Na Cidade Baixa, nos grandes centros, as cervejarias e cafés transbordam sempre de clientela. O ar sobreaquecido, denso de fumo e exalações, pode cortar-se à faca. Há música e alegria. Mas nos altos, em Uccle, em Ixelles, e lá para o Cinquantenaire, quando pára um autocarro nalgum pequeno square deserto, afogado em brumas, escassamente iluminado, os passageiros desaparecem, correndo como ratos, em todas as direcções. Vive-se, é isso mesmo, como sob um cerco. Até em casa se está inquieto. Fica-se até tarde pelos cafés, na conversa ou jogando e fazendo despesa, no temor de regressar...
A neblina flutua e ondula nos telhados, a neblina encobridora, propícia a monstros e vampiros. Sabe bem agora estar no quente, enterrado numa poltrona, com os pés arrimados ao fogão, de cachimbo nos dentes, no sossego do lar.
Antes de ir para a cama, toda a gente pergunta, como no tempo da Guerra dos Trinta Anos:
"Fecharam bem as portas e janelas? Está tudo trancado?"
José Rodrigues Migueis, Uma Aventura Inquietante. Aliança, Estúdios Cor, 1959.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Na Fnac, em Braga
Ontem, depois de jantar, um painel sobre cultura na Fnac de Braga. Organização da Betweien - Challenge and Success com Alberto Santos (Escritor e Presidente da C.M. de Penafiel), João Pedro Coimbra (Compositor e Músico dos Mesa), José Teixeira (CEO da empresa DST) e João Serra (Presidente da Fundação Cidade de Guimarães).
Com a crise em pano de fundo, novas ideias sobre como reiventar o papel da cultura nas sociedades urbanas dos nossos dias. Publico atento que nunca desmobilizou.
Com a crise em pano de fundo, novas ideias sobre como reiventar o papel da cultura nas sociedades urbanas dos nossos dias. Publico atento que nunca desmobilizou.
sábado, 25 de fevereiro de 2012
Registo
As minhas palavras justificam-se apenas porque hoje se abre aqui de alguma forma um espaço próprio da programação da Capital Europeia da Cultura, porventura um dos espaços mais significativos dos objectivos e princípios que presidiram à elaboração do programa artístico e cultural de Guimarães 2012: o Laboratório de Curadoria instalado na antiga Fábrica Asa
Compete-me por isso saudar todos os intervenientes no processo que conduziu a este dia, responsáveis e colaboradores da Fundação Cidade de Guimarães, administradores, directores, programador e curadores, técnicos de diferentes áreas; sem esquecer os promotores e proprietários da Fábrica ASA. A eles me referirei com mais atenção no próximo dia 10 de Março, quando outros espaços da Asa receberem as exposições de arquitectura e artes plásticas, em fase final de preparação. Agradeço o seu empenho e a forma paciente mas determinada, exigente mas compreensiva e imaginativa como tornaram possível chegar aqui.
Agradeço igualmente a todos os presentes, em especial aos participantes na conferencia colectiva comissariada por Pedro Gadanho. Obrigado Isabel Carlos.
Nas ultimas duas semanas tenho visitado regularmente esta nave central da Asa, que conheci há pouco mais de uma ano, quando a hipótese de ocupar a antiga ASA com programação da CEC não passava ainda de uma conversa entre mim e o Carlos Martins e Francisco Rocha Antunes. Passo a passo assisti a um processo construtivo, um processo construtivo que adopta a metodologia colaborativa a que fazemos apelo em toda a Capital Europeia da Cultura. Os meus amigos arqueólogos, com quem, por estranho que pareça, os historiadores tem mais dificuldade em estabelecer um recíproco entendimento, costumam dizer que o que perseguem é afinal o espírito do lugar. Relação invisível essa, mas onde se pressente um olho incrustado no tempo. A Asa, na sua dimensão esmagadora, conserva um espírito do lugar nas suas paredes hoje nuas e nos seus espaços despojados. Um novo espírito do lugar aqui percebemos hoje, com novos protagonistas. Mas talvez com a mesma ambição, dar continuidade ao esforço de construção humana no território.
João Serra
Agradeço igualmente a todos os presentes, em especial aos participantes na conferencia colectiva comissariada por Pedro Gadanho. Obrigado Isabel Carlos.
