João Ricardo Oliveira explica a sua instalação "Vi ela sentada".
domingo, 29 de julho de 2012
sábado, 28 de julho de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
domingo, 22 de julho de 2012
Vasco Pulido Valente e Guimarães 2012
Sou um leitor regular de Vasco Pulido Valente. Tenho acompanhado as suas deambulações jornalísticas e possuo todas as recolhas em livro das suas crónicas. Não sou daqueles que apenas admira a qualidade literária dos seus textos, onde se recupera tanto a ironia de Eça como a verrina de Camilo ou a polémica de Raul Proença. Não há crónica em que não some ao prazer da leitura o encontro com uma ideia sedutora e uma observação pertinente.
A crónica de Vasco da passada sexta-feira é dedicada ao que denomina “Politica de Eventos”, um tema no qual caberiam em pé de igualdade os Jogos Olímpicos, de Londres (2012) e de Atenas (2004), e a Expo 98 realizada em Lisboa, esta alvo de um balanço particularmente critico.
Não discuto nem esse balanço da Expo 98, nem sequer a comparabilidade da escala dos referidos “eventos” – jogos olímpicos e exposição universal – pois, como e sabido, há diferentes formas de avaliar os impactos económicos e sociais dos investimentos este tipo e, por outro lado, as cidades europeias modernas sempre recorreram a operações em que aliam actividades culturais e desportivas a intervenções urbanísticas. Londres, Paris, Atenas, Lisboa, Turim, Milão, Florença, Berlim, Munique, Amesterdão, Porto, Manchester, Madrid, Barcelona são algumas das que, em distintos momentos da respectiva história, desde a segunda metade do século XIX até hoje, foram palco de grandes Feiras, Exposições, Jogos, Festivais, nos quais procuraram elevar a sua capacidade de atracção de visitantes, a sua projecção económica e politica, a sua notoriedade, em suma.
O texto de Vasco Pulido Valente termina com uma inesperada referencia a Guimarães, cuja Capital da Cultura, nós (os portugueses, claro) nos estaríamos, aliás nos continuaríamos a mostrar, muito orgulhosos. Inesperada porque não suporia que para o autor, Guimarães pudesse situar-se no mesmo patamar de Lisboa 98, Atenas 2004 e Londres 2012. E de facto não situa, nem pelo orçamento nem pela ambição. Eu tenderia a pôr Guimarães 2012 no nível de Lisboa 94 e Porto 2001, já que não posso pedir a um cronista que há décadas comenta o dia a dia da politica portuguesa que conheça o evento “Capitais Europeias da Cultura” e se documente sobre Weimar 1999, Avignon , Bergen, Bolonha, Bruxelas, Helsínquia, Cracóvia, Reykjavik, Praga, Santiago de Compostela 2000, Roterdão 2001, Bruges, Salamanca 2002, Graz 2003, Génova Lille 2004, Cork 2005, Patras 2006, Luxemburgo, Sibiu 2007, Liverpool Stavanger 2008, Linz, Vilnius 2009, Essen, Pécs, Istambul 2010, Turku, Tallinn 2011, para só falar das mais recentes.
Dir-se-ia que a quantidade e qualidade de menções da imprensa portuguesa e internacional a Guimarães 2012 induziu Vasco, leitor assíduo de imprensa, a consagrar uma espécie de sobredimensionamento do “evento”. Mas realmente não se pode equiparar nem no investimento urbanístico nem na mobilização de conteúdos Guimarães a Londres ou Atenas.
Finalmente, Vasco Pulido Valente também se equivoca quando aplica a mesma categoria, “politica de eventos” a Guimarães 2012. Esse é porventura o erro mais grave. Nada em Guimarães aponta nesse sentido. O que se trata é de politica de cidade e de politica cultural, de política pública, portanto. Podemos discutir as opções tomadas, mas elas foram todas orientadas não pela lógica do evento mas pela lógica da valorização do território e das pessoas. É por isso que Guimarães tem merecido visita e aplauso, escrutínio e nota positiva. Mas para isso é preciso vir à cidade, sem preconceito, e aí tentar perceber.
