Fui-me despedir do Diogo Vasconcelos, à Igreja da Lapa. Houve quem pusesse nas paredes dois ou três painéis com recordações do familiar e amigo. A frase com que encimou o seu blogue lá estava, de fronte da urna: “we are what we share!”.
O Diogo acreditava neste lema. Praticava-o. Nós somos o que partilhamos.
Há menos de um ano, veio até Guimarães. Trazia um livro para me oferecer – uma biografia de Engels! – e uma imensidão de ideias para o futuro. Jantamos um peixe ao sal, no Parque da Cidade. Passamos em revista um módico de politica e um módico de economia. A conversa entre nós sempre correu cristalina e fluida.
Conheci-o em 1996, no Porto, era então dirigente da Associação de Jovens Empresários, mas foi enquanto impulsionador e responsável pela UMIC (Unidade de Missão para a Inovação e Conhecimento) no Governo Durão Barroso que melhor o conheci. Acompanhei de perto a formação da equipa e a instalação da UMIC e bem assim a definição das linhas de acção. Organizei, a benefício do PR, encontros em Belém para informação sobre os projectos em curso e os resultados esperados. Uma sólida confiança mútua se estabeleceu entre nós. Sempre que, aos fins de semana, descobríamos que ambos poderíamos estar pelo Porto, marcávamos encontro a meio da manhã, na Praia da Luz, com passagem por sua casa, ali bem perto.
Diogo Vasconcelos tinha intimidade com as novas tecnologias mas recusava-se a reduzir a inovação à inovação tecnológica. A inovação ou é social ou não é, repetiu-me naquele jantar a que fiz referencia no Verão do ano passado. As novas tecnologias e a internet não eram o caminho para a democracia directa, mas um instrumento para um governo mais responsável e aberto e uma democracia representativa mais participada e cidadã.
sábado, 16 de julho de 2011
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1 comentário:
É esmagador saber de uma morte assim. Morte traiçoeira que nos deixa perplexos e nos emudece perante a gravidade de ter acontecido.
- Isabel X -
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