárra no Crroliseu. Senta-se, oferecem-lhe champagne, e D. Adosinda começa a revelar-se um ser prodigioso. Falavam de política, do ministério e do déficit. D. Adosinda declara logo que conhece muito bem o déficit, e que é um belo rapaz... O déficit belo rapaz - imensa gargalhada! D. Adosinda zanga-se, exclama que já fora com ele a Sintra, que é um perfeito cavalheiro, e empregado no Banco Inglês... O déficit empregado no Banco Inglês - gritos, uivos, urros! E não cessou esta gargalhada continua, estrondosa, frenética, até ás cinco da manhã em que D. Adosinda fora rifada e saíra ao Teles!... Noite soberba!
Depois, descendo para a rua Nova do Almada, contou [Ega a Carlos da Maia] o caso da Adosinda. Fora no Silva, havia duas semanas, estando ele a cear com rapazes depois de S. Carlos, que lhes aparecera essa mulher inverosímil, vestida de vermelho, carregando sensatamente nos rr, metendo rr em todas as palavras, e perguntando pelo Sr. virrsconde... Qual virrsconde? Ela não sabia bem. Erra um virrsconde que encontrrárra no Crroliseu. Senta-se, oferecem-lhe champagne, e D. Adosinda começa a revelar-se um ser prodigioso. Falavam de política, do ministério e do déficit. D. Adosinda declara logo que conhece muito bem o déficit, e que é um belo rapaz... O déficit belo rapaz - imensa gargalhada! D. Adosinda zanga-se, exclama que já fora com ele a Sintra, que é um perfeito cavalheiro, e empregado no Banco Inglês... O déficit empregado no Banco Inglês - gritos, uivos, urros! E não cessou esta gargalhada continua, estrondosa, frenética, até ás cinco da manhã em que D. Adosinda fora rifada e saíra ao Teles!... Noite soberba!
terça-feira, 20 de abril de 2010
Como é que se chama o vulcão?
Fiz um pequeno inquérito entre os meus amigos, em especial os que directa ou indirectamente foram afectados pela ameaça da núvem de cinzas: sabe o nome do vulcão? é capaz de o soletrar e escrever?
Nem um só tinha olhado mais do que uma vez para esta constelação islandesa de letras: "Eyjafjallajoekull" e nenhum tivera a curiosidade de saber como se pronuncia.
Esta ausência de curiosidade e de vontade de vencer a resistência face a um nome difícil é consistente com a forma como não questionamos a exigência securitária que impôs a interdição dos voos em todo o espaço aéreo sobrevoado pelas partículas vulcânicas expelidas na Islândia. Soubemos agora que esta decisão se baseou na simulação em computador realizada com recurso a modelos matemáticos. Aparentemente o método experimental que revolucionou a ciência do mundo moderno foi posto de lado. Sem querer ser demagógico, o esquema desafio-resposta no qual se baseou o desenvolvimento civilizacional cede cada vez mais ao princípio da precaução. A navegação à vista não é recomendada pela racionalidade. Abaixo o empirismo!
Nem um só tinha olhado mais do que uma vez para esta constelação islandesa de letras: "Eyjafjallajoekull" e nenhum tivera a curiosidade de saber como se pronuncia.
Esta ausência de curiosidade e de vontade de vencer a resistência face a um nome difícil é consistente com a forma como não questionamos a exigência securitária que impôs a interdição dos voos em todo o espaço aéreo sobrevoado pelas partículas vulcânicas expelidas na Islândia. Soubemos agora que esta decisão se baseou na simulação em computador realizada com recurso a modelos matemáticos. Aparentemente o método experimental que revolucionou a ciência do mundo moderno foi posto de lado. Sem querer ser demagógico, o esquema desafio-resposta no qual se baseou o desenvolvimento civilizacional cede cada vez mais ao princípio da precaução. A navegação à vista não é recomendada pela racionalidade. Abaixo o empirismo!
