terça-feira, 3 de novembro de 2009
A queda de um mundo
9 de Novembro de 1989: Günter Schabowski, porta-voz do Politburo da República Democrática Alemã, lia, numa conferência de imprensa, um comunicado cujo conteúdo não conhecia em pormenor. Forçado a interpretar a nota, afirmou que o Governo garantiria a todos autorização para viajar para o estrangeiro, sem condições. Quando? - perguntou Peter Brinkmann, jornalista do Bild Zeitung. Eu penso que ... agora mesmo: respondeu Schabowski. Pouco depois, os berlinenses de Leste estavam a sair para a rua e, ante a incredulidade dos guardas, iniciar o derrube de um muro que durante 28 anos dividira a cidade.
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8 comentários:
Muito comovente.
Sendo um lugar comum diria que ainda faltam derrubar muitos muros. Em Portugal ninguém, com responsabilidades,tem coragem em público pelo menos, de tecer louvores a Salazar, e ainda bem. Falta agora a coragem de apontar o dedo forte e feio a quem ainda, com responsabilidades políticas, continua a defender ignomínias destas. É preciso derrubar esse muro que cobre a ignomínia maior do século XX, que foram todos, sem excepção, os regimes comunistas da Europa e do mundo. Ainda há quem tenha a coragem de os defender publicamente! (não falo do marxismo como teoria política, falo dos regimes que existiram e existem)
Registe-se:
O alcance da pergunta formulada no momento oportuno: "Quando?"
A dinâmica gerada pela hesitante mas inequívoca e bem interpretada resposta: "agora mesmo"
Alguém diz no meio da reportagem: "Parece impossível! Eu a atravessar a fronteira: é apenas uma linha!"
Se há momentos simbólicos que a História regista, este é um dos mais intensamente comoventes, sem dúvida!
Muito interessante, este post!
Registe-se ainda o que me parece uma ironia da História:
Entre os comunistas sempre se previu que, por influência soviética, um a um, os regimes dos países capitalista, cairiam mais tarde ou mais cedo.
Afinal foram os países com regimes comunistas que rapidamente caíram, um após outro, por efeito do que se passou na União Soviética!
No sentido inverso, portanto.
A História é fascinante!
- Isabel X -
Obrigado Isabel. Obrigado por este comentário e por todos os comentários que tem deixado neste blogue, em resultado de uma atenção intelectual, de uma preocupação cívica, de uma sensibilidade estética apuradíssimas. E de uma amizade que me honra.Os seus comentários fazem a diferença face aos que preferem a nota ligeira, desatenta, fácil, que tentam desmerecer ou até amesquinhar os post que os motivam. Felizmente não é este o critério dominante neste blogue que se honra de ter comentadores de invulgar estatura ética, política e cultural. E de excepcional dedicação: muitos destes comentários são muito mais interessantes e pertinentes que os pobres textos do autor do blogue. Por isso, este agradecimento é extensivo a muitos dos meus habituais comentadores perante os quais sinto responsabilidades crescentes, mesmo quando discordamos abertamente ou divergimos pontualmente. Este blogue não seria o mesmo sem si, Isabel, sem vós, restantes comentadores que fazem da partilha e da discussão de ideias uma forma de intervenção no espaço público livre e responsável.
Gosto de pensar no blogue oqueeuandei como um lugar de encontro. O João vai andando, vai mostrando os sítios por onde anda -fisica ou intelectualmente - e é como se nós o acompanhássemos, também, um pouco. E nos sentássemos depois, um pouco, a conversar sobre as impressões dessa viagem.
Como se o João nos lançasse o desafio, nos desse o mote, e cada um de nós, visitantes deste lugar, reagisse, comentando.
Não tinha pensado tanto no sentido inverso: o efeito dos comentários no autor do blogue.
Agradeço-lhe, João, as palavras com que se refere aos meus comentários e agradeço-lhe, especialmente, a oportunidade de os fazer. Porque, ao fazê-los, quantas vezes vou descobrindo coisas nas quais não havia sequer pensado antes. Conforme escrevo(escrevemos), vou reflectindo (reflectimos), num acto que é simultaneamente individual e conjunto. Afinal, aprendemos uns com os outros...
Tudo isto é muito inesperado para mim. Estou muito, agradavelmente, surpreendida.
A amizade é uma virtude. A honra é minha.
Um beijo
- Isabel X -
Viva João.
Um post comovente e um comentário seu na mesma linha. É muita sorte poder ler os dois. Mas acrescenta-se a essa sorte o privilégio de ler os comentários da Isabel X (só há pouco tempo percebi que eram de Isabel Xavier).
Este seu post remete-nos para dois lugares insubstituíveis: a liberdade e a democracia. E esse consolo escapa, naturalmente, ao editor do blogue: é um espaço reservado aos leitores, digamos assim, que levam as escolhas do João para o lugar que bem entendem.
Abraço.
Caro Professor João Serra:
Estava eu a actualisar-me no " O Que Eu Andei...", quando sou confrontado com este seu comentário aos seus "Fãs".
Como não definiu critérios objectivos sobre os adjectivos com que brindou alguns dos seus "Fãs", e como alguns deles não se quadram comigo....
Acho importante, que nos forneça a sua "Grelha de Avaliação" para que nos possamos posicionar e quem sabe(?) melhorar.... como comentadores que " fazem da partilha e da discussão de ideias uma forma de intervenção no espaço público livre e responsável ".
Um Abraço
PSimões
Paulo Simões: só lhe posso assegurar que, sempre que você "desaparece", toda a gente sente a sua falta.
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