Há um conto de Hoffmann, um dos últimos, pouco lido e conhecido, em que o protagonista, um escritor paralítico, passa todo o tempo da narrativa sentado a uma janela de gaveto que dá para uma praça, iniciando o narrador, um primo que o visita, nos arcanos da arte do olhar.
João Barrento, "Lisboa-Berlim via Paris: transfigurações da cidade na poesia dos modernistas", In O Imaginário da Cidade. Compilação das comunicações apresentadas no Colóquio O Imaginário da Cidade realizado em Outubro de 1985.
quinta-feira, 10 de maio de 2012
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
A ideia de que uma incapacidade (de locomoção), pode significar o apuro dos sentidos (visão), e permitir a "arte do olhar" é uma ideia literariamente rica.
Aliás repare-se que quem a possui é escritor e só a possui porque a exerce: olhar e escrever, duas ações tão próximas.
É uma ideia que apela à atenção do que nos rodeia; à valorização da experiência inerente à nossa condição; à descoberta das potencialidades do presente; à exploração do que se oculta em cada ausência, em cada falta, em cada dor.
- Isabel X -
Lembei-me de outra coisa: a avaliação do significado do olhar (da centralidade da visão enquanto sentido) ganha nova dimensão se pensarmos nos verbos que em francês têm o mesmo étimo: "voir", "devoir", "pouvoir".
- Isabel X -
Enviar um comentário