Isabel Carlos proferindo a sua conferencia no novo espaço Asa sobre a emergencia da performance nas correntes artísticas contemporâneas
Nas ultimas duas semanas tenho visitado regularmente esta nave central da Asa, que conheci há pouco mais de uma ano, quando a hipótese de ocupar a antiga ASA com programação da CEC não passava ainda de uma conversa entre mim e o Carlos Martins e Francisco Rocha Antunes. Passo a passo assisti a um processo construtivo, um processo construtivo que adopta a metodologia colaborativa a que fazemos apelo em toda a Capital Europeia da Cultura. Os meus amigos arqueólogos, com quem, por estranho que pareça, os historiadores tem mais dificuldade em estabelecer um recíproco entendimento, costumam dizer que o que perseguem é afinal o espírito do lugar. Relação invisível essa, mas onde se pressente um olho incrustado no tempo. A Asa, na sua dimensão esmagadora, conserva um espírito do lugar nas suas paredes hoje nuas e nos seus espaços despojados. Um novo espírito do lugar aqui percebemos hoje, com novos protagonistas. Mas talvez com a mesma ambição, dar continuidade ao esforço de construção humana no território.
João Serra
Sarilho
Longo dia que se inicia com um seminário sobre "Gestão em Tempo de Mudança". Notas:
Luis Amado: "Esta é a crise mais grave e mais perigosa que enfrentamos".
Ângelo Correia: Não temos cultura de planeamento. Não debatemos o que queremos e o que podemos querer.
Daniel Bessa: A crise portuguesa é mais profunda que as anteriores que conheci (1978 e 1984) por causa das dificuldades sentidas pelos mercados com os quais nos relacionamos.
Luis Amado: Assistimos a um processo de recomposição do poder no quadro global. O papel regulador já não cabe ao G7 ou ao G8, mas quando muito ao G20.
Ângelo Correia: Não dispomos de nenhuma orientação em termos produtivos.
Daniel Bessa: O endividamento das familias deve ter contribuído para crescimento do PIB, nos últimos 40 anos, com uma média anual de 1%.
Luis Amado: Não acredito numa solução federalista para a Europa. Mas não há solução para o Euro sem um processo federador. Estamos por isso num grande sarilho.
Daniel Bessa: A má notícia é que, se somarmos as dividas, o total da dívida portuguesa deve rondar os 140% do PIB (quando entrámos para o Euro, admitia-se que não deveria ultrapassar os 60%). A boa é que a próxima Segunda-Feira nos vai apanhar a tentar não falar muito disto, porque pode dar azar.
Luis Amado: "Esta é a crise mais grave e mais perigosa que enfrentamos".
Ângelo Correia: Não temos cultura de planeamento. Não debatemos o que queremos e o que podemos querer.
Daniel Bessa: A crise portuguesa é mais profunda que as anteriores que conheci (1978 e 1984) por causa das dificuldades sentidas pelos mercados com os quais nos relacionamos.
Luis Amado: Assistimos a um processo de recomposição do poder no quadro global. O papel regulador já não cabe ao G7 ou ao G8, mas quando muito ao G20.
Ângelo Correia: Não dispomos de nenhuma orientação em termos produtivos.
Daniel Bessa: O endividamento das familias deve ter contribuído para crescimento do PIB, nos últimos 40 anos, com uma média anual de 1%.
Luis Amado: Não acredito numa solução federalista para a Europa. Mas não há solução para o Euro sem um processo federador. Estamos por isso num grande sarilho.
Daniel Bessa: A má notícia é que, se somarmos as dividas, o total da dívida portuguesa deve rondar os 140% do PIB (quando entrámos para o Euro, admitia-se que não deveria ultrapassar os 60%). A boa é que a próxima Segunda-Feira nos vai apanhar a tentar não falar muito disto, porque pode dar azar.
"Ja estarei morta quando ler esta carta"
Ontem, na Casa de Camilo, em Famalicão, a escolha de João Lopes: Carta de uma desconhecida, de Max Oph üls. Uma obra prima sobre o efeito devastador da obsessão que dispensa a relação amorosa. A história de Lisa só aparentemente é uma historia de amor. É de poder que aqui se trata, de dominação.
A carta de Lisa, o olhar de Lisa, as opções de Lisa invadem todo o espaço cinematográfico, como o desejo de Lisa invade o espaço de Stefan e manipula a história.
Barcos no mar
Mesmo a mais friável
das palavras
tem raízes no sol -
ou a manhã
barcos no mar.
Eugénio de Andrade, Jorge de Barros, O Comum da Terra. Porto, Asa, 1992.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
domingo, 19 de fevereiro de 2012
"A construir é que a gente se entende"
Inopinadamente, no Centro Histórico de Guimarães surgiram umas tábuas de pinho com frases pintadas a spray referindo um projecto, "Construir junto, e uma espaço, "ASA".
Depois, um pequeno cartaz veio anunciar que o tal projecto seria apresentado na Associação Convívio, às 23 horas.
Com a restante equipa de administradores, rumámos à antiga fábrica ASA (uma empresa têxtil do grupo Lameirinho, hoje desactivada) para observar os trabalhos do Laboratório de Curadoria, programado pela área de Arte e Arquitectura, em fase de instalação. O grupo Exyzt dirige a construção de um grande edifício em madeira, criado de raiz em madeira de pinho, na nave central da fábrica. Cerca de 4 dezenas de jovens estudantes de arquitectura e artes plásticas colaboram nos trabalhos. Paralelamente desenvolveram o projecto do desenho de cadeiras e um projecto de comunicação com as sobras das tábuas de pinho.
Depois, um pequeno cartaz veio anunciar que o tal projecto seria apresentado na Associação Convívio, às 23 horas.
Com a restante equipa de administradores, rumámos à antiga fábrica ASA (uma empresa têxtil do grupo Lameirinho, hoje desactivada) para observar os trabalhos do Laboratório de Curadoria, programado pela área de Arte e Arquitectura, em fase de instalação. O grupo Exyzt dirige a construção de um grande edifício em madeira, criado de raiz em madeira de pinho, na nave central da fábrica. Cerca de 4 dezenas de jovens estudantes de arquitectura e artes plásticas colaboram nos trabalhos. Paralelamente desenvolveram o projecto do desenho de cadeiras e um projecto de comunicação com as sobras das tábuas de pinho.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
"Corrector"
Não consigo (ainda?) escrever segundo a nova ortografia. Não se trata nem de preguiça, nem de protesto. O Ministério da Cultura forneceu-me um programa que passa pelo texto e num ápice me alinha com as novas regras. O expediente retira-me o argumento da dificuldade externa. Sinceramente, também não me sinto atraído pelos argumentos mais tonitroantes dos adversários do acordo, tanto os de natureza política como os de natureza cultural.
Pergunto-me então porque experimento esta resistência à nova ortografia. Aprendi a escrever de uma certa maneira e essa aprendizagem produziu mais do que um instrumento, uma cultura, mais do que um dispositivo, uma configuração estrutural. Aquelas consoantes que não se pronunciam integram o modo como observo e penso, porque o modo como vejo o que me rodeia não é independente do modo como o descrevo. Designar é designar num universo constituído por uma escrita com determinadas normas e não consigo de facto ser indiferente à grafia fato e facto.
Pergunto-me então porque experimento esta resistência à nova ortografia. Aprendi a escrever de uma certa maneira e essa aprendizagem produziu mais do que um instrumento, uma cultura, mais do que um dispositivo, uma configuração estrutural. Aquelas consoantes que não se pronunciam integram o modo como observo e penso, porque o modo como vejo o que me rodeia não é independente do modo como o descrevo. Designar é designar num universo constituído por uma escrita com determinadas normas e não consigo de facto ser indiferente à grafia fato e facto.
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Passeios de Jean-Jacques Rousseau: "No que a minha imaginação agora produz há mais reminiscência que criação".
Tendo, portanto, elaborado o projecto de descrever o estado habitual da minha alma na mais estranha situação em que possa alguma vez encontrar-se um mortal, não descobri maneira mais simples e mais segura de realizar esse trabalho do que efectuar um registo fiel dos meus passeios solitários e das reflexões que os preenchem quando dou inteira liberdade aos meus pensamentos e permito que as minhas ideias sigam o seu pendor sem resistência nem embaraços. Essas horas de solidão e meditação são as únicas do dia em que sou plenamente eu mesmo, e em que posso dizer que sou verdadeiramente aquilo que a natureza desejou.
