Passagens do artigo A "renovação" que se exige, de José Pacheco Pereira, no Público, de hoje:
[...] É para mim incompreensível que alguém que discorda profundamente de uma direcção partidária (já não digo de uma política, porque aí é tudo muito maleável) queira ser deputado em representação dessa maneira de fazer política que abomina.
[...] Por exemplo, para mim, renovar significa escolher pessoas que mostrem ter uma intransigência grande com a corrupção. Não basta serem honestas e sérias, o que muita gente é na política. É preciso ir mais longe, dada a natureza do meio e das suas tentações, é preciso não pactuar com quem seja menos honesto. Embora este seja um terreno difícil, a "ética republicana" como queria Pina Moura não é apenas a lei e os prevaricadores não são apenas os culpados em tribunal. É necessário que nos partidos políticos haja cada vez mais gente que não ajuda, promova, seja indiferente com quem abusa do seu lugar, quem enriquece sem explicação, quem serve o contínuo tráfego de influências que passa pela política. Os partidos políticos, em particular o PS, o PSD e o CDS, pagam em termos da opinião pública um preço elevado pelo comportamento dos seus dirigentes e militantes, envolvidos em histórias pouco dignificantes, mesmo que não cheguem a ser crimes. Muito da regeneração possível dos partidos passa por aí, embora reconheça as enormes pressões para marginalizar quem não pactua com esses hábitos.
Para mim, renovar é procurar diversidade, de modo que Portugal todo caiba na política e não apenas os eleitos pela fortuna, pela riqueza e pela classe social e pelo nascimento. [...] É o problema de qualificar a acção política por "saberes" diversos, fruto da experiência, do conhecimento de vida, do estudo, para evitar o progressivo divórcio entre a realidade nacional e a representação política.
Podia continuar, mas penso que já se percebe. Faça-se a "renovação" por aqui e encontrar-se-á gente nova e mais velha, capaz de nos fornecer melhores políticos. Mas para que tal seja possível nos partidos é necessário ir muito mais longe do que os poderes e equilíbrios internos, porque a realidade mostra que as escolhas das direcções nacionais são mais racionais do que as dos aparelhos interiores aos partidos.[...]
2 comentários:
O título,Concordo, é o meu comentário.
Um abraço
João Ramos Franco
Nem com corda, nem sem corda, o JPP é irritante....
Escreve bem, repete até à exaustão um conjunto de ideias (algumas boas) e como "acede" aos lugares que repudia martela-nos a consciência....
Achará porventura o JPP que o Cidadão Comum está disponível para a participação cívica, debaixo de um escrutínio "vampiresco" da Opinião Publicada .... e ainda por cima com salários humilhantes....
As coisas não estão bem, todos sentimos.
A etiologia destas doenças é diversa...não é só cá....por todo lado se fazem apelos à participação cívica, ao exercício pleno da cidadania....mas, como se regenera uma população?
Vamos obrigar os Partidos, depois das quotas das mulheres, a criar quotas de intelectuais, quotas de médicos, quotas de .....sei lá? Não será isto uma nova Câmara de Corporativa????
O JPP irrita-me!
Pensa, Cria, Preverte, Operacionaliza.... e algumas das suas criações são .....o que se sabe!
Um Abraço Professor João Serra
PSimões
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