Os livros. A sua cálida, terna, serena pele. Amorosa companhia. Dispostos sempre a partilhar o sol das suas águas. Tão dóceis, tão calados, tão leais, tão luminosos na sua branca e vegetal e cerrada melancolia. Amados como nenhuns outros companheiros da alma. Tão musicais no fluvial e transbordante ardor de cada dia.
Ofício de Paciência, Eugénio de Andrade
Desejo-lhe um Novo Ano pleno de saúde e alegria de viver.
Como os cravos vermelhos se curvam procurando o sol, também a jovem (revolucionária?) se debruça de forma a apanhar melhor a luz sobre o livro. Não parece, mas há aqui um registo "revolucionário" na forma como parece mostrar a jovem "engajada" no estudo. Tal como o pintor estava com a revolução e o regime.
Muito para além das leituras que o contexto propicia, entre elas o do engajamento do artista, a arte tem valor intrínseco. Se ser revolucionário for motivo de estudo, ou de outras ações potencialmente capazes de levar cada um a superar-se a si mesmo em prol do(s) outro(s), porque não transformar isso em objeto/tema de tratamento artístico? Belíssima a concentração daquela mulher, sejam quais forem os seus motivos. Ou os do artista. Não me aprece que se trate de arte puramente panfletária ou despojada de qualquer tipo de sentido que não seja o de agradar ao poder instituído. A estética configura uma realidade própria. Na respetiva avaliação não cabem motivos circunstanciais que lhe são alheios! É o que me parece. Sem deixar, no entanto, de agradecer ao Xico as informações que aqui nos traz. Na condição de elas contribuirem para enriquecer o nosso olhar e não impedir-nos de ver. Sem ofensa.
Bom Ano para todos: visitantes, comentadores e autor deste lugar de encontro em movimento: oqueeuandei!
Isabel X É claro que, panfletário ou não, se trata de um belíssimo quadro. E o jogo entre os cravos procurando o Sol e o rosto plácido e luminoso da jovem, é magnífico. Poderia fazer juízos de valor sobre o homem/pintor mas não sobre a sua pintura. Adivinhando o posicionamento do mesmo face à sua arte, aliás legitimo, limitei-me a ver neste quadro belíssimo, um ideal revolucionário que o pintor acreditou ser brilhante. E aí não há nada a criticar ao homem/pintor. Admiro até como conseguiu com um quadro aparentemente "clássico" inspirar uma visão revolucionária, concordando-se ou não com a ideologia subjacente, que não vem ao caso.
Obrigado pelos vosso comentários. Como terão intuído, caros comentadores atentos (e não dominados - ainda? - pela voracidade do facebook e outras redes da instantaneidade) descobri recentemente este pintor fascinante da luz e do espaço exterior que, tal como Hooper, registou o espirito de uma espécie de solidão aberta, capaz de conviver sem angustias com a natureza, as praias e as cidades. Chegou-me hoje, da Alemanha, um livro sobre a sua obra. Se me permitirem, partilhá-lá-ei convosco.
8 comentários:
Café e livros. Desperta, uma mulher à janela.
- Isabel X -
Feliz 2012!
Que seja muito iluminado e cheio de atenções, sabor adocicado e divertido bem viver!
Os livros. A sua cálida,
terna, serena pele. Amorosa
companhia. Dispostos sempre
a partilhar o sol
das suas águas. Tão dóceis,
tão calados, tão leais,
tão luminosos na sua
branca e vegetal e cerrada
melancolia. Amados
como nenhuns outros companheiros
da alma. Tão musicais
no fluvial e transbordante
ardor de cada dia.
Ofício de Paciência, Eugénio de Andrade
Desejo-lhe um Novo Ano pleno de saúde e alegria de viver.
Como os cravos vermelhos se curvam procurando o sol, também a jovem (revolucionária?) se debruça de forma a apanhar melhor a luz sobre o livro. Não parece, mas há aqui um registo "revolucionário" na forma como parece mostrar a jovem "engajada" no estudo. Tal como o pintor estava com a revolução e o regime.
Muito para além das leituras que o contexto propicia, entre elas o do engajamento do artista, a arte tem valor intrínseco.
Se ser revolucionário for motivo de estudo, ou de outras ações potencialmente capazes de levar cada um a superar-se a si mesmo em prol do(s) outro(s), porque não transformar isso em objeto/tema de tratamento artístico?
Belíssima a concentração daquela mulher, sejam quais forem os seus motivos. Ou os do artista.
Não me aprece que se trate de arte puramente panfletária ou despojada de qualquer tipo de sentido que não seja o de agradar ao poder instituído.
A estética configura uma realidade própria. Na respetiva avaliação não cabem motivos circunstanciais que lhe são alheios!
É o que me parece. Sem deixar, no entanto, de agradecer ao Xico as informações que aqui nos traz. Na condição de elas contribuirem para enriquecer o nosso olhar e não impedir-nos de ver. Sem ofensa.
Bom Ano para todos: visitantes, comentadores e autor deste lugar de encontro em movimento: oqueeuandei!
- Isabel X -
Isabel X
É claro que, panfletário ou não, se trata de um belíssimo quadro. E o jogo entre os cravos procurando o Sol e o rosto plácido e luminoso da jovem, é magnífico.
Poderia fazer juízos de valor sobre o homem/pintor mas não sobre a sua pintura. Adivinhando o posicionamento do mesmo face à sua arte, aliás legitimo, limitei-me a ver neste quadro belíssimo, um ideal revolucionário que o pintor acreditou ser brilhante. E aí não há nada a criticar ao homem/pintor. Admiro até como conseguiu com um quadro aparentemente "clássico" inspirar uma visão revolucionária, concordando-se ou não com a ideologia subjacente, que não vem ao caso.
Pois claro. É assim mesmo, Xico.
- Isabel X -
Obrigado pelos vosso comentários. Como terão intuído, caros comentadores atentos (e não dominados - ainda? - pela voracidade do facebook e outras redes da instantaneidade) descobri recentemente este pintor fascinante da luz e do espaço exterior que, tal como Hooper, registou o espirito de uma espécie de solidão aberta, capaz de conviver sem angustias com a natureza, as praias e as cidades. Chegou-me hoje, da Alemanha, um livro sobre a sua obra. Se me permitirem, partilhá-lá-ei convosco.
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