Entre os seus doentes [de Egas Moniz, que em 1907 abriu consultório de doenças nervosas em Lisboa] neste período, conta-se Fernando Pessoa, que o consultou em 1907. Pessoa, que entretanto desistira do Curso Superior de Letras, começara a estudar como autodidacta, a parapsicopatologia. A avó, Dionísia Perestrelo de Seabra, enlouquecera, e o poeta temia que lhe sucedesse o mesmo. Egas passou-o, "para fins ginásticos", para as mãos de Luis Furtado Coelho, o pioneiro da ginástica sueca em Portugal. Pessoa escreveu em 1933 que quando seguiu a recomendação de Egas, "para cadáver só lhe faltava morrer. Em menos de treze meses e a três lições por semana, pôs-me Furtado Coelho em tal estado de transformação que, diga.se com modéstia, ainda hoje existo - com que vantagens para a civilização europeia, não me compete a mim dizer".
João Lobo Antunes, Egas Moniz. Uma Biografia. Lisboa, Gradiva. 2010. p. 109-110.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
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2 comentários:
Eu sei que vou ser mauzinho, mas não resisto apesar da época. Que sorte para nós e para a civilização mundial, ter sido o Furtado Coelho a tratar de Pessoa em vez de Moniz.
Enormes vantagens para a civilização europeia e para a civilização em geral, está mais do que garantido e assegurado pela passagem do tempo que tudo filtra.
Fernando Pessoa,uno e múltiplo, é alguém que em muito nos transcende. Tenho por ele e pela sua obra uma admiração sem fim.
O tom de humor da sua réplica é impagável: "para cadáver só lhe faltava morrer".
Mas essa é (exactamente) a condição de se estar vivo!
- Isabel X -
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