quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Carménère

Foi a estrela da noite para acompanhar o bife à Wellington, em casa de Eduardo Aires. Uma magnífica surpresa, cor de rubi, com todos os aromas de uma casta antiga, quase fóssil, misteriosa pela alusão a especiarias e frutos vermelhos.
Em Julho de 2005, numa visita a Santiago, ouvi falar do Carménère a um produtor entusiasta e conhecedor. A história é extraordinária. Há pouco mais de década e meia um investigador de castas de videira descobriu  que, confundida, com a casta Merlot, nalgumas regiões do Chile, em especial o vale de Colchagua, subsistira uma casta que viajara de França para aquele país antes da destruição provocada pela filoxera.
A sobrevivência da Carménère, uma planta frágil, está hoje confinada ao Chile, que dela fez uma variedade da sua riquíssima gama de vinhos e a pretende classificar como património singular da humanidade.

1 comentário:

Cláudia S. Tomazi disse...

O que julgo ser um patrimômio singular da humanidade é esta benção que nos alimenta sem fronteiras. Pois vos quando correis da vista nas oliveiras portuguesas nem podeis supor que de seus frutos podem estar sendo apreciados em quantas mesas estrangeiras. Assim fora o mistério Carménère, cuja raiz de França é partilha do sabor e que milagrosa fora as vinhas que evoluem nos andes do Chile. Então, compreendemos que o mundo não nos é de todo estranho, quando significa um encontro através dos anseios que satisfazem os gostos pelo humilde gesto de quem cultiva a prosperidade.