terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Registo

Memória das obras do Toural

Ao longo de quase um ano, Nuno Miguel Borges seguiu atentamente as obras de requalificação do Toural. Sabia que se tratava de um projecto de intervenção numa das artérias mais sensíveis da cidade. Não ignorava a polémica suscitada por um primeiro projecto, cuja discussão pública determinara o seu abandono. Tinha a noção de que as remodelações urbanísticas, mesmo as das áreas centrais das cidades, fazendo embora parte da história das cidades, representam uma ruptura com perspectivas arreigadas e causam perturbação no quotidiano dos cidadãos.
Quando submeteu o seu projecto de um livro à apreciação da Fundação Cidade de Guimarães, deixou claro que pretendia um apoio que o viabilizasse, não uma adopção. Delineou a pesquisa e as recolhas de imagem, criou a logística, escolheu e contratou a fotógrafa e outros colaboradores. O livro daí resultante conterá uma história do Toural, resultado de uma investigação especializada e um registo do processo de intervenção nele realizado ao longo do ano de 2011.
Esta exposição mostra algumas das fotografias que integram esse livro, a editar em breve. São fotografias documentais, ilustrando a interacção de homens e máquinas, de técnicos e operários com o espaço urbano. Contam também uma outra história. A história dos olhares que se cruzaram com as próprias intervenções desenhadas pelos arquitectos e executados pelos trabalhadores. Esses olhares vimaranenses exprimem aplauso, ou dúvida, crítica ou concordância. São os olhares das testemunhas participantes. Atestam como, apesar de subtraído à sua ocupação normal, o Toural continuou a ser um espaço público, ou seja um espaço de uso colectivo, de encontro e convivência. Essa a sua força, que a objectiva de Rita Burmester tão bem captou e transmite.

João Serra

Sem comentários: