O mundo é a pátria natural, universal de todos os homens. O desterro não é mais do que uma passagem feita duma província para a outra. Esta outra província onde se acha um desterrado é o país de todos aqueles que nasceram nele e também o pode ser do desgraçado, se ele tiver entendimento para se acomodar com a sua sorte. A mesma pátria pode algumas vezes servir de lugar de desterro àqueles a quem não consta onde nasceram como sucedeu a Édipo, que, banido do lugar onde criou, viveu desterrado no mesmo lugar em que tinham nascido. Quando se levam as crianças das casa das suas amas para as de seus pais, consideram estas as ditas moradas como desterro, e por isso choram. É uma fraqueza de ânimo considerar-se o homem perdido quando se vê em um lugar onde nunca esteve. O homem deve imaginar que em todo o mundo tem a mesma natureza, que em todo está debaixo do mesmo céu, e em toda a parte se encontram homens da mesma espécie.
Cavaleiro de Oliveira, Carta à senhora Condessa de Roccaberti sobre o desterro. 12 de Outubro de 1736. Cartas. Selecção, prefácio e notas de Aquilino Ribeiro. 3 a ed. Lisboa, Livraria Sá da Costa, 1982. P. 85.
sexta-feira, 6 de abril de 2012
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1 comentário:
Se o tempo urge a bala atravessa
letal a dinâmica do entendimento
sopra o pacífico e sangra em lento
a virtude concebida fora batalha
descreve os actos e a palavra cede
em ataque o morteiro fora a sede
e o povo clama sedento de benefício
a crista é o cristo, o soluça na farinha
o deserto sopra d'este desterro
cercando-te no cadafalso o erro
tivera lá o destino a arma em leve
alinhar da espada o pensamento
a miséria é lamentar do lamento
distante quisera em vida, a teve.
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