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Ana Mercedes
Ana Mercedes que ontem na Casa dos Patudos falou do seu trabalho, deixou transparecer as qualidades que marcaram a sua passagem pelo património em Leiria: a direcção do Centro do Património da Alta Estremadura e a Casa-Museu João Soares: clareza de propósitos, exigência nas metodologias de acção, capacidade de mobilização e liderança de equipas.
O dinamismo equilibrado e o entusiasmo comedido são os grandes dotes desta galega que um dia se apaixonou (foi este termo que usou na apresentação que fez em Alpiarça) por um empresário da região de Leiria. O tema que nos trouxe - a função social das Casas-Museus - assente na sua própria experiência, remete para uma forma de conferir à intervenção cultural uma dimensão cívica permanente. Mesmo se as perguntas que nos propõe já contêm as respostas, Ana dispõe daquela desarmante simplicidade que faz das ideias simples e óbvias simplesmente ideias simples e óbvias.
O dinamismo equilibrado e o entusiasmo comedido são os grandes dotes desta galega que um dia se apaixonou (foi este termo que usou na apresentação que fez em Alpiarça) por um empresário da região de Leiria. O tema que nos trouxe - a função social das Casas-Museus - assente na sua própria experiência, remete para uma forma de conferir à intervenção cultural uma dimensão cívica permanente. Mesmo se as perguntas que nos propõe já contêm as respostas, Ana dispõe daquela desarmante simplicidade que faz das ideias simples e óbvias simplesmente ideias simples e óbvias.
Tolerâncias
Houve um tempo em que visitas papais eram ocasião para amnistias, agora são-no para férias de funcionários públicos. Transições e modulações do laicismo em vigor.
domingo, 18 de abril de 2010
sábado, 17 de abril de 2010
Diversificação
Conversa ouvida ontem, ocasionalmente, da mesa ao lado. "Era uma empresa tecnológica, sempre apontada como exemplo de sucesso, facturava 10 milhões/ano. Quando chegou aos 3 milhões, o proprietário, que começara numa start up criada pela Universidade, decidiu pôr ponto final. Comprou 9 mil hectares junto à praia, no Brasil, e vai agora dedicar-se ao imobiliário".
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Desenho
No passado dia 8, a Biblioteca de Geografia e História da Universidade Complutense de Madrid assinalou, na rubrica "Efemérides" que mantém no Facebook, a data da morte de Pablo Picasso (8 de Abril de 1973). Indicou, a propósito, um pequeno filme que mostra o pintor a desenhar, chamando a atenção para a segurança e vitalidade da mão de um homem de 69 anos. A questão essencial não é todavia essa, mas a da evidência de que um grande pintor é sempre, e em primeiro lugar, um desenhador, um desenhador, um desenhador. Mais interessante, para o demonstrar, no caso de Picasso, seria mostrar os seus primeiros trabalhos. Está lá o talento e o exercício que permite adivinhar o que veio a ser.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Liceu Camões
Foi ali que se formou, logo a seguir ao 25 de Abril, um importante núcleo docente de produção de ideias e práticas inovadoras, que iam do sindicalismo à actividade pedagógica, da organização da escola à critica da função social do ensino e do professor.
Os professores que integraram esse grupo plural tinham origens intelectuais, politicas e geracionais distintas. O papel motivador foi no entanto exercido por quem não teria muito mais que trinta anos e uma posição caracterizada por uma grande autonomia relativamente à acção dos aparelhos partidários.