Cedo verifiquei que tinha demorado de mais a pôr em prática esse projecto. A minha imaginação, agora menos viva, já se não inflama como outrora ao contemplar o objecto que a anima, e o delírio de sonhar embriaga-me menos; no que ela agora produz há mais reminiscência do que criação, um morno langor enfraquece todas as minhas faculdades, a vontade de viver vai-se apagando em mim; a minha alma só a custo sai do invólucro decrépito e, sem esperança de atingir o estado a que aspiro porque sinto ter direito a ele, passaria a não existir senão pelas recordações. Assim para me contemplar a mim próprio antes do meu declínio, tenho de voltar atrás pelo menos alguns anos, ao tempo em que, tendo perdido toda a esperança e já não encontrando na terra alimento para o meu coração, me acostumava, pouco a pouco, a alimentá-lo com a sua própria substância e a procurar em mim todo o seu sustento.
Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário. Lisboa, Livros Cotovia, 1989, p. 17-18.
Cedo verifiquei que tinha demorado de mais a pôr em prática esse projecto. A minha imaginação, agora menos viva, já se não inflama como outrora ao contemplar o objecto que a anima, e o delírio de sonhar embriaga-me menos; no que ela agora produz há mais reminiscência do que criação, um morno langor enfraquece todas as minhas faculdades, a vontade de viver vai-se apagando em mim; a minha alma só a custo sai do invólucro decrépito e, sem esperança de atingir o estado a que aspiro porque sinto ter direito a ele, passaria a não existir senão pelas recordações. Assim para me contemplar a mim próprio antes do meu declínio, tenho de voltar atrás pelo menos alguns anos, ao tempo em que, tendo perdido toda a esperança e já não encontrando na terra alimento para o meu coração, me acostumava, pouco a pouco, a alimentá-lo com a sua própria substância e a procurar em mim todo o seu sustento.
Jean-Jacques Rousseau, Os Devaneios do Caminhante Solitário. Lisboa, Livros Cotovia, 1989, p. 17-18.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
O crescimento de uma orquestra
Primeiro ensaio da Fundação Orquestra Estudio com o maestro Francesco La Vecchia.
Entre a assistência, Norbert Lammert, Presidente do Parlamento Alemão.
Entre a assistência, Norbert Lammert, Presidente do Parlamento Alemão.
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
Inov-art
Seminário de encerramento da 3ª edição do programa Inov-Art patrocinado pela Direcção Geral das Artes, no Centro Cultural São Mamede, no sábado. em Guimarães.
Foi-me grato participar nesta edição na qualidade de perito. Permitiu-me o contacto directo com a orgânica e intervenientes num programa altamente meritório: proporcionar cerca de 150 estágios internacionais a jovens portugueses entre os 20 e os 30 anos, em diversas áreas da produção artística e cultural.
Coube-me a avaliação da área de Património Cultural, que abrangeu cinco bolseiras, cujos estágios decorreram no Brasil, em Inglaterra, na Holanda, na Alemanha e nos Estados Unidos. Não tenho qualquer dúvida de que esta iniciativa se repercute de forma muito enriquecedora nos curricula dos jovens profissionais e na sua experiência de vida. Acredito, por outro lado, que ao abrir o mercado global a jovens portugueses qualificados, também se reforça a internacionalização da arte e da cultura portuguesas e que, por essa via, o retorno que o país sempre obterá só reforça a oportunidade da iniciativa. Finalmente, foi para mim particularmente grato registar as avaliações altamente positivas dos coordenadores locais dos estágios que em todos eles sublinham não só a competência e capacidade de trabalho dos bolseiros, como a sua disponibilidade para frequentar seminários e desempenhar tarefas para lá do plano de estágio. Nesse aspecto somos tendencialmente mais “curiosos” e “criativos”.
Foi-me grato participar nesta edição na qualidade de perito. Permitiu-me o contacto directo com a orgânica e intervenientes num programa altamente meritório: proporcionar cerca de 150 estágios internacionais a jovens portugueses entre os 20 e os 30 anos, em diversas áreas da produção artística e cultural.
