Condição
Ergo os braços ao céu, desesperado,
Lama rasteira, nem ao menos posso
Ter a nobreza altiva dos penedos!
Em vez de lanças de granito, dedos
De carne e osso
Num leque de impotência!...).
Com a corda ao pescoço,
peço clemência
a quem, a que tirano?
a nenhum Deus que veja
Ou anteveja...
Peço clemência, só por ser humano.
Miguel Torga, Diário IX.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
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1 comentário:
Paradoxalmente (ou talvez não), quanta força num poema em que o poeta, humano, declara a sua impotência e pede clemência. É nesta condição proclamada deste modo intenso que reside a ferocidade de alguém que dizendo o que diz o seu contrário: quanto mais valem e mais se pode fazer com dedos de carne e osso do que com lanças de granito!...
- Isabel X -
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