Ah! Permita-me que sugira que não se detenha no esforço despendido "...p'ra'qui chegar". Pense antes na alegria de conseguir chegar ao fim, e na circunstância do fim poder ser o início de nova caminhada.
Agora tu, Atena, deusa guerreira dos olhos garços, Apieda-te da sorte que foi minha sem que a quisesse! Ao Rei, por escolha sua, coube a da guerra, dos ventos e das velas; E a mim, a aceitação, a espera, a crença de voltar a vê-las
Calça já, ó deusa, as sandálias tuas leves de atilhos tersos, Enverga a égide e ergue a lança que brilha como as messes, Corre, voa, deixa que te leve a brisa às praias etíopes do teu lago. E, mesmo que de Ulisses não colhas novas, não digas: "Não trago."
E vós, Parcas amigas, mestras tão antigas da feminina arte De espadanar o linho e de fiar as lãs, de atar a urdidura e de tecer os panos, Não me ensineis ainda a cortar o derradeiro fio do último dos dias. Espero este Rei. Farei para desfazer: as mãos, nem inertes nem frias.
Bem sei. O mar é ilimitado como ilimitadas são da terra as várias partes. A vontade dos deuses é incerta e o espírito do Rei será talvez insano. Mas se for de Zeus o querer, de Penélope a crença e de Ulisses a memória, Na onda virá a nau, na nau o homem. E, na tela, terá termo a ponte da vitória.
4 comentários:
Quando alguém está, e sempre esteve, a caminho (em movimento), os lugares "p'ra chegar" são de passagem.
- Isabel X -
Afirma João B. Serra: “parecer não é ser”. Pergunto: e quando se é, será que sempre parece? :)
Ah! Permita-me que sugira que não se detenha no esforço despendido "...p'ra'qui chegar". Pense antes na alegria de conseguir chegar ao fim, e na circunstância do fim poder ser o início de nova caminhada.
CANÇÃO DE PENÉLOPE À DESPEDIDA
Agora tu, Atena, deusa guerreira dos olhos garços,
Apieda-te da sorte que foi minha sem que a quisesse!
Ao Rei, por escolha sua, coube a da guerra, dos ventos e das velas;
E a mim, a aceitação, a espera, a crença de voltar a vê-las
Calça já, ó deusa, as sandálias tuas leves de atilhos tersos,
Enverga a égide e ergue a lança que brilha como as messes,
Corre, voa, deixa que te leve a brisa às praias etíopes do teu lago.
E, mesmo que de Ulisses não colhas novas, não digas: "Não trago."
E vós, Parcas amigas, mestras tão antigas da feminina arte
De espadanar o linho e de fiar as lãs, de atar a urdidura e de tecer os panos,
Não me ensineis ainda a cortar o derradeiro fio do último dos dias.
Espero este Rei. Farei para desfazer: as mãos, nem inertes nem frias.
Bem sei. O mar é ilimitado como ilimitadas são da terra as várias partes.
A vontade dos deuses é incerta e o espírito do Rei será talvez insano.
Mas se for de Zeus o querer, de Penélope a crença e de Ulisses a memória,
Na onda virá a nau, na nau o homem. E, na tela, terá termo a ponte da vitória.
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