Não posso, assim, concluir esta nota sem um convite ao Vasco, para que nos visite e questione, a partir do que observar e dos critérios que verificar no local. Venha daí. Guimarães não é assim tão longe...
sábado, 21 de julho de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
À janela de Fernando Pessoa (Bernardo Soares)
CARTA
Assim soubesses tu compreender o teu dever de seres somente o sonho de um sonhador. Seres apenas o turíbulo da catedral dos devaneios. Talhares os teus gestos como sonho, para que fossem apenas janelas abertas para paisagens nuas da tua alma. De tal modo arquitectar o teu corpo em arremedos de sonho que não fora possível ver-te sem pensar noutra coisa, que lembrasses tudo menos tu própria, que ver-te fosse ver música a atravessar, sonâmbula, grandes paisagens de lagos mortos, vagas florestas silenciosas perdidas ao fundo doutras épocas, onde invisíveis pares diversos vivem sentimentos que não temos.
Eu não te quereria para nada senão para te não ter. Queria que, sonhando eu e se tu aparecesses, eu pudesse imaginar-me ainda sonhando — nem te vendo talvez, mas talvez reparando que o luar enchera de (...) os lagos mortos e que ecos de canções ondeavam subitamente na grande floresta inexplícita, perdida em épocas impossíveis.
A visão de ti seria o leito onde a minha alma adormecesse, criança doente, para sonhar outra vez com outro céu. Falares? Sim, mas que ouvir-te fosse não te ouvir mas ver grandes pontes ao luar ligar as duas margens escuras do rio que vai ter ao mesmo mar onde as caravelas são nossas para sempre.
Sorris? Eu não sabia disso, mas nos meus céus interiores andavam as estrelas. Chamas-me dormindo. Eu não reparava nisso mas no barco longínquo cuja vela de sonho ia sob o luar, vejo longínquas marinhas.
Livro do Desassossego. Vol. I. Fernando Pessoa. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990. P - 157.
Assim soubesses tu compreender o teu dever de seres somente o sonho de um sonhador. Seres apenas o turíbulo da catedral dos devaneios. Talhares os teus gestos como sonho, para que fossem apenas janelas abertas para paisagens nuas da tua alma. De tal modo arquitectar o teu corpo em arremedos de sonho que não fora possível ver-te sem pensar noutra coisa, que lembrasses tudo menos tu própria, que ver-te fosse ver música a atravessar, sonâmbula, grandes paisagens de lagos mortos, vagas florestas silenciosas perdidas ao fundo doutras épocas, onde invisíveis pares diversos vivem sentimentos que não temos.
Eu não te quereria para nada senão para te não ter. Queria que, sonhando eu e se tu aparecesses, eu pudesse imaginar-me ainda sonhando — nem te vendo talvez, mas talvez reparando que o luar enchera de (...) os lagos mortos e que ecos de canções ondeavam subitamente na grande floresta inexplícita, perdida em épocas impossíveis.
A visão de ti seria o leito onde a minha alma adormecesse, criança doente, para sonhar outra vez com outro céu. Falares? Sim, mas que ouvir-te fosse não te ouvir mas ver grandes pontes ao luar ligar as duas margens escuras do rio que vai ter ao mesmo mar onde as caravelas são nossas para sempre.
Sorris? Eu não sabia disso, mas nos meus céus interiores andavam as estrelas. Chamas-me dormindo. Eu não reparava nisso mas no barco longínquo cuja vela de sonho ia sob o luar, vejo longínquas marinhas.
Livro do Desassossego. Vol. I. Fernando Pessoa. (Organização e fixação de inéditos de Teresa Sobral Cunha.) Coimbra: Presença, 1990. P - 157.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
quarta-feira, 11 de julho de 2012
Open Days
Intervenção no Pequeno Auditório do Centro Cultural Vila Flor. 2º Jornada dos Open Days dedicados à cooperação transfronteiriça Norte de Portugal/Galiza. Tema geral: economia criativa.
sábado, 7 de julho de 2012
Arraial
À esquerda, Mafalda Saloio, das Caldas para Guimarães (Donim)
Um trabalho de elevadíssima qualidade de Madalena Victorino e André Braga
quinta-feira, 5 de julho de 2012
As artes e a crise internacional
Hoje de manhã na Fundação Gulbenkian, num seminário organizado por António Barreto Xavier: duas experiências de gestão cultural em tempo de crise em confronto - Guimarães e Sintra. Contributos distintos (mas não descoincidentes), meu e de António Lamas, para perceber o que vai ser necessário fazer para valorizar e gerir em rede os equipamentos culturais, museológicos e patrimoniais disponíveis.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
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