Uma sociedade de influências e em que predominem as mulheres de quarenta e oito anos e os homens de trinta seis é uma sociedade doente. Quem não se der conta disto está destinado a cair redondamente em erro: nem fará política, nem amor, nem aquilo que mais se parece com os dois - a hipocrisia.
Podemos reconhecer se há um elemento desagregador na teia do poder quando se instala o sentimentalismo como se fosse uma trepadeira que corrompe a estrutura de melhor alvenaria. Então toda a insensatez se desdobra como um tapete persa, exactamente um tapete voador que não tem relação com a realidade. Transporta as pessoas a grandes alturas sem lhes dar ocasião de compreenderem a arte mágica da sua situação, eminentemente erótica, como é demonstrado pelo simbolismo de voar.
Agustina Bessa-Luís, O Mistério da Légua da Póvoa. Lisboa, O Independente, 2004. p. 155
terça-feira, 27 de novembro de 2012
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