Perante o carácter global da crise, podemos observar diferentes formas de encarar o futuro. Países como a China ou a Índia vêem esse futuro como algo que lhe pertence. Não perdem tempo ou esforço a recriar o passado, ainda que o não esqueçam. Concentram-se no presente e no futuro que se lhes oferece e estão dispostos a ganhar. Todo a gente os reconhece como ganhadores. Na Europa percebe-se desassossego e uma certa impaciência. O sentimento de que o passado foi melhor, mas que não voltará a ser o que foi, enche o futuro de incerteza. Somos mais velhos, menos produtivos e temos dificuldade em modificar o modelo de sucesso que já não está em vigor.. A UE, mais necessária do que nunca, perde relevância aos olhos dos seus cidadãos e do resto do mundo. Nos Estados Unidos, que estiveram à cabeça da mudança tecnológica, que acreditaram no unilateralismo como única potência resultante do desaparecimento da bipolaridade, que está na origem desta crise financeira e económica, este momento é entendido como de emergência nacional e mundial. Estão num processo de revisão de quase tudo: desde o unilateralismo à posição face à mudança climática, passando pelo sistema financeiro e as falhas da coesão social que deixa fora do serviço de saúde 47 milhões de cidadãos.
Felipe González, "Bicentenarios y crisis global" . El País, 28 de Novembro, 2009.
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
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1 comentário:
Desassossego e impaciência não me parecem as melhores atitudes, mas quem sabe!
A crise global é uma oportunidade para a China e a Índia que todos reconhecem. Provavelmente é também isso que desassossega os europeus e impacienta os americanos. Mimados que somos!
Sempre a invocarmos direitos sem lembrarmos deveres. Supondo adquirido para sempre tudo aquilo que a realidade actual vem pôr em causa. Os reis dantes também julgavam sê-lo por direito divino. Nós, agora, que usamos uma linguagem diferente, parecemos julgar que aquilo que ao longo da História soubemos construir nos é naturalmente devido, nos está inscrito no código genético, ou algo parecido. Não tratemos de trabalhar, não...
- Isabel X -
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