Nestas breves palavras quero em primeiro lugar agradecer o convite para participar nestas jornadas sobre Turismo e fazer votos de sucesso aos seus responsáveis e intervenientes.
Quero dirigir uma especial saudação à senhora Secretária de Estado do Turismo, uma pasta pela qual passam expectativas de um sector muito relevante da economia portuguesa e certamente a definição de políticas capazes de trazer um impulso positivo e para o combate às dificuldades do tempo presente.
Não me compete trazer a este seminário o resultado dos estudos em curso sobre impactes de Capital Europeia da Cultura na área económica e social, pois os seus autores o farão com mais rigor e oportunidade. Registo todavia que todos os indicadores disponíveis se mostram muito favoráveis aos desígnios da CEC, evidenciando a capacidade de atração muito significativa de Guimarães ao longo deste ano de 2012. Não apenas os números relativos ao "mais do mesmo" mas ao que é novo.
Seja qual for o ângulo de abordagem ou o indicador utilizado, o resultado é claro: os fluxos de turismo em Guimarães subiram muito este ano, coroando a notoriedade nacional e internacional da cidade, e consolidaram uma boa imagem externa como cidade patrimonial e de criação.
A associação entre cidade património da humanidade e cidade capital da cultura da Europa funcionou de forma harmoniosa e virtuosa. Os conteúdos artísticos e culturais programados para 2012 ilustraram e reforçaram o nexo entre a representação das raízes e da origem, própria de uma cidade histórica, e a representação do desejo de futuro e da superação pela energia, própria de uma cidade de criação. A programação deu resposta eficaz - diversificada, envolvente e pertinente - à inclusão de Guimarães em finais de 2011 e princípios de 2012 no elenco dos principais destinos turísticos do ano por parte das mais prestigiadas publicações turísticas internacionais.
O turismo cultural está há muito tipificado. Tem como protagonistas centrais grupos com elevada preparação académica, onde preponderam profissionais que se retiraram da vida activa relativamente cedo, procuram os seus destinos fora das grandes concentrações do calendário tradicional dos fluxos, prepara cuidadosa e autonomamente a vista, norteada por critérios que privilegiam a qualidade da oferta patrimonial e artística.
Sabemos que se trata de um turismo exigente, quanto à qualidade do serviço que procura, que gosta de ser surpreendido mas que valoriza a informação que lhe é disponibilizada e de que não abdica.
Daí, Senhora Secretaria se Estado, a grande importância que no projecto de Guimarães 2012 assume o papel da comunicação, objecto de um protocolo longamente discutido e negociado com o Instituto de Turismo de Portugal, que V. Ex.a tutela. Temos experimentado dificuldades em obter o cumprimento integral desse protocolo, mas espero que seja possível em tempo ultrapassar os problemas. Estamos como é sabido na iminência de concluir a programação da Capital Europeia da Cultura, e não seria agora susceptível de absorção qualquer alteração dos pressupostos orçamentais com que trabalhamos desde o inicio.
Temos visto nas entidades de turismo, Instituto de Turismo e Turismo Porto e Norte, sempre os parceiros de uma cooperação estratégica e esperamos que assim continue a ser.
Senhora Secretária de Estado,
Guimarães 2012 não se limitou a consolidar uma presença forte nas correntes de turismo cultural geradas em Portugal e oriundas do exterior. Guimarães 2012 estimulou de forma sensível um segmento do turismo cultural particularmente relevante no futuro, que é o turismo de participação nos processos criativos, o turismo, para usar o lema da CEC, do fazer parte.
Este segmento de turismo vê a cidade não apenas como um local de consumo, mas como um local de experiência pessoal e colectiva, de enriquecimento através da participação no processo de criação e apresentação. Este tipo de turista sente-se tão responsável pela qualidade de vida urbana como os residentes ou visitantes assíduos e próximos.
Na origem do sucesso deste tipo de turismo cultural está não apenas a qualidade da programação, mas a empatia da cidade, a forma como a cidade e os seus cidadãos transmitem os valores da convivência na diferença e da projecto colectivo assente no contributo autónomo individual.
Uma cidade que não despertasse o orgulho dos seus habitantes e não provocasse identificação com os que nela se acolhem não seria com certeza uma cidade que desse gosto visitar.
Foi esse valor que Guimarães 2012 trouxe para a primeira linha da sua projecção como cidade e foi esse valor que foi reconhecido pelos visitantes. Creio que todos temos a obrigação de proporcionar as condições para que a cidade possa prosseguir de forma realista esse caminho.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
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