O meu encontro com este grupo deu-se na véspera do 1º de Maio de 1974, quando conheci, na garagem de um prédio na rua em que morava, alguns colegas que discutiam as palavras de ordem do cartaz que pretendiam levar à manifestação do dia seguinte. No Liceu do Padre António Vieira, onde eu leccionava, tomara conhecimento de que os Grupos de Estudo do Ensino Preparatório e Secundário, hegemonizados pelo Partido Comunista, convocavam os professores sob uma palavra de ordem reivindicando uma associação para a classe. Parecendo-me recuada esta posição, procurei encontrar quem estivesse disposto a questioná-la, e assim fui conduzido a esse local, onde rapidamente chegámos à formula sob a qual viríamos a desfilar entre a Avenida Almirante Reis e o Estádio 1º de Maio: Por um Sindicato dos Professores. Destacava-se desse grupo alguém que não conhecia pessoalmente mas que era já uma referência - do teatro, da literatura -: Eduarda Dionísio. Ali principiou entre nós um companheirismo intelectual, uma solidariedade militante, um activismo sindical e politico partilhado que duraria décadas. Pouco mais de um mês depois estávamos implicados no primeiro processo de eleição sindical no pós-25 de Abril: eleições para a Comissão Directiva do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
No anos seguintes – de 1974 a 1980 – nenhuma movimentação significativa, nenhuma proposta inovadora, nenhuma experiência original ou pioneira, contra a corrente ou antecipadora, no ensino secundário, deixou de ter como epicentro no Liceu Camões ou ser aí objecto de reflexão pertinente.
Não sei que é feito hoje dessa cultura de interrogação critica, de trabalho e de rigor científicos, de procura de novos caminhos para a escola, mas temo que não tenha resistido à “normalização” da década final do século passado, ou simplesmente não tenha garantido continuidade inter-geracional. Este livro não segue esse percurso, que hoje se desdobrou em múltiplos percursos individuais, mas ajuda a perceber o caminho anterior: os depoimentos que apresenta esboçam um ambiente, apontam as personagens e caracterizam as singularidades dessa memória do Liceu Camões.
Os professores que integraram esse grupo plural tinham origens intelectuais, politicas e geracionais distintas. O papel motivador foi no entanto exercido por quem não teria muito mais que trinta anos e uma posição caracterizada por uma grande autonomia relativamente à acção dos aparelhos partidários.
O meu encontro com este grupo deu-se na véspera do 1º de Maio de 1974, quando conheci, na garagem de um prédio na rua em que morava, alguns colegas que discutiam as palavras de ordem do cartaz que pretendiam levar à manifestação do dia seguinte. No Liceu do Padre António Vieira, onde eu leccionava, tomara conhecimento de que os Grupos de Estudo do Ensino Preparatório e Secundário, hegemonizados pelo Partido Comunista, convocavam os professores sob uma palavra de ordem reivindicando uma associação para a classe. Parecendo-me recuada esta posição, procurei encontrar quem estivesse disposto a questioná-la, e assim fui conduzido a esse local, onde rapidamente chegámos à formula sob a qual viríamos a desfilar entre a Avenida Almirante Reis e o Estádio 1º de Maio: Por um Sindicato dos Professores. Destacava-se desse grupo alguém que não conhecia pessoalmente mas que era já uma referência - do teatro, da literatura -: Eduarda Dionísio. Ali principiou entre nós um companheirismo intelectual, uma solidariedade militante, um activismo sindical e politico partilhado que duraria décadas. Pouco mais de um mês depois estávamos implicados no primeiro processo de eleição sindical no pós-25 de Abril: eleições para a Comissão Directiva do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa.
No anos seguintes – de 1974 a 1980 – nenhuma movimentação significativa, nenhuma proposta inovadora, nenhuma experiência original ou pioneira, contra a corrente ou antecipadora, no ensino secundário, deixou de ter como epicentro no Liceu Camões ou ser aí objecto de reflexão pertinente.
Não sei que é feito hoje dessa cultura de interrogação critica, de trabalho e de rigor científicos, de procura de novos caminhos para a escola, mas temo que não tenha resistido à “normalização” da década final do século passado, ou simplesmente não tenha garantido continuidade inter-geracional. Este livro não segue esse percurso, que hoje se desdobrou em múltiplos percursos individuais, mas ajuda a perceber o caminho anterior: os depoimentos que apresenta esboçam um ambiente, apontam as personagens e caracterizam as singularidades dessa memória do Liceu Camões.
terça-feira, 13 de abril de 2010
No dia do beijo
O mar também é casado.
o mar também tem mulher;
é casado com a areia,
dá-lhe beijos quando quer.