Coube-me a avaliação da área de Património Cultural, que abrangeu cinco bolseiras, cujos estágios decorreram no Brasil, em Inglaterra, na Holanda, na Alemanha e nos Estados Unidos. Não tenho qualquer dúvida de que esta iniciativa se repercute de forma muito enriquecedora nos curricula dos jovens profissionais e na sua experiência de vida. Acredito, por outro lado, que ao abrir o mercado global a jovens portugueses qualificados, também se reforça a internacionalização da arte e da cultura portuguesas e que, por essa via, o retorno que o país sempre obterá só reforça a oportunidade da iniciativa. Finalmente, foi para mim particularmente grato registar as avaliações altamente positivas dos coordenadores locais dos estágios que em todos eles sublinham não só a competência e capacidade de trabalho dos bolseiros, como a sua disponibilidade para frequentar seminários e desempenhar tarefas para lá do plano de estágio. Nesse aspecto somos tendencialmente mais “curiosos” e “criativos”.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
Registo
Nota sobre impactes da semana de abertura da Capital Europeia da Cultura
Os dados disponíveis mostram que a primeira semana da Capital Europeia da Cultura preencheu os principais espaços de apresentação, exibição e criação artística e cultural vimaranenses, incluiu alguns novos já resultantes do investimento de Guimarães 2012 e “invadiu” o espaço público e “contaminou” espaços semi-públicos e até privados numa dinâmica que envolveu toda a cidade. Uma parte muito significativa do tecido associativo e institucional de Guimarães foi igualmente chamado a intervir num programa que atraiu as atenções da região, de Portugal e de outros países, designadamente europeus.
A estratégia comunicacional lançada pela CEC em Novembro de 2011 obteve êxito. Assente no lema “Tu fazes parte”, e baseada num fio discursivo de comunicação ancorado na cidade, logrou a atenção dos media nacionais e internacionais, que a 21 de Janeiro quiseram estar perto da festa europeia de uma pequena cidade orgulhosa do seu património e consciente do seu papel como nó de uma rede cultural europeia.
Com serenidade e perseverança, os responsáveis da CEC souberam inspirar um clima positivo, uma expectativa confiante e um ambiente convidativo à surpresa. A resposta dos vimaranenses e dos visitantes superou o que os mais optimistas podiam esperar. E teve um efeito multiplicador, criando em torno de Guimarães e da Capital Europeia da Cultura um consenso muito amplo e um generalizado reconhecimento.
Público, 11 Fevereiro 2012
Como se pode perceber pelos dados disponíveis, este impacte não resultou de um acaso nem de uma predisposição momentânea. Foi construído com muito trabalho e o cumprimento escrupuloso de propósitos há muito enunciados e em boa hora recuperados. Resultou de uma presença em força de criadores implicados na cidade, um dialogo vivo com as instituições e organizações da sociedade e da cultura, uma aposta em nova criação e na clareza da missão e dos objectivos, bem como na diversidade de projectos e de audiências. Sem abandonar padrões de exigência elevados, os eventos da primeira semana captaram públicos de múltiplas características e receberam casa cheia.Uma palavra ainda a este propósito. A tendência para os espectáculos programados para a Capital Europeia da Cultura esgotarem, a manter-se, é um indicador muito relevante. E não é só a tradução de uma política de bilheteira ajustada e criteriosa (muito menos, como pode haver quem pretenda, o efeito de uma politica de convites permissiva), mas o reforço de uma disposição anterior que faz de Guimarães um pólo regional de públicos atraídos pela arte e pela cultura urbanas.
Não dispomos neste momento de dados que reflictam com segurança índices económicos. Mas as declarações dos responsáveis dos diversos sectores, desde o comércio tradicional ao turismo, revelam uma perspectiva muito positiva.
O Presidente da ACIG classificou de extraordinário o impacto do dia da abertura e de muito bom o que se lhe seguiu. Este impacto foi obviamente mais sentido na restauração mas contaminou todos os sectores, com forte incidência no comércio de têxtil, vestuário e calçado Há um aumento de pessoas a visitarem e efectivamente comprarem no centro histórico sentido em cafés, pastelarias, lojas e até nos supermercados locais. Constata, em suma que a cidade atraiu mais visitantes e mais turistas internacionais.
Deste ponto de vista, as recomendações dos principais guias internacionais reforçam a tendência do ano anterior: Guimarães é o destino europeu mais recomendado para 2012.
Guimarães, 6 de Fevereiro de 2012
João Serra
sábado, 11 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
Maribor
A Eslovénia celebra o dia nacional da cultura!
Convite da Embaixadora, Bernarda Gradišnik, para uma recepção no Palácio Foz, antecedida de reunião de directores de Guimarães e Maribor, e audiência na embaixada.
Só mesmo a Europa nos podia sentar à mesa e pôr a falar, diriam alguns.
Mas antes disso, já tinha havido Zahovic, esse jogador temperamental que nasceu em Maribor, na antiga Jugoslávia, e alinhou em Portugal pelo Benfica, pelo Porto e pelo Vitória de Guimarães.
