"O instante é inabitável, como o futuro", escrevia Octavio Paz... Crise do lugar, tal como da ligação. Este "não lugar" está em vias de se transformar na questão essencial de uma Transição que sucede à inércia domiciliária das origens, com essa curiosa alteração do senso comum que faz do sedentário de hoje aquele que está em todo o lado em sua casa graças às teletecnologias do portátil e aos transportes de grande velocidade, e que faz do nómada de há pouco aquele que não está em lado nenhum em sua casa. Tudo como se a partir de agora a inversão tivesse chegado ao fim e, na ausência de uma paragem duradoura, tivéssemos tornado a circulação habitável e impróprias e funcionalmente inabitáveis as cidades, como quando o parqueamento se substitui aos nossos antigos espaços públicos.Perante uma tal situação de facto anacrónica imposta aos políticos de todos os tipos, o problema não é tanto o de uma estandartização dos produtos e comportamentos de uma era industrial esgotada, mas sobretudo o de um sincronização de sensações susceptíveis de influenciar subitamente as nossas decisões.
Paul Virilio, L'Université du Désastre. Paris, Editions Galilée, 2007. p. 15.
1 comentário:
O futuro não existe. Pelo menos por agora, por enquanto... Só o instante em que se está é, e nada mais... O instante não tem que ser habitável, apenas tem que ser e, sendo, é. Porque o passado já lá vai, já cá não está, a não ser interpostamente. Nunca se habita em lugar algum, só em si mesmo: ou se é, ou não se é! Quanto ao resto, ou seja, portáteis, teletecnologias, ou o que quer que seja, apenas ilusões, distracções do que de facto é (se é?), e que se nega, porque nos escapa, tal o espanto que o que é (se é?) pode causar!
- Isabel X -
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