sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Viajar

Viajar no mundo é também viajar no passado do mundo. É descobrirmos traços visíveis do passado, em presença de sítios os mais diversos, tanto monumentais como assinalados por humildes pedras. A cada etapa, o viajante é convidado a fazer-se historiador.

Jean Chesneaux, L'Art du Voyage. Paris, Bayard, 1999. p 101

2 comentários:

S. J. disse...

"(...)En position, semble-t-il, de patients envers le temps, d'agents envers l'espace, nous les vivons et les percevons néanmoins ensemble. Le mouvement, fondateur de toute vie, les implique l'un et l'autre de manière indissociable. Dans la conscience que nous avons de l'un et de l'autre s'opposent des impressions de continuité et de discontinuité, de globalité et de distinction, grâce auxquelles nous nous éprouvons et connaissons les choses. Nul doute que, dès les lointaines et lentes origines de l'humanité, tout discours sur le monde fut articulé à partir de ces oppositions."
Paul Zumthor, "La Mesure du Monde"

Jacinta disse...

Atravessado o mar, avistámos o cerro em que assenta Ílion.
Vagueando, depois, por entre os restos dos muros derrocados, cada um deles datado do século em que o terão erguido, procurei, na coloração mais remota das pedras e no ainda legível cuidado da terraplanagem rampeada, o acesso ao palácio de Príamo.
Aí, siderada pela beleza do espaço derruído e pela presença, para sempre, do tempo do mito, revejo Heitor que desce. Continua a descer, armado do escudo de bronze luzente e da lança, "afiada qual labareda". Vem ao encontro de Aquiles e da própria morte.
Sofro com a dele, o destino da que seja minha, também atroz, menos gloriosa. Ouço ainda a voz dos deuses que então falavam.
E trago comigo um pequeno calhau rolado: o coração petrificado de Hécuba, mãe de Heitor.