Os relatos da rádio e as imagens da TV são impressionantes. Vi nos últimos anos alguns cenários de destruição causada pela chuva, pelo vento ou pelo mar, em território português, nomeadamente das regiões insulares, mas nada que se assemelhe ao que se passou no Sábado na Madeira. Para quem conhece bem a cidade do Funchal, deambulou pela sua baixa e calcorreou as suas ruas íngremes, o que se vê é absolutamente chocante. Percebe-se, aliás, que o que se mostra não pode deixar de ficar muito aquém da realidade. Não se mostra o horror a a impotência humana perante a torrente de água, lama, pedregulhos e árvores lançados em fúria contra as casas, rompendo as estruturas urbanas. Não se o mostra olhar atónito e confundido perante o confronto entre a memoria do que era e o amontoado actual de destroços. Não se mostra ainda o que ficou sepultado sob os diversos elementos que desabaram com fragor em cima das casas, das pessoas e das suas vidas.
A violência do acontecido pôs à prova não apenas a capacidade de decisão dos responsáveis políticos e operacionais, o seu talento e empenho pessoais. Pôs à prova também, neste caso específico, o modelo de funcionamento institucional da autonomia, que tão mal tratado (ou desbaratado) tem sido nos últimos anos e sobretudo após a (a meu ver desastrada) revisão constitucional de 2005. O sinal oriundo do Primeiro Ministro e do Governo foi muito positivo. E o Representante da República? Que papel lhe outorgam as partes envolvidas neste nexo de dois sentidos que é a solidariedade de República para com as suas autonomias?
domingo, 21 de fevereiro de 2010
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