Luis Chaves, O Amor Português. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1922. p. 62
o mar também tem mulher;
é casado com a areia,
dá-lhe beijos quando quer.
Luis Chaves, O Amor Português. Lisboa, Livraria Clássica Editora, 1922. p. 62
segunda-feira, 12 de abril de 2010
A função social das Casas-Museu
No próximo Domingo, dia 18, às 18 horas, na Casa dos Patudos, em Alpiarça, Ana Mercedes vai falar da sua experiência e reflexão sobre o papel das Casas-Museu.
De origem espanhola (Vigo, 1951), Ana Mercedes é licenciada em História de Arte e Mestre em Museologia. Tem exercido actividade docente e formadora nas áreas em que se especializou. Presidiu ao Centro do Património da Alta Etremadura (Batalha,1994-2000). É consultora para assuntos de museologia, património e desenvolvimento de diversas entidades. Foi directora da Casa-Museu João Soares, nas Cortes, em Leiria (1977-2007).
domingo, 11 de abril de 2010
sábado, 10 de abril de 2010
Abraçogs
Chegaram mais cedo este ano, com este tempo quente que irrompeu subitamente do inverno prolongado. Associam-se à cerveja, pelo fim da tarde, e parece que vão suscitar diversidade e imaginação culinárias, por influência francesa, alentejana ou algarvia. Já estão nas ementas dos restaurantes, mas ainda não são reconhecidos na linguagem rápida dos telemóveis.
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Golpe de Estado Constitucional
Lá se agitou de novo a versão "santanista"da teoria da conspiração, pomposamente denominada "golpe de Estado constitucional", a propósito da dissolução parlamentar decretado pelo Presidente da República em Novembro de 2004. Nas vésperas de Congresso do PSD, o tema vai certamente ser chamado à ribalta de Carcavelos pelos constitucionalistas de serviço.
A popularização da expressão - absolutamente contraditória nos seus termos - já fez entretanto o seu curso, e até o exigente Vasco Pulido Valente a inclui no seu jargão analítico do fim de semana.
Conviria lembrar entretanto a origem do conceito. Ele foi utilizado por Salazar para justificar a revisão constitucional de 1959. Depois do "sobressalto" das eleições de 1958, às quais se apresentou o general Humberto Delgado, prometendo demitir o Governo se fosse eleito, foi suprimido do texto constitucional o princípio da eleição directa do Presidente da República, por se ter vislumbrado nessa fórmula uma possibilidade de subversão do regime constitucional de 1933.
É evidente que Santana Lopes quando classifica a decisão do Presidente Jorge Sampaio como um golpe de Estado se pretende apenas vitimizar. Mas os que se apressam a apontar (como Salazar em 1959) o erro constitucional que permite ao Presidente dissolver a Assembleia sempre que julgue necessário pedir ao povo uma nova legitimação política da governação, querem de facto limitar os poderes do Presidente eleito por sufrágio universal.
A popularização da expressão - absolutamente contraditória nos seus termos - já fez entretanto o seu curso, e até o exigente Vasco Pulido Valente a inclui no seu jargão analítico do fim de semana.
Conviria lembrar entretanto a origem do conceito. Ele foi utilizado por Salazar para justificar a revisão constitucional de 1959. Depois do "sobressalto" das eleições de 1958, às quais se apresentou o general Humberto Delgado, prometendo demitir o Governo se fosse eleito, foi suprimido do texto constitucional o princípio da eleição directa do Presidente da República, por se ter vislumbrado nessa fórmula uma possibilidade de subversão do regime constitucional de 1933.
