domingo, 13 de maio de 2012

Registo


Não vou apresentar o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa porque não quero cometer dois pecados de uma só vez: o pecado de quem peca por defeito e o pecado de quem se põe em bicos de pés. 
Mas posso exprimir a minha admiração respeito e estima pela figura intelectual e politica que tem ininterruptamente estado na linha da frente da vida portuguesa desde os anos 70.
Olhando para trás, desta posição, aqui sim, equiparada à de Marcelo Rebelo de Sousa, visto que somos da mesma idade, não posso deixar de assinalar este facto singular. Desde a fundação do Expresso até hoje, ao longo destas mais de 4 décadas, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa interpretou, aconselhou, orientou, analisou, dirigiu, interveio na construção do Portugal Contemporâneo, como poucos. Há duas ou três figuras a quem reconhecemos tal persistência, continuidade, qualidade humana, empenho cívico, irreverência, coragem, determinação, inteligências (afectiva, critica).
Tive o privilégio de trabalhar com uma dessas figuras e nessa qualidade tive também a felicidade de encontrar o Professor Marcelo Rebelo de Sousa. Posso dizer isso, aqui que ninguém nos ouve,: esse foi o período mais exigente, que requereu de nós mais atenção, mais acção, mais criatividade e mais rapidez de reflexos e de decisão de que me lembro durante os tais 10 anos: refiro-me ao período em que o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa liderou o PSD e a oposição em Portugal, durante os primeiros tempos da presidência de Jorge Sampaio e do Primeiro Governo de António Guterres.
Mas eu conhecia Marcelo Rebelo de Sousa desde o nosso primeiro ano da Faculdade de Direito de Lisboa, em 1966/67. Ano em que eu, acabado de chegar a Lisboa, vindo, como então se dizia, da província, não parava de me surpreender com o que via e ouvia nos corredores e nas salas de aula da Faculdade onde hoje Marcelo é hoje Professor Catedrático. E, naturalmente, a desenvoltura e o brilhantismo do colega Marcelo foi uma das primeiras imagens que retive.
Não vou aqui contar episódios desse ano memorável nem dessa geração a que alguém com sentido de humor e algum sarcasmo chamou geração Yé Yé. Não quero fazer aquela figura do falso apresentador que em vez de introduzir o orador se exibe ele próprio.
Em 1996, em Belém, alguém um dia referiu ao Presidente que eu tinha sido colega do Professor Marcelo Rebelo de Sousa na Faculdade de Direito. Tanto bastou para que, interpretando apressadamente a informação, alguém exclamasse: Oh, é da Liga dos Professores.
Fiquei "o professor". Também. Até hoje.
Obrigado, caro Marcelo Rebelo de Sousa.



Sem comentários: