Gonçalo Byrne:
O que mais se nota quando voas sobre uma cidade são os vazios, as ruas, as tramas... São os sitemas dos espaços entre os objectos que constróem as tais paisagens ligadas ao tempo. Essas paisagens sedimentadas permitem o reconhecimento da cidade: o que é mais e o que é menos antigo. O tempo acaba por ficar impresso.
Álvaro Siza:
O tempo também selecciona... Noto bastante a ansiedade em relação à definição de novos ambientes. A ideia de que as cidades modernas são feias. É uma ideia geral, não é?
Brasília, por exemplo, foi sujeita às críticas mais ferozes pelas mais variadas razões. Passa-se por essa fase porque uma cidade, para se consolidar e ganhar vida própria, precisa de tempo. Recordo-me de ver uma gravura antiga da fundação de Buenos Aires e era um desconsolo... Uma cidade nova horrível que se transformou com o tempo numa cidade maravilhosa, perfeita na sua relação ao longo de um enorme território.
Uma coisa acabada de fazer é sempre uma coisa a que falta muito; a que falta o tempo, as sobreposições, as intervenções.
Gonçalo Byrne, Geografias Vivas. VI Bienal Internacional de Arquitectura de S. Paulo. Lisboa, Ordem dos Arquitectos, 2006. p. 78.
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