É evidente que Santana Lopes quando classifica a decisão do Presidente Jorge Sampaio como um golpe de Estado se pretende apenas vitimizar. Mas os que se apressam a apontar (como Salazar em 1959) o erro constitucional que permite ao Presidente dissolver a Assembleia sempre que julgue necessário pedir ao povo uma nova legitimação política da governação, querem de facto limitar os poderes do Presidente eleito por sufrágio universal.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Social-democracia
António Muñoz Molina num comentário publicado na edição de Domingo do El Pais sobre o último livro do historiador britânico Tony Judt, Ill Fares the Land:
Todos, sem excepção, na Europa ou nos Estados Unidos, somos de alguma forma beneficiários da revolução social democrata que soube favorecer a igualdade e a justiça, fortalecendo, e não apenas conservando, as liberdades individuais: quando vamos ao médico, quando frequentamos a escola, ou mandamos os nossos filhos para a Universidade, quando apanhamos o comboio ou o metro, e até quando conduzimos o nosso carro particular por uma auto-estrada que não teria sido possível construir sem um grande investimento público. E, no entanto, desde o tempo de Margaret Tchatcher e Ronald Reagan, o descrédito do sector público cresceu como uma gangrena, não só à direita como à esquerda, que, sempre que chega ao poder frequentemente adopta uma linguagem entre o tecnocrático e o cínico. O sector público é ineficiente. Um empresa privada pode prestar muito melhor qualquer serviço, uma vez que se rege pela racionalidade do lucro e não pela rotina ou pela corrupção da burocracia. Há uma maneira de fazer cumprir estas profecias: retirarmos meios aos serviços públicos, não cuidarmos da sua gestão e, deste modo, demonstrarmos que precisam de ser privatizados. E para atrair investidores, aliciarmo-los com subsídios, com preços tão baixos que são um desfalque sobre o que pertence a todos e que contribui directamente para o lucro dos accionistas.
Tony Judt, de origem britânica, denuncia a forma como o património ferroviário foi vendido, a preço de saldo, a companhias que pioraram a situação dos caminhos de ferro levando-os à ruína, de modo que o Estado teve de intervir para os resgatar.
Os especialistas em economia asseguravam que, uma vez desmontado os controlos públicos sobre o mercado, a riqueza se multiplicaria ilimitadamente em benefício de todos. Quanto mais ricos fossem os ricos e mais se elevassem as cataratas da sua prosperidade, mais eficazes seriam os contributos dispensados ao bem estar dos pobres, sobrepondo-se às toscas politicas sociais dos governos. Tony Judt aduz alguns dados: em 1968, o director executivo da General Motors ganhava sessenta e seis vezes mais que os seus empregados. Em 2005 a diferença de rendimentos entre um empregado médio de WalMart e o seu director máximo situava-se numa escala de um para novecentos. A família proprietária de WalMart possui uma fortuna estimada em 90.000 milhões de dólares, o que equivale aos rendimentos conjuntos dos 40% mais pobre da população americana: 120 milhões de pessoas.
Enquanto isto ia sucedendo, a esquerda entretinha-se com outras coisas, sobretudo com a defesa de causa singulares, em muitos casos justas, mas descuidando o mais valioso do património do passado, o impulso de um projecto universal de justiça. As diferenças identitárias tornaram-se mais importantes que as diferenças de classe. O narcisismo individualista dos anos sessenta aliou-se com facilidade às virtudes do comércio para impossibilitar qualquer veleidade de rebeldia política colectiva. Em nome de diversidades reais ou inventadas, justas ou caprichosas, a esquerda condenou-se a si própria à paralisia, justamente num período em que mais seria necessário restabelecer a força do sector público, que é a única defesa da imensa maioria contra os abusos dos que roubam e dos que são corruptos. Os que há trinta anos humilham o Estado tiveram que recorrer a ele para que o salvasse da ruína que eles próprios provocaram reiteradamente.
Devíamos estar mais furiosos, diz corajosamente Tony Judt na sua cama de inválido; e devíamos juntar por uma vez as nossas diversas causas numa gramática comum da emancipação.
