sábado, 28 de janeiro de 2012
À janela de João Miguel Fernandes Jorge: "Trago-te ao espaço da janela"
Trago-te ao espaço da janela.
De novo surgiram deste lado da rua.
Em voz baixa disse «uma alucinação». A
única resposta foi entrar em casa
subir ao quarto mudar de roupa
ser jovem com quem soube bem ser jovem
sábio com quem quiseste ser sábio
velho com os velhos.
Trago-te para perto da janela
o rio vê-se daqui.
A cor da terra circula.
«Talvez seja a morte» «não»
«se for a morte o coração baterá mais ou menos forte».
O corpo
não tem grande lugar.
João Miguel Fernandes Jorge,Obra Poética, 3.º Volume. Meridional. Vinte e Nove Poemas. Lisboa, Editorial Presença, 1988.
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