De Valparaiso, numa passagem de poucas horas, ficou-me a imagem de um porto ocupado por velhos cargueiros, uma avenida veloz ritmada por edifícios que ainda respiram o passado colonial, a montanha magnificente que desce em anfiteatro até ao mar ordenada como uma paisagem de socalcos, as ruas e escadas íngremes que ligam as plataformas urbanizadas, a singularidade das habitações que trepam os montes (cada casa é de facto um caso), a profusão incrível de cabos que amarram paredes pelas esquinas, o colorido de mil cores com que as sobras de tinta dos barcos permitiram vestir cada uma das casas, fachadas, portões, janelas, alpendres.
A voz arrastada de Neruda ainda se ouvia por ali.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
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1 comentário:
As imagens, verbais e fotográfica, são de uma coerência perfeita.
Só o nome atribuído a esse espaço urbano, inesperado na violência e variedade das cores, dos cabos esticados e das ruas e becos que afinal descem e sobem, parece um contra-senso.
Desse paradoxo resultará, talvez, o facto de Valparaíso ser uma cidade que não esquece.
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