Todos, sem excepção, na Europa ou nos Estados Unidos, somos de alguma forma beneficiários da revolução social democrata que soube favorecer a igualdade e a justiça, fortalecendo, e não apenas conservando, as liberdades individuais: quando vamos ao médico, quando frequentamos a escola, ou mandamos os nossos filhos para a Universidade, quando apanhamos o comboio ou o metro, e até quando conduzimos o nosso carro particular por uma auto-estrada que não teria sido possível construir sem um grande investimento público. E, no entanto, desde o tempo de Margaret Tchatcher e Ronald Reagan, o descrédito do sector público cresceu como uma gangrena, não só à direita como à esquerda, que, sempre que chega ao poder frequentemente adopta uma linguagem entre o tecnocrático e o cínico. O sector público é ineficiente. Um empresa privada pode prestar muito melhor qualquer serviço, uma vez que se rege pela racionalidade do lucro e não pela rotina ou pela corrupção da burocracia. Há uma maneira de fazer cumprir estas profecias: retirarmos meios aos serviços públicos, não cuidarmos da sua gestão e, deste modo, demonstrarmos que precisam de ser privatizados. E para atrair investidores, aliciarmo-los com subsídios, com preços tão baixos que são um desfalque sobre o que pertence a todos e que contribui directamente para o lucro dos accionistas.
Tony Judt, de origem britânica, denuncia a forma como o património ferroviário foi vendido, a preço de saldo, a companhias que pioraram a situação dos caminhos de ferro levando-os à ruína, de modo que o Estado teve de intervir para os resgatar.
Os especialistas em economia asseguravam que, uma vez desmontado os controlos públicos sobre o mercado, a riqueza se multiplicaria ilimitadamente em benefício de todos. Quanto mais ricos fossem os ricos e mais se elevassem as cataratas da sua prosperidade, mais eficazes seriam os contributos dispensados ao bem estar dos pobres, sobrepondo-se às toscas politicas sociais dos governos. Tony Judt aduz alguns dados: em 1968, o director executivo da General Motors ganhava sessenta e seis vezes mais que os seus empregados. Em 2005 a diferença de rendimentos entre um empregado médio de WalMart e o seu director máximo situava-se numa escala de um para novecentos. A família proprietária de WalMart possui uma fortuna estimada em 90.000 milhões de dólares, o que equivale aos rendimentos conjuntos dos 40% mais pobre da população americana: 120 milhões de pessoas.
Enquanto isto ia sucedendo, a esquerda entretinha-se com outras coisas, sobretudo com a defesa de causa singulares, em muitos casos justas, mas descuidando o mais valioso do património do passado, o impulso de um projecto universal de justiça. As diferenças identitárias tornaram-se mais importantes que as diferenças de classe. O narcisismo individualista dos anos sessenta aliou-se com facilidade às virtudes do comércio para impossibilitar qualquer veleidade de rebeldia política colectiva. Em nome de diversidades reais ou inventadas, justas ou caprichosas, a esquerda condenou-se a si própria à paralisia, justamente num período em que mais seria necessário restabelecer a força do sector público, que é a única defesa da imensa maioria contra os abusos dos que roubam e dos que são corruptos. Os que há trinta anos humilham o Estado tiveram que recorrer a ele para que o salvasse da ruína que eles próprios provocaram reiteradamente.
Devíamos estar mais furiosos, diz corajosamente Tony Judt na sua cama de inválido; e devíamos juntar por uma vez as nossas diversas causas numa gramática comum da emancipação.
O livro
"Políticas de Informação na Sociedade em Rede" - tema do 10º Congresso de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas: sessão inaugural hoje no Centro Cultural Vila Flor. O que é hoje o livro? - perguntou António Cunha, Reitor da Universidade do Minho. Gustavo Cardoso foi ao Flicr e digitou "Book". Com uma amostra do que encontrou começou a sua conferência. O livro somos nós, é uma resposta.
terça-feira, 6 de abril de 2010
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