Convite da Embaixadora, Bernarda Gradišnik, para uma recepção no Palácio Foz, antecedida de reunião de directores de Guimarães e Maribor, e audiência na embaixada.
Só mesmo a Europa nos podia sentar à mesa e pôr a falar, diriam alguns.
Mas antes disso, já tinha havido Zahovic, esse jogador temperamental que nasceu em Maribor, na antiga Jugoslávia, e alinhou em Portugal pelo Benfica, pelo Porto e pelo Vitória de Guimarães.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
À janela de Virgílio Ferreira
A rapariga estava sentada a uma mesa numa esplanada sobre o mar. Vestia de branco e era loura mas estava muito queimada do sol. Ao lado da mesa estava montado um guarda sol giratório de pano azul que criado veio regular para acertar bem a sombra. O criado não perguntou nada e a rapariga pediu um refresco. Era a meio da tarde e o sol batia em cheio no mar, que se espelhava aqui e além em placas rebrilhantes. O céu estava muito azul e o ar muito límpido, mas no limite do mar havia uma leve neblina e os barcos que aí passavam tinham os traços imprecisos como se fossem feitos também de névoa. Na praia que ficava em baixo não havia quase ninguém e o mar batia em pequenas ondas na areia. A espuma era muito branca, iluminada do sol, e o ruído do mar era quase contínuo e espalhado por toda a extensão das águas.
Virgílio Ferreira, Uma Esplanada Sobre o Mar. Lisboa, Difel, s.d.
Virgílio Ferreira, Uma Esplanada Sobre o Mar. Lisboa, Difel, s.d.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Voltar aos Patudos. Pedro Passos Canavarro
Um dia de intervalo na sucessão trepidante de Guimarães, para voltar aos Patudos, onde decorre a 3ª Jornada de Trabalho sobre Casas-Museu dedicada ao tema da programação museológica. Oportunidade para rever amigos, ouvir falar dos museus e do amor ao património e testemunhar o esforço, a dedicação e o saber postos em movimento na região para defender e valorizar a memória e o legado dos protagonistas extraordinários que ali nasceram ou foram acolhidos.
O Ribatejo pode ser evocado como o laboratório social do Portugal Contemporâneo. Emergiu no século XIX como primeira área do capitalismo agrário português, terra das novas elites politicas liberais e mais tarde republicanas, de Passos Manuel a Brancamp Freire, de Herculano a José Relvas, por onde passa o romantismo e o naturalismo, de Almeida Garrett a Carlos Relvas.
Foi dessa paisagem habitada pela fundação do nosso tempo que nos falou, a fechar o dia, Pedro Passos Canavarro.
Com a fina ironia de homem do mundo, a terna humildade de herdeiro de um grande património simbólico, historiador e pedagogo, gestor e intelectual, Canavarro fez-nos cúmplices do seu sonho de partilhar a casa de família e as suas memórias com os públicos dos museus. A sua narrativa desdobra-se em vários planos: o pessoal, do homem que projectou o conhecimento da história e da cultura portuguesas na Europa e no Oriente, o do patrimonialista legatário da casa de Passos Manuel, do militante de causas cidadãs que quer ver a democracia revigorada pela cultura, em que acredita.
Site da Casa-Museu Passos Canavarro aqui.
Obrigado, Pedro Canavarro, meu antigo professor na Faculdade de Letras de Lisboa.
[Fotos de Nicolau Borges]
Com a fina ironia de homem do mundo, a terna humildade de herdeiro de um grande património simbólico, historiador e pedagogo, gestor e intelectual, Canavarro fez-nos cúmplices do seu sonho de partilhar a casa de família e as suas memórias com os públicos dos museus. A sua narrativa desdobra-se em vários planos: o pessoal, do homem que projectou o conhecimento da história e da cultura portuguesas na Europa e no Oriente, o do patrimonialista legatário da casa de Passos Manuel, do militante de causas cidadãs que quer ver a democracia revigorada pela cultura, em que acredita.
Site da Casa-Museu Passos Canavarro aqui.
Obrigado, Pedro Canavarro, meu antigo professor na Faculdade de Letras de Lisboa.
[Fotos de Nicolau Borges]
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
domingo, 5 de fevereiro de 2012
sábado, 4 de fevereiro de 2012
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Depois da 107, a Portugal
Texto de Maria do Rosário Pedreira, no blogue Horas Extraordinárias.
Registo de depoimento sobre a 